o estabelecimento

Amor, vem aqui?

O que foi, Cate?

Olha lá , o estabelecimento fechou.

Como assim?

Fechou.

Desde quando,

Não sei, percebi hoje,

Que estranho! nem um aviso, nem uma placa, nada. Houve alguma coisa?

Não que eu me lembre.

Alguma acontecimento?

Não, não aconteceu nada.

Não vamos nos apavorar

Precisamos ficar mais atento

Na semana passava tudo parecia normal

Sim, tudo normal;

Hoje o Mauro vem aqui.

os livros já estã arrumados.

todos.

muito bom.

Não quero que conte nada sobre o estabelecimento.

Acha mesmo?

Sim,

É verdade. é melhor não contar.

pode sair tudo do controle

Milton fechou a janela, foi ao banheiro, tomou um banho demorado. Enquanto isso cate fazia gestos desencontrados e tentava lembrar de alguma coisa que pudesse ter passado despercebidas. Percebendo que milton estava demorando foi até a porta do banheiro e bateu. Ele pôs a cabeça pra fora:

sai logo daí, estou com medo de ficar sozinha.

Calma, querida, já estou saindo.

Já faz tempo que você esta ai dentro.

Dentro de casa é seguro

Não acredito mais. Foi isso que você disse outro dia.

Ta bom, só mais um minuto e eu saio.

vou fazer um café.

Isso. traz um toalha, por favor. E fique calma

Ele ligou, já estava na estação da sé.

não deve demorar.

Sentaram na sala e tomaram o café com broa, que clara aprendeu a fazer num curso de culinária, desde então todas as terças feiras ela prepara.

o café está forte como eu gosto.

obrigado. eu fiz assim porque você gosta.

os dois estavam se olhando tomado por alguma nostalgia de amor. Tocaram as mãos num gesto de carinho. Então tocou a campanhia. Os dois foram até a porta. Clara olhou pelo buraco e viu mauro esperando.

tudo bem. É ele. Milton respirou mais aliviado.

Clara abriu a porta. Mauro como sempre estava bem vestido, roupas novas e bem alinhada. Dava pra ver que trocou sua bengala. Agora usava uma que o segurador tinha o formato de cabeça de cachorro. e a tradicional bota de canos longos foi trocado por um sapato de couro de jacaré, preto brilhava como um espelho.

Entrou em silêncio e foi direto a janela. Os dois atrás mal segurava a aflição. E foi que ele perguntou com a voz abalada. Pela primeira vez soube que Mauro tambem se afetava . As mãos recolhidas passava a sensação de muita dúvida.

como anda as coisas?

Está tudo bem, Mauro – clara responde sem pensar.

To achando vocês nervosos.

Não é nada.

Apenas o calor que está insuportável.

Sim, esses dias está quente.

Sim, muito quente.

Vamos esperar até maio para a tempera esfriar.

Também o ar está seco.

é verdade, a nossa respiração fica curto, como se fôssemos nos afogar.

Senta, mauro – interropeu milton com a voz encavernada.

É, mauro. Senta - completou Cate.

Sento. Mas antes não quer abrir a janela? Par refrescar um pouco?

Não adianta, piora.

Sim, piora muito – assumiu, Milton – o sol pega nas paredes dos prédio.

Cidade de concreto.

Isso. e o calor irradia pelo ar. Quando abrimos a janela vem o ar pesado

que nos sufoca, Mauro, que nos sufoca.

Clara, sirva pró mauro uma limonada.

sim querido, sim.

Vamos par outra sala, lá é mais ventilado. No banheiro tem alguns vitrais que quando abertos enche a casa de leveza. Amor, abre os vitrais.

Sentaram os três na sala da frente. Conversaram sobre os novos planos e de como a estratégia deveria mudar. Mauro sabia o que acontecia no Alto Extrato. Entretanto, nada nos revelava. Ouvia nossa conversa, fazia anotação sem parar. No final, pediu mais um café, recolheu os livros que viera buscar. Colocou neles novas informações. E deixou o pagamento em dinheiro vivo. Saiu de casa quase anoitecendo. Fizeram questão de levá-lo até a porta da rua. Pediu pra continuarem atentos e anotar tudo que acontecesse.

- já estava exausta

- eu também,

- acha que fizemos certo?

- Não sei.

- Talvez devêssemos contar.

- Talvez. Mas de verdade, não sei.

- Vamos continuar a observar...

- sim, mas não devemos contar tudo.

- sim, não devemos contar tudo.

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 31/03/2014
Reeditado em 31/03/2014
Código do texto: T4751179
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