"Seemann" – Marinheiro

(Um conto/soneto)

Em meio ao tristonho e inesquecível naufrágio,

Fei Yue lembrara a adolescência tão apagada pelas

chamas, as tenebrosas chamas! Iniciada por velas

esquecidas acesas por sua mãe bêbada. Frágil

Yue, fora marcado para sempre... E num presságio

horrendo viu o inquietante futuro – dentro de celas.

Tratado como animal! Junto às rejeitadas cadelas,

As moças que abriam as pernas em forma de pedágio.

Nunca conhecera o pai, dizem boatos que ele fora

marinheiro, um bom marinheiro que afundara com

seu navio para não deixá-lo. Porém, ele deixara

uma jovem grávida de nove meses. O som

assombroso da voz do vizinho que aterrorizara

o coração da moça. Anunciara a morte do bom

...

marinheiro. À adolescente rapidamente fora cortada

da vida tão sossegada. Restara apenas a prostituição.

Logo que Yue nasceu participara da contribuição

financeira da tão jovem rapariga. Ela era esperada

por bêbados, que a desejavam de corpo nu. Coitada,

era tão inocente, e agora sentira a carne sem fruição

amorosa. Sente apenas os desejos sujos. O coração

despedaça sobre gozos repugnantes! Desprezada

por cristãos, desejada por pagãos. Yue convivia

em meio os preconceitos religiosos – filho desgraçado.

Como era conhecido na cidadela onde nasceu. Revia

conceitos sobre a moral cristã. Fora despedaçado

por ignorantes religiosos. Ele escrevera poesia

sobre as raparigas, amigas de sua mãe. Era dedicado

...

a literatura, porém, ninguém sequer lera seus poemas.

Ele completara quatorze anos quando sua mãe deixara

as velas acesas e posteriormente a casa pegara

fogo! O rosto de Yue fora queimado. As belas rimas

dos seus poemas não escondiam os velhos dilemas

cristãos, que afirmara – “sua existência o amaldiçoara”.

Sua bela mãe conhecida como Afrodite, logo fora

queimada na fogueira santa e purificada por lemas

“Santos”. O belo fogo queimara a prostituta,

purificara sua alma e aniquilara a carne tão macia

e rosada. Toda sua magnificência e toda sua luta

estavam virando uma negra fumaça, e ardia

todo corpo o sedutor. Será que houve consulta

divina?! Deus permitira? O ar era pesado. Ah, dia.

...

Enegrecido! Nunca fora esquecido, não fora perdido

no tempo... Yue sempre lembrara! Até em sua morte

sentiu um cheiro fúnebre de fumaça. Sem suporte

psicológico deixara-se afundar... Seu corpo ferido

por dentro. Seu espírito já não estava mais contido!

Restara apenas afundar. Tal qual uma pedra. Sorte?

Nunca soube o significado, Deus fora um dolorido corte

em sua vida. Passadio terrível! Passado tão temido...

A frígida água evadira as velhas tábuas. Parecia

trancá-lo em diversos aspectos. Fora tranqüilo ao bar

dentro do barco. Pegara a ultima garrafa de rum. Fazia

frio! O liquido correra dentre seu corpo – o lar

obscurecido do marinheiro. A morte transparecia

como deusa, amiga de infância e dona do mar...

Fortaleza CE – 9/Jan/2014

“Vou somar o mar de lágrimas dos teus olhos, amor!”

PS Alves. Escritor Ama/dor dos amores.

PS Alves
Enviado por PS Alves em 13/01/2014
Reeditado em 04/04/2014
Código do texto: T4648218
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