Sinfonia no Além

Meu avô era Capitão do Exército Brasileiro e Maestro habilidoso. Ele compôs muitos dobrados, valsas, serenatas e ainda uma sinfonia. A composição mais conhecida dele chama-se “Os Flagelados”. Ele faleceu em março de 1994 e desde então tive poucos sonhos com ele, mas um dia fui agraciada com um sonho inesquecível.
É engraçado como todos os sonh
os que temos... a gente nunca lembra de como começou, como foi parar naquele local e quanto tempo permanecemos no sonho. Mas lembro-me de conversar com uma pessoa em um jardim bonito e essa pessoa pedia para que eu a acompanhasse, pois fui levada até aquele lugar para reencontrar com alguém da família. Olhando bem para aquela paisagem sei que conheço mas não do plano terreno, pois havia algo diferente nas plantas, árvores e no céu. O lugar era lindo repleto de belas árvores e plantas em várias tonalidades de cores e cheiros. Lá pude sentir uma paz que não tem como descrever! Diante deste cenário eis que surge meu avô, com um belo sorriso estampado no rosto. Eu não consegui conter a emoção e fui ao seu encontro, pois senti que ele estava mais vivo do que nunca. A minha felicidade era tanta que foi inevitável ficar só olhando e logo abracei-o. Com tudo isso acontecendo fiquei um pouco eufórica e tinha tantas perguntas a fazer que era quase impossível aquietar a minha mente. Mas diante toda aquela serenidade que nos rondava logo fui acalmando-me e comecei por perguntar como era seu dia a dia e se ele continuava compondo. A partir daí o que seguiu foram conversas calorosas e que de alguma forma minha mente não registrou tudo. Porém consigo lembrar quando ele pediu-me para fechar os olhos e sentir a energia do lugar. Diante aquele silêncio ensurdecedor consegui ouvir o som produzido pelo vento que vinha em várias direções. Fiquei quieta ouvindo. Então abri os olhos e o que aconteceu em seguida foi algo incrível... simplesmente, meu avô estava parado diante aquelas árvores com sua batuta nas mãos. Ele, de certa forma, conseguia controlar os ventos e ao passo que erguia a batuta... levantando e baixando com movimentos leves e circular para os lados, ouvia-se uma melodia. Então os ventos aumentaram e houve um frenesi produzido pelas folhas das árvores foi quando consegui ouvi uma bela sinfonia que nesta terra onde vivemos não há nada que se possa comparar. A música produzida pelo vento nas folhas das árvores tinha uma certa energia, cor e aroma. Foi assim que meu avô conseguiu mostrar de onde vinha sua inspiração e que mesmo no plano espiritual ele continuava a compor suas músicas.

Quando conseguimos harmonizar letra e melodia, então surge uma música lapidada como diamante e que fica eternizada em nossos corações.
Alê Ferreira
Enviado por Alê Ferreira em 21/07/2014
Reeditado em 22/07/2014
Código do texto: T4891154
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