As Loucas Donzelas E O Psiquiatra

Ela chegou ao consultório e muito ansiosa, andava de um lado para o outro, sempre olhando para o relógio e sem parar observando a atendente, que fingia não está vendo, até que finalmente é chamada para a consulta, ao entrar na sala do médico, que era com decoração misteriosa, uma penumbra com um cheiro muito forte de incenso de canela, tinha poucos móveis, uma mesa, as cadeiras do médico e do paciente, um tapete com algumas almofadas no chão, entrou, e muito timidamente olhou para o psiquiatra com uma roupa branca com suspensórios e óculos fundo de garrafa que com um gesto, mandou que sentasse, a donzela, muito assustada, olhou novamente para o médico que novamente por gesto, pediu para ela falar, isso foi a deixa, para que ela disparasse como uma metralhadora, contou que tinha mais de 40 anos era virgem e não aguentava mais aquela vida de solidão, sabia que tinha algum problema já que todas as mulheres da sua idade já haviam casado, algumas até casadas várias vezes, falou que ele tinha que fazer alguma coisa, receitar um remédio, dar um conselho, ou seja fazer algo que resolvesse aquele problema, que para ela era o pior de todos. O psiquiatra, demonstrando enfado e quase bocejou, até que enfim falou: - Bem preciso fazer algumas perguntas; Você mora com quem?

A donzela I prontamente respondeu: Com o Ninho.

O Psiquiatra: É seu filho?

A donzela I um pouco envergonhada, claro que não doutor, como já falei sou virgem, é o meu gato.

Então, o namorado?

Doutor pelo amor de Deus! É o meu gatinho, animal, entendeu?

O psiquiatra já louco para se vir livre daquela criatura, falou:

Bom, vamos continuar além do Ninho você convive com quem mais?

Na casa? Com ninguém, mas vou para a igreja todos os dias e convivo com os irmãos.

E lá na igreja, não tem nenhum homem que possa namorar com você?

Ter até que tem, o João, ele é bonito, dedicado a Deus, daria um ótimo marido para mim, só que falou que quer se casar com uma mulher mais nova.

Aos gritos começou a falar, o senhor vê Doutor, desperdiçando uma moça como eu linda, prendada, o senhor precisa provar o meu cuscuz, não tem melhor é muito gostoso, mas não ele prefere aquelas piriguetes, que nem as calcinhas lavam, é isso que me revolta, às vezes dar vontade de sair da igreja e ir me tornar uma vagabunda, só assim, os homens vão me dar valor.

O psiquiatra, já um pouco assustado, falou bom vou te receitar este remédio, que vai acalmar você e daqui a quinze dias quero vê-la, para saber o como está se sentindo.

A Donzela I um pouco decepcionada, se levantou e foi embora.

O Psiquiatra pediu a para outra paciente entrar.

Ela chegou com um vestido de mangas compridas e com gola até o pescoço.

O médico novamente por gestos pediu que sentasse, ela gaguejando, já foi dizendo: Olha doutor eu não sou louca, só vim aqui, porque o meu pai pediu, porque acha que eu sou estranha, e diga por quê?

O médico por mímica responde.

Só porque eu falo para ele que não aguento mais ser virgem, doutor eu não quero levar para São Pedro não! Mas, não sei o que acontece, todo homem que se aproxima de mim, vem logo querer tirar a minha virgindade.

Daí o médico não aguentou: ô minha querida afinal, você quer ou não quer deixar de ser virgem e porque não transa logo mulher?

Ela muito indignada: Sem casar? Jamais, eu sou uma mulher de Deus e nunca me entregarei para um homem que não seja o meu marido. Não sou uma qualquer não doutor me respeite!

O médico com aquela cara de è hoje! Falou:

Bem, e o que você que eu faça?

Quero que o senhor passe um remédio, qualquer tratamento que faça com que eu pare de sonhar com os homens, toda noite é horrível, não tenho sono e quando durmo sonho com os homens me possuindo, é o dono da padaria, é o vizinho, o filho da minha comadre, até com o pastor eu já sonhei fazendo as piores safadezas. Então meu pai acha que se o senhor me desse um remédio que eu dormisse a noite toda isso não aconteceria, ele fica com raiva, porque eu passo o dia todo rindo, me lembrando das safadezas. O senhor pode me ajudar?

O médico com vontade de rir, respondeu:

Acho que posso, aqui está a receita, tome e daqui a 15 dias volte para me contar como está.

E pediu que a atendente mandasse o próximo paciente entrar.

Para a sua surpresa era a primeira donzela, tremendo e morrendo de chorar contou que deixou o Ninho com a vizinha que ligou para ela dizendo que ele foi atropelado, e agora o que faço? Por favor, doutor me dê um calmante urgente, o Ninho é a minha vida, sem ele não sei o que fazer, acho melhor morrer, o médico meio atônito, pediu um copo d’água e deu-lhe um calmante.

Falou onde você mora? Vamos lá para ver se cuidar do seu gato.

Sério doutor, vamos!

Ao chegarem á frente do prédio, tinha umas pessoas e falaram para ela que o Ninho estava deitado na rua, ela muito desesperada, pegou o gato entrou no carro do psiquiatra e foram para a primeira clínica veterinária.

O Veterinário explicou parra a donzela que o caso era grave e que teria de fazer uma cirurgia e que o tratamento não seria barato, ela muito agitada falou:

Faça tudo que puder eu pagarei quanto for o importante é que tenha de volta minha companhia.

E ficaram lá na sala de espera o Psiquiatra e a donzela, ele muito compreensivo e tentando acalmá-la de toda forma, de repente levantou-se e olhando para a janela, eu sei o que você está passando, também fiquei assim quando a minha Natacha se foi.

A donzela I espantada, a sua esposa?

Não, a minha cadelinha, ela vivia comigo desde pequenininha, fazíamos tudo juntos, eu não via a minha vida sem ela, e as lágrimas começaram a cair, sabe a maior dor do mundo? Foi a que senti naquele dia, pensei até que não resistiria, foi um golpe muito duro.

-Foi acidente também?

Antes fosse, quem sabe ela não se salvaria, foi de velhice, ela adquiriu todas as doenças, diabetes, colesterol alto, e o coraçãozinho dela estavam fracos, um dia, depois que cheguei do consultório ela estava com uma carinha de triste e quieta no canto, fui falar com ela e ela nem olhei para mim, corri para a clínica, e quando cheguei lá o veterinário falou que ela estava parecendo uma cocada, era açúcar puro, a glicemia estava alta demais, e já chorando alto, e falou que dificilmente ela sobreviveria, e a perdi, a minha Natacha se foi, ai meu Deus que tristeza, nunca vou me conformar.

A Donzela I bastante sensibilidade, o abraçou e falou: Olha doutor, o senhor vai superar pode ter certeza, já pensou em fazer terapia, ou até tomar um antidepressivo, para se sentir melhor?

Ah, minha querida faço análise á 05 anos, mas está complicado superar este luto, foi uma perda irreparável. Fiz enterro digno, mandei rezar uma missa, e todos os dias sem falhar, rezo para a Natacha esta em um bom lugar.

Quando se deram conta já havia passado o dia e a noite vinha chegando, quando o veterinário chegou com a boa notícia:

Olha, ocorreu tudo bem a cirurgia foi um sucesso, a senhora pode fazer o pagamento ali, tudo ficou por dois mil reais, a senhora leve essa medicação e fique dando por 07 dias e pode levar ela para casa.

A donzela I assustada, ela? Mas é um gato!

Não senhora, eu operei uma gata, sou veterinário e sei muito bem distinguir um macho de uma fêmea.

A donzelaI muito histérica, mas como pode acontecer uma coisa dessas? Era o Ninho eu vi.

O Psiquiatra, já sem entender nada, sugeriu que ela ligasse para a vizinha e perguntasse se o gato estava lá, a vizinha confirmou que não, então ela pegou a gata e foi junto com o psiquiatra para a sua casa, ao abrir a porta eis que o Ninho vem todo amoroso, se enroscar em suas pernas, ela meio cambaleando, o abraçou e junto com o psiquiatra chorou muito, quando tudo estava esclarecido foi que se deram conta que agora havia um casal de gatos e no prédio só se aceitava um animal por apartamento.

O psiquiatra tomado por vários sentimentos e chorando muito pediu que ela desse a gata para ele, pois seria a sua nova Natacha. E falou foi Deus que te enviou ao meu consultório eu já não aguentava sofrer tanto!

E os dois muito emocionados se abraçaram ela o apertou muito, mas ele se afastou afinal era a sua paciente.

Passados quinze dias retornam para a consulta a primeira a entrar foi a dono do Ninho, e para a sua surpresa, o médico não demonstrou nenhuma emoção ao vê-la, ao contrário parecia mais frio e distante.

Com o mesmo gesto pediu para sentar e muito formal perguntou e aí como está?

A donzelaI aos gritos: Como estou seu canalha? Você me pega me enfia no seu carro e me dar esperanças de casamento e depois desaparece como se nada aconteceu, contei para todo o prédio que ia me casar, comprei enxoval, fia a lista de convidados, liguei para os meus parentes que moram longe e você? Simplesmente me usou e jogou fora, fique sabe palhaço que isso não vai ficar assim, eu tenho parentes importantes que com certeza iram se vingar, ninguém mexe com uma donzela assim com eu e fica por isso mesmo. Até pensei em dois casamentos o nosso e do Ninho e da Natacha, a festa já estava toda planejada, fora a receita que você me deu, pois estou curada, agora é só a gente casar.

O médico sem saber o que fazer, porque também era meio confuso, pediu para que ela o aguardasse na sala de espera, que ele iria resolver o problema.

Pediu que a atendente mandasse a outra paciente entrar.

A outra donzela entrar, já não tão tímida, e com um risinho no canto da boca, ele olha e pensando ter conseguido tirá-la do surto, pergunta e aí como você está?

A Donzela II, muito sensual estamos bem não é meu amor?

Como?

Você toda noite vai à minha casa e fazemos aquelas coisas, ai tenho até vergonha de dizer.

Euuu?

Ah, vai negar é? Eu já contei tudo para o pastor, ele disse que você tem que ir lá para acertar tudo para o nosso casamento falou que eu fui muito abençoa, porque já estou nessa idade, não sou tão bonita e arranjei um médico, ah, eu tive que contar que a gente fornicou, ele não aprovou mas disse como você via casar comigo Deus irá me perdoar.

O Psiquiatra que não tem muito equilíbrio emocional ficou tremendo e sem saber o que fazer, pediu para que a segunda donzela fosse para a sala de espera.

Desesperado ligou para um colega que deu um conselho que ele aceitou prontamente:

Pediu que a donzela I entrasse e fez a seguinte sugestão:

Olha já que nos vamos casar, quero que você passe uns dias se preparando, já pedi para o carro vim lhe buscar, você vai ficar na clínica de um amigo meu, lá é bonito, calmo e você poderá pensar se quer mesmo casar comigo.

Ela gostou da ideia só fez a ressalva que não teria dúvidas, iria mesmo casar com ele e foi esperar a ambulância buscá-la

Depois foi a vez da Donzela II, ele falou a mesma coisa e ela por ser mais esperta e por já ter sido internada em um hospital psiquiátrico, deu um pulo e falou que não iria, e só assim dali com ela para marcarem o casamento, os gritos dela ecoaram por todo o quarteirão.

O médico sem saída correu e fugiu para um destino ignorado.

Tânia Suely Lopes
Enviado por Tânia Suely Lopes em 23/04/2014
Reeditado em 25/04/2014
Código do texto: T4779800
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