333-O CAÇADOR DE MACACOS-Antropofagismo

— Tou vendendo minha tropa. — Entre o baralhar e a distribuição das cartas, Neco Taborda dá a notícia aos amigos reunidos ao redor da mesa de truco.

— Endoidou, cumpadre? — Estranha Damião Buzão.

— Tou no meu juízo, cumpadre. Vou me estabelecer. Alguém quer comprar?

— Quantas mulas? — Indaga Jovino Calaço.

— 122 mulas e burros, 18 jumentos, 11 cavalos e 7 éguas. E toda a tralha.

— É coisa demais. Vai ser difícil. — Argumenta o quarto jogador, Lilico Peão.

A notícia dada, o jogo continuou e a tarde virou noite, na pequena cidade de São Roque da Serra.

— Tou comprando uma fazenda. — Falou Neco Taborda na roda de truco, algumas semanas depois.

— Aqui por perto tá difícil — Lilico via tudo com dificuldade.

— Tenho uma em vista.

— Adonde? — indaga Damião.

— Lá pras bandas do Morro Vermelho. A fazenda do Julião Garcia .

— Xííííí, cumpadre! Aquilo lá é o fim do mundo. As pior terras da região. — Jovino acrescenta.

— Vou lá na semana que vem, visitar o Julião . Já mandei recado.

— Logo o Julião Garcia . O homem é muito esquisito. Quase nunca vem na cidade. Vive lá nas profundas só com a mulher. Parece que nem empregado tem.

Montado no Zargo (assim chamado porque tinha um olho branco e o outro escuro) seu melhor cavalo, Neco Taborda partiu para a Fazenda da Mata do Chapadão. Ia apetrechado com o necessário para passar a semana fora: uma muda de roupa limpa, navalha, pente e sabão. A capa gaúcha, para cavalgar debaixo de chuva. E um corte de seda, que a mulher mandava para dona Josefa, esposa de Julião . Por uma coincidência, ambas haviam sido amigas na juventude, freqüentaram a congregação das Filhas de Maria na paróquia de São Roque.

Tendo saído de manhãzinha, entre o cantar dos galos e o primeiro albor da manhã, Neco Taborda instigava a montaria.

— Vamo, vamo, Zargo. Já tou vendo que vamo ter tempo ruim pela frente. Eia, Zargo!

Tomou a estrada de carro-de-bois, passando pela Lagoa da Prata, subindo pelo encosta da Serra do Indaiá e chegando até um pequeno planalto, local conhecido por Pataca-e-Meia. Ia observando as terras ao derredor.

— Tudo terra ruim. Só tem barba-de-bode. — Dizia para sim mesmo, como que espantando a solidão.

No Pataca-e-Meia, parou na venda do Coriandro.

— Vai pra fazenda do Julião ? — indagou vendeiro, depois dos cumprimentos formais.

— É, vou sim. Parece que o homem tá querendo vendê.

— Ara, toda a vida ele falou em vendê a fazenda. Mas aquilo é terra ruim. Só tem de bão a mata. Ele vive de tirar lenha. Na hora em que acabar a mata, vira tudo carrascal.

— É...tou vendo que as terras por aqui é tudo ruim. Já viajei por mundos-e-fundos, era tropeiro, juro que nunca vi região tão ruim, tão desolada.

— Cuidado com o Julião . O homem é muito sistemático. Falam umas coisa dele, por aí...

— Cumo é?

— Sei lá, num vou repetir não, acho que é só invenção de quem num gosta dele. Mas, tenha cuidado. Sei que ele é doido pruma caçada. O senhor gosta de caçar?

Sem responder, Neco Taborda monta o Zargo e parte.

A propriedade é distante, pouco conhecida, fora dos caminhos conhecidos. Toda a Serra do Chapadão é coberta por mataria intensa, de madeira de lei — peroba, pau d’alho, jacarandá — árvores centenárias que sobressaem do arvoredo mais baixo. Pouco explorada, a vasta mataria cerrada ainda tem muito bicho selvagem e o braço do Rio das Pacas tem peixe em abundância.

— Cuidado com as cobras e as onças. — Foi o último conselho de Coriandro.

A estrada sobe pela serra, entre o arvoredo, estreitando-se nos socavões feitos por muito uso e pelas enxurradas. A mataria é sombria e estranhamente silenciosa.

— Eia, Zargo, vamo! Eta que caminho mais difícil. — O cavalo obedece, arfando.

Enfim, bem de tardezinha, Neco Taborda chega à fazenda. A casa-sede se situa numa clareira aberta no meio da mata. Sob as longas sombras do entardecer, apresenta-se sombria: uma construção antiga, a parte de morada dos donos assentada sobre alto porão que, em outras época, servia de senzala. No lugar de jardim, a frente da residência é um pequeno descampado coberto de capim, mato e ervas daninhas. Não se divisa, na chegada, nenhuma outra construção. A mata cerca o casarão, a pouca distância, num círculo de verde, triste e tétrico.

Pára a montaria e observa a solidão do lugar. O entardecer já virando noite lança sombras por todos os recantos.

— Ô de casa! — grita Neco, assim que sai da mata e entra na pequena área de capim.

Todas as janelas e portas estão fechadas. Na extensa varanda, que corre toda a frente da construção, não se vêem móveis nem redes. Um vazio esquisito, de abandono. Os cabelos da nuca do cavaleiro se arrepiam. A porta central se abre ao chamado de Neco. Assoma uma figura alta, trazendo um lampião. É um homem, pois está de chapéu, que lhe encobre as feições.

— Achega e apeia, cumpadre!

Neco esporeia Zargo, que parece relutante em se aproximar.

— Vamo, cavalo. Tá refugando, diacho?

E dirigindo-se ao dono:

— Sou Neco Taborda. — Desmonta, amarra o cavalo em paus que foram, um dia, o corrimão da escada e sobe os degraus de pedra. Observa, ao subir, que algumas lajes estão fora do lugar ou simplesmente já não existem mais.

— Tava esperando vosmecê. — Estende a mão. — Julião Garcia, seu criado.

Neco aperta a mão de Julião, olhando-o nos olhos. A manopla é forte e calejada. Que homem esquisito! O dono da fazenda mantém o chapéu de couro e os olhos brilham na sombra da aba larga. A barba cobre-lhe o rosto, o bigode despencando sobre a boca, ocultando-a. As roupas, muito largas, aumentam o tamanho do homem. As calças frouxas estão metidas em botas de cano alto.

Entram. A sala é enorme, iluminada por um lampião dependurado numa trave, no centro do cômodo. Uma mesa grande, quadrada, rodeada por cadeiras, tudo muito rústico. Os cantos da sala, mergulhados na escuridão, nada revelam.

— Zefa, Seu Neco chegou. — Grita o fazendeiro, na direção da porta do fundo do salão.

A mulher do fazendeiro aproxima-se, vinda do cômodo do fundo, certamente a cozinha. Muito pálida, o cabelo grisalho penteado para trás, amarrado num coque mal feito. O semblante sem viço, os olhos sem brilho. Usa um vestido de gola alta, mangas compridas e a barra arrasta-se pelo chão.

Estende a mão para Neco, num cumprimento frouxo. Uma figura apagada, desanimada, que não se entusiasma nem mesmo ao receber o presente enviado pela antiga companheira de congregação. Num murmúrio faz o agradecimento e volta para a cozinha, de onde viera.

Um pouco de conversa cuidadosa entre os dois homens, cada qual tentando dissimuladamente conhecer os fortes e os fracos do outro.

— Zefa, traz a comida.

A mulher aparece com dois pratos e talheres, que distribui sobre a mesa nua. Os homens sentam-se à mesa. O serviço continua. Sem dar um pio, mais servil do que uma empregada doméstica, a mulher traz a tigela com arroz, um caldeirão com feijão, panelas com couve e abóbora cozida, uma frigideira com ovos fritos. Por fim, uma travessa grande com carne assada. Uma pequena gamela com farinha de mandioca e um vidrinho de pimenta cumari. Ambos esperam a mesa ser completamente posta, antes de começarem a refeição. Ela volta para a cozinha, onde, por certo, jantará sozinha, depois de os homens terminarem.

À luz fraca do lampião, os pratos adquirem aspectos estranhos. A carne na travessa tem um aspecto esquisito, muito escura, cortada em pedaços grandes, compridos. Parece carne de bugio. — Neco Taborda não consegue despregar os olhos da travessa. Sente asco.

Notando o olhar do convidado, Julião esclarece:

— Gosta de carne de caça? Aprecio muito. Alinhás, caçar é comigo mesmo. E não desperdiço a carne não. A Zefa prepara tudo num tendal coberto no quintal, amanhã lhe mostro.Na dispensa a gente tem carne seca, defumada, salgada, de tudo quanto é bicho: paca, tatu, cotia, até uma manta de jacaré salgada. Experimenta essa aí.

Não querendo ser descortês, Neco se serve de um pedaço menor da travessa.

— Assada?

— Defumada e cozida. Fica escura assim por causa da fumaça.

Neco corta um pedaço pequeno. Tenta mastigar, é dura e muito salgada. A custo consegue engolir. Sente nojo e afasta o prato de comida.

— Não tou com muita fome, não. — Explica ao fazendeiro. — Parece que a água do corguinho, que bebi no caminho, hoje de tarde, me fez mal.

— Zefa, traz o doce. — Comanda Julião .

A mulher aparece com uma terrina cheia de doce em calda. Neco Taborda experimenta e não consegue descobrir do que se trata, mas sente o gosto de pano velho. Nem se dá ao trabalho de perguntar do que é feito o doce, receia a resposta.

Julião insiste no assunto de sua distração predileta.

— Quase todos os dias mato um bicho. A mata é cerrada. Mesmo tirando a lenha, os bichos não rareiam. Saio sempre com a cartucheira e se o bicho passa na minha frente, tá liquidado. O senhor gosta de caçar?

— Não, a vida inteira fui tropeiro e nas minhas viagens com a tropa, não sobrou muito tempo pra diversão.

— Ah. Uma caçada é a coisa melhor da vida. Quando não topo com a caça, fico esperando os bicho aparecê. Na volta do rio, num pocinho manso, onde costumam vir pra beber água. A tocaia, a espera, sentir que o bicho tá ali, desavisado...o dedo no gatilho...firmo o cotovelo no chão, apuro a mira.... Firmo a respiração. Parece que o mundo pára. O dedo bem de leve no gatilho...puxo devagarzinho... bem de leve. E PUM! — Após um breve intervalo, durante o qual parece gozar com a descrição e examinar a cara do visitante, prossegue. — Ou no monto guarda no apoito...

— Apoito? — Neco estranha, não sabe o que é.

— É. Apoito. Uma armação feita nos galhos de uma árvore bem grande. A gente fica na sombra, quieto, e quando o bicho passa, PUM! É tiro e queda. Bom pra pegar macaco.

— Macaco? O senhor caça os macacos?

— Claro. Os bichos são uma amolação, chegam até a beira da casa, procurando comida, fazendo aprontação. Já matei um no alpendre da frente da casa.

— Mas parece gente. — Argumenta Neco.

— Qual o quê. São uma amolação. E o melhor é que têm bastante carne. São bem criados.

— O senhor prepara a carne dos macacos que mata.

— Ora se não! Hoje mesmo, aqui na janta, o senhor comeu carne de macaco. Gostou?

Neco Taborda teve um arrepio de nojo. A boca salivou, como se fosse vomitar. A custo, desviou a conversa para a finalidade da sua vinda. O negócio da fazenda, sobre o que falaram ainda um bom tempo, antes de se recolherem para dormir.

Neco Taborda dormiu mal na primeira noite que passou na Fazenda da Mata. Teve pesadelos, acordou de madrugada e levantou-se ainda no escuro. Saiu na varanda para tomar um pouco de ar. Da mata vinham sons que chegavam distintamente aos ouvidos do insone visitante. Sons lúgubres: um sussurro constante do vento entre as folhas que pareciam lamentações, uivos fantasmagóricos e miados assustadores. Neco não conseguiu voltar para o quarto, aterrorizado pelo barulho e seduzido pelo aspecto macabro da mata e do casarão.

Enfim, dia amanhecido, café tomado, as montarias arreadas, eis os dois homens embrenhando-se pela mata. Neco meio indisposto, ao contrário do proprietário que, falando alto, seguia à frente, pelas picadas entre as árvores. Levava enfiada no estojo dependurada do lado direito da sela, a cartucheira.

— Sempre ando com minha amiga aqui. — Batendo no cabo da arma, explicou. — Como disse, gosto de caçar. E ainda tem animal feroz por aqui: muito lobo guará, umas jaguatiricas que aparecem de vez em quando...Até sucuri nadando no rio já peguei, com um tiro certeiro na cabeçorra da bicha. Deu trabalho pra arrastá a bicha pra margem. Tirei a pele, que tá lá em casa. Não aproveitei a carne. Já me disseram que é boa, que nem carne de peixe ou jacaré.

Neco ia calado. A conversa, longe de aliviar seus pensamentos macabros, ia incutindo cada vez mais terror em sua cabeça.

Atravessaram a mata cerrada, saíram num campo de cultivo, espigas de milho estavam por ser colhidas dos pés secos, e chegaram a o pé do Morro do Chapadão.

— Daqui pra cima, é só morro pelado. Vamos subir pro senhor ver lá de cima a situação da fazenda.

Subida difícil, os animais escorregando no cascalho solto. Lá de cima, descortinava-se o panorama: uma morraria sem fim, coberta de mata. Nos vales, o verde profundo indiciava os córregos que corriam nas profundezas da mata. O Rio das Pacas, mais largo, aparecia aqui e ali, suas águas faiscando no meio do verde sem fim da floresta..

— Aqui tem madeira que não acaba mais. Madeira boa, de lei. Tudo o que o senhor tá vendo, faz parte da Fazenda da Mata.

— O senhor não pensou em montar uma serraria? — Neco Taborda tinha a visão mais avançada de negócios. As toras de madeira valem mais do que a lenha, pensa.

— Não, meu negócio é tirar lenha. Só as árvores menores, que não são de boa madeira. Vivo da lenha que vendo para a estrada de ferro. É um bom negócio, que passo com a venda da fazenda.

— A companhia da estrada de ferro vem buscar a lenha aqui?

— Não. Mando levar a lenha até o campinho defronte à venda do Coriandro, no Pataca-e-meia. Os caminhões não sobem até aqui em cima. Carregam lá. Fazem o pagamento toda a semana. — E continuou o fazendeiro na explicação do seu negócio, enquanto voltavam à sede da propriedade.

Durante três dias os dois cavaleiros andaram pelas terras da enorme propriedade. Uma das cavalgadas foi ao longo do Rio das Pacas, que faz a divisa das terras de Julião . Detêm-se numa das curvas onde o rio se espraia, fica raso, e alguns bancos de areia afloram na superfície. Do outro lado erguem-se algumas palhoças de pau-a-pique, cobertas de folhas de indaiá.

— São índios? — pergunta Taborda.

— Não, são pretos. Antigos escravos.que moram aí desde que fugiram das fazendas mais embaixo e fizeram um quilombo.

— Vivem do quê?

— Me ajudam no corte da lenha. Mas são muito preguiçosos. Só sabem plantar mandioca. Gostam mesmo é de pescar. Não rendem muito no cabo do machado.

— São muitos?

— Eram uns cinqüenta, contando os homens, as mulheres e as crianças. Morrem à-toa. Agora, deve ter uns vinte. . Parecem mais é bicho do mato.

Neco quer atravessar o rio e visitar os pretos. Mas o anfitrião não permite.

— São arredios. Se o senhor atravessar o rio, eles fogem, vão esconder no mato. Parecem bichos. Macacos. Estão mais pra macacos do que pra gente.

Neco desiste de atravessar o rio. Afinal, as terras da Fazenda terminam ali.

Neco Taborda fica três dias na Fazenda da Mata. Anda a cavalo pra baixo e pra cima, percorrendo com o dono os quatro cantos da propriedade. Saem de manhãzinha, levam matula para o almoço, chegam de volta pelas duas ou três horas. No jantar, a comida é a mesma, todos os dias: arroz, feijão, farinha de mandioca, um pedaço de carne cozida ou assada. A carne é sempre escura, salgada demais, causa engulhos ao ex-tropeiro.

— Vamo dar uma olhada no tendal. — Mais do que um convite, é quase uma ordem, que Neco Taborda sente-se na obrigação de aceitar, mesmo a contra-gosto. .

Além do extremo prazer de caçar — principalmente macacos, conforme confessou a Neco — o estranho proprietário é obcecado pelo trabalho do tendal, onde ele e a mulher tratam as carnes dos animais mortos nas caçadas. Estendidas em bambus e varas grossas de pau roliço, muitas mantas de carne estão a secar. Um cheiro forte e desagradável exala dos pedaços de carne.

— Estas aqui são mais frescas — Julião aponta para quatro postas de carne. Salgadas, ainda pingam sangue. — Neco sente nojo.

— É preciso virar todos os dias — enquanto fala,. maneja as mantas de carne, mudando-as de lugar, olhando atentamente. — Ver também se não tem bicheira.

Apesar do nojo, Neco olha atentamente para as postas maiores. São pedaços de músculos compridos. Carne escura. Julião explica.

— Carne de macaco. Músculos dos braços, pernas e traseiros.

Inexplicavelmente, Neco Taborda pensa nos negros, do outro lado do rio... Besteira, pensa, afastando-se do tendal.

— Então, cumpadre Neco, vai mesmo comprar a Fazenda da Mata? — O assunto vem à baila na roda de truco, enquanto o baralho é cortado e distribuído.

— Num vou não. — Responde Neco Taborda — É muito longe e não gostei da região. — E na continuação da prosa, resume o que viu por aquelas brenhas. Finaliza com o comentário sobre o que mais o impressionou. — O homem é meio maluco, tem paixão pelas caçadas, e põe pra salgar tudo quanto é bicho que caça. Até macaco ele estende no tendal, pra secar.

— Agora que o amigo tá falando, lembrei de uma história que ouvi há muito tempo, sobre o Julião Garcia. — Jovino examina suas cartas e fala com displicência. — Ouvi falar que o homem gosta de disparar nos preto, por pura malvadeza. Só pra ver eles fazer caretas.

— Se ele gosta de caçar desse jeito...— Reticente, Lilico dá curso à prosa de Jovino. — ...de comer tudo o que caça... vai ver, o cumpadre andou comendo gato por lebre, hein? Ceis intende o que quero dizer...

ANTONIO ROQUE GOBBO –

BHTE, 4 DE MARÇO DE 2005

CONTO # 333 DA SÉRIE MILISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 25/07/2014
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