O EDIFÍCIO

Eu estava em férias, fui acampar com meus amigos, seriam férias como todas as outras, iriamos acampar, caçar cervos e pássaros, montar e desmontar barracas, fazer trilhas, coisas comuns de um acampamento qualquer entre amigos, nada de diferente ocorreria nessas férias... Mas, eu não sabia o que me aguardava. Eu e meus três amigos adentramos a floresta a procura de um lugar para montarmos as barracas. Não andamos muito e encontramos um bom local para nos instalar. Eram mais ou menos umas duas horas da tarde quando começamos a arrumar o local, tiramos galhos e algumas plantações estranhas que nos cercavam, pedras e insetos desagradáveis que poderiam nos ferir a noite. Feito isso, demos inicio a uma exploração pela floresta, apenas para um reconhecimento de local. Era uma floresta grande, pessoas sem experiência poderiam se perder naquela imensa selva sem fim, ainda bem que todos do grupo já possuíam conhecimento suficiente para não se perder nem atrasar ninguém do grupo. Seguimos em direção a uma misteriosa cachoeira que ouvimos falar que existia na floresta. Nossos avós e tios nos contaram que há muito tempo atrás existia uma misteriosa cachoeira no meio da selva, mas todos que a encontraram nunca mais foram vistos. Era uma lenda qualquer o que importava era se conseguiríamos encontrar a cachoeira ou não. Após andar bastante, paramos perto de um riacho para lavar um pouco o suor, foi então que escutamos um barulho semelhante ao de uma cachoeira, não pensamos duas vezes e seguimos em direção a esse barulho. Quando o barulho estava mais forte e intenso nos deparamos com uma curiosa estrutura: ela era feita de pedra de concreto não acabado, era semelhante a uma pirâmide antiga, não chegava ser igual, mas lembrava duma. Sua estrutura estava toda coberta por mato, seus concretos estavam cobertos de musgo, pois era uma região úmida e fria também. Era um edifício um tanto peculiar e diferente, afinal, não é todo dia que você encontra algo assim no meio de uma floresta. Eu e meus amigos paramos e ficamos observando aquela estrutura silenciosamente, pois, de dentro dela estava vindo o som de cachoeira que estávamos escutando. E então, eu e meus amigos adentramos a grande e curiosa estrutura de concreto. Ao passar pela porta sentimos um cheiro muito forte de água limpa e pura, era como se a natureza estivesse entrando por nossas entranhas. Ao lado já se era possível ver a cachoeira, desaguando num grande e imenso lago que mais parecia uma imensa piscina e ao redor podia se ver muitas flores e plantas diferentes as quais eu nunca tivera visto antes. Era realmente um lugar de muita beleza. Eu e meus amigos começamos a desfrutar desse lugar, colhemos alguns frutos de cor branca, depois ficamos nadando na grande piscina, nos penduramos nas árvores que faltavam galhos... E assim foi, ficamos um bom tempo ali, porém, a hora não passava, era como se o sol continuasse exatamente no mesmo lugar, mas ninguém se preocupou com isso e continuamos a nos divertir. Foi então que um dos meus amigos gritou alertando a todos de que encontrara algo. Quando nos aproximamos dele avistamos algo que parecia ser um escorregador feito de concreto, o curioso é que esse escorregador era semelhante a aqueles de parque aquático, só que a diferença é que ele era feito de concreto e estava no meio de uma floresta dentro de um prédio com uma cachoeira dentro! Eu e meus amigos olhamos um para o outro e demos risada, sem entender o que era aquilo. Foi então que um dos meus amigos sentou e escorregou, e para nossa surpresa foi divertido, e chegamos à conclusão de que aquele lugar era para nosso divertimento, não existiam almas nem cadáveres de pessoas desaparecidas, tinha apenas uma cachoeira e um escorregador para nosso prazer. Eu também entrei na brincadeira, sentei e escorreguei no estranho escorregador de concreto. Ele não era muito confortável, era meio áspero e não muito seguro, pois, em algumas partes do trajeto do escorregador existiam blocos de concreto em forma de arco que podiam ferir a minha cabeça, me obrigando a me abaixar para não me machucar, mesmo correndo esse risco, era divertido. A minha frente podia ver meu amigo com os braços para cima gritando e se divertindo no tour pelo escorregador. Eu estava apenas apreciando a paisagem, esse escorregador, era estranho, ele parecia nunca ter fim, era como um trem fantasma, só que invés de aparecer fantasmas e vampiros, a única coisa que eu via era a estranha beleza da natureza do edifício. Eu estava me divertindo, quando de repente surgiu um curto túnel a minha frente e quando eu quase chegara ao fim, me encontrei novamente no inicio do escorregador junto com meus amigos, olhamos um para o outro e, obviamente, achamos estranho, mas mesmo assim, sentamos e escorregamos novamente, sentamos na mesma ordem em que fomos à primeira vez, e pela segunda, e última vez para alguns. Iniciamos o tour pelo agora estranho e sinistro edifício, quisera eu nunca ter sentado naquele escorregador ou até mesmo, nunca ter entrado naquele lugar, pois o que aconteceu daqui em diante foram coisas as quais eu nunca desejaria para ninguém. No momento em que sentei no escorregador pude sentir que algo de ruim iria acontecer dali pra frente, e então, um show de horrores se iniciou. A estranha e bela paisagem que eu vira antes se tornara densa e macabra, as flores que antes estavam se abrindo em lindas rosas e cravos, deram lugar a flores grandes e desbotadas, algumas se despedaçando ou se desfazendo pelo mofo que as cercava, a linda mata verde que encobria todo aquele local, agora estava de uma cor acinzentada, como se tivesse sido queimada. Aquele lugar não era mais o mesmo. E eu e meus amigos apavorados descíamos o grande escorregador enquanto apreciávamos horrorizados aquele local. E de repente eu me senti sendo levado pelo escorregador, era como se a velocidade dele tivesse aumentado, e se eu tentasse parar ou reduzir a velocidade, eu ficaria todo machucado, foi o que um dos meus amigos tentou fazer. Ele estava bem na minha frente, era o penúltimo na fila. Ele estava assustado como eu e todos os outros, e quando o escorregador aumentou sua velocidade ele ficou desesperado! E com nesse desespero ele tentou reduzir a velocidade e até tentou descer do escorregador! E foi nessa hora em que eu vi a morte do meu amigo. No momento em que ele ficou em pé um daqueles blocos de concreto baixos apareceu na sua frente e ele bateu sua cabeça, sendo então arremessado para fora do escorregador. Eu então não soube o que fazer, minha expressão congelou, fiquei paralisado. E então continuamos o tour da morte, eu e agora meu 2 amigos, não éramos mais um quarteto. E para nossa alegria ou não chegamos ao túnel, e para nossa surpresa ele não nos levou ao inicio novamente. Ao passar pelo túnel chegamos a um local estranho, era como se fosse uma piscina principal, com escadas e janelas, tudo encoberto pela mata verde. E nessa sala existiam também outros túneis, igual ao que nós passamos antes de chegar ali. Eu e meus amigos então, começamos a explorar o local, não tinha nada demais, era apenas uma sala verde toda alagada, como se fosse uma grande piscina suja. Mas, de repente, a água que nos cercava começou a criar um estranho movimento, como se alguma coisa estivesse saindo debaixo da água, e, para nossa aflição, começaram a surgir corpos! Eu e meus amigos olhamos um para o outro e falamos juntos: “temos que sair daqui!” Mas era tarde, uma vez dentro daquele lugar era o suficiente para que ficássemos presos ali. E então começamos a procurar por uma saída, e ainda continuavam a surgir corpos naquela imensa piscina suja, até que um dos corpos me pareceu familiar, e para meu espanto, era meu amigo, sim, o mesmo que tivera caído do escorregador. Eu então comecei a chorar, não sabia o que fazer. E não importava pra onde íamos que mesmo assim continuaria a surgir corpos e mais corpos dificultando nossa busca por uma saída naquele lugar! Foi então que ouvi um grito. Eu segui correndo em direção a ele, e para minha surpresa, ou não, era de meu outro amigo. Ele tinha sido pego por um dos corpos que boiavam na água, esse corpo estava segurando uma faca no pescoço do meu amigo, e sem pensar muito ele o cortou! Eu não soube o que fazer, pois não teria como matar um corpo, uma pessoa, que já estava morta... E então esse mesmo corpo voltou para debaixo da água novamente, e se movimentando por entre a água veio em nossa direção! Eu e meu amigo saímos correndo daquelas águas sujas, não apenas suja com corpos boiando ou folhas das árvores, agora ela estava suja com sangue de meu amigo! Eu não sabia se chorava, se corria ou se ficaria ali velando pelo corpo coberto de sangue de meu amigo. Foi então que os gritos de meu amigo me despertaram. Eu o vi próximo de uma janela, gritando pelo meu nome e me chamando para sair. Ele então estendeu seu braço e eu o segurei com firmeza, meu amigo me puxou e finalmente conseguimos sair daquele terrível edifício no meio da floresta. Eu e meu amigo sentamos do lado de fora olhamos um para outro com cara de pânico, levantamos e seguimos rumo ao nosso acampamento sangrento.

Rangel Amon

Rangel Amon
Enviado por Rangel Amon em 02/01/2014
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