A VELHA MENDIGA

A velha mendiga passava comendo caviar entre as unhas, o mundo marrom sorria para o nada olhando as estrelas ausentes que caíam todas por traz das matas com suas ruas de copas. Ali galhos que se abraçavam formando sinistra sombra encobrindo a luz do dia. Casarões que guardavam surpresas e tragédias revelando a face oculta de vida e morte. Quem apreciava a beleza daquela voz rouca não conhecia o conteúdo do seu aromático porão. Nos seus bancos de pedras divã de um amor desesperado, daqueles cabelos minavam lagrimas de dores que criaram limo nas entranhas do coração. Será que alguém esta dormindo um sono sorriso? Ou comendo sobre o sereno e mascando cânhamo no banheiro? Será que alguém esta sentado no divã do fórum, na cadeira de balanço de Abugrai ou Guantánamo esperando o dia chegar? Será que alguém esta vivo nas ruas da savassi ou esperando na fila do instituto gritando o óbito do filho? Alguém faça alguma coisa por favor; Pensava a velha mendiga. Temia em expor suas angustias de uma hipócrita vida. Temia as vitrines expondo suas catastróficas expressões. Temia o obvio intacto e abstrato, a afasia das maquinas, mas o que falar? Se tudo em sua vida um dia foi falado.