Você e você mesmo.
Ele vibrava de excitação quando pensava em sua morte, e ainda goza de plena memória. Ele irá matar você! Ele vai devorar você, lentamente.
Mexa-se inutilmente, digo, pois ele sente você. Fuja! Mas não poderá se esconder: ele irá te encontrar em qualquer lugar, ele sabe o que todos sabem e fingem não saber, ou ver. Ele vai te consumir. Ele vai te destruir, de novo e sempre.
Ele está em você e você nele como um só, são dois mas um. Contradição e harmonia, são o bem. São a maldade de tudo o que há. São liberdade e libertinagem. São como o amor e o medo unidos. São sim, são não, são o que não existiu, existe ou existirá, o intocável. São sólidos numa relação onde nada é concreto. O ar e a falta dele. São em excesso. São a morte e a cova. Necrotério de almas perdidas, a vida maldita de um ser que vaga, andarilho atirando a ermo, cego de solidão. São nada.