SALA CINZA ACOLCHOADA
Eu entrara na sala com muitas pessoas, o clima estava fresco, porém, tenso. Todos olhavam para os lados com curiosidade e vislumbre, aquele local cinza e acolchoado era um tanto bizarro. As janelas altas e grandes estavam abertas, movimentando as altas cortinas cinza finas de cetim. Nesse local existia também um rio feito de pano de algodão, que davam continuidade a uma grande cachoeira cinza de seda. Ao ver a cachoeira, as pessoas que estavam no rio correram em direção a ela! Pularam com tudo nas pedras revestidas de pano bruto para chegar ao centro da cachoeira. Todos a adentraram, menos eu. Eu que tentei alertar todos de que aquele lugar não era seguro, eu que tentei dizer que o que procurávamos já tinha sido descoberto! Mas já era tarde demais. Os poucos que conseguiram ouvir meus baixos gritos se espalharam naquele cenário cinza e acolchoado! Foi quando um homem que aparentava ter seus 20 anos chegou e disse para nos escondermos por entre os tecidos cinza, pois em poucos minutos ou até mesmo segundos, os compradores iriam chegar! Só deu tempo de me esconder no primeiro tecido que aparecera na minha frente! Entrei por debaixo do algodão e ficara ali, apenas observando. Quando dei minha última espiada por cima dos ombros, vi meu irmão, assustado entre as grandes cortinas de cetim se balançando com a brisa fresca. Quando me dei conta, os compradores já tinham chegado. Tinha ficado num lugar onde tinha a visão de uma grande porta, onde os compradores entravam rapidamente. Eles se espalharam rápido, e falavam muito, mas eu como estava assustado e tenso, não ouvira direito. Minha respiração estava pesada, sentia meu coração batendo perto do chão onde eu estava. De repente entrou uma família nuclear, com apenas um filho, o qual aparentava ter uns sete ou oito anos. Era uma criança como qualquer outra, curiosa. Foi quando esse garoto viu que tinha algo estranho debaixo daquele tecido de algodão e foi correndo em direção a ele!Largando a mão de seu pai, que conversava com o rapaz o qual aparentava ter 20 anos. O garoto ficou olhando fixamente para aquele pano de algodão estranho, ele chegou tão perto que olhou dentro dos meus olhos! Foi nessa hora em que comecei a respirar com mais força, pois aquela tensão toda me deixara sem folego! Porque eu não podia ser descoberto! Foi nesse momento em que trocamos os olhares que ele gritou e chamou seu pai, dizendo que tinha alguém ali! E ele foi tão convincente que seu pai começou a acreditar nele! Mas o rapaz de 20 anos, vendo a situação não deixara que o pai se aproximasse de mim, dissera que estava enganado e que crianças tem a imaginação fértil. O pai meio desconfiado acenou com a cabeça e concordara com o rapaz. Depois dessa tensão abaixei minha cabeça e cobrira com a touca do meu moletom, e fiquei apenas no aguardo. O tempo passou como se tivessem acelerado a cena, no momento em que o local estava vazio o rapaz de 20 anos se aproximou de mim, me falou assustado e com pressa, com a respiração tensa que era para eu sair dali! Eu rapidamente me levantei e sai correndo em direção a grande porta. Quando chegara ao limite da entrada do local, o rapaz gritou, e veio correndo com pressa em minha direção. Perguntou pelos outros, onde estariam eles naquele momento? Como não foram pegos ou descobertos pelos compradores? Eu dissera que estavam dentro da cachoeira ou pelos arredores do rio. Ele apenas abaixou a cabeça e colocou a mão na testa, demonstrando desânimo, perda, e tristeza. Colocou a mão sobre meu ombro e disse que eu poderia ir. E ele voltou correndo para a grande sala cinza acolchoada.
Autor:Rangel Amon.