Entre o céu e a terra (Cap 15)

-Fugir? Endoidou? - Oliver perguntou, olhando pra ela.

-Não... Mas é o único jeito de sair daqui..

-Tá maluca mesmo.. É mais fácil você se comportar e falar comigo no banheiro, para evitar que sua enfermeira ache que sua doença está agravando... do que fugir de um Hospital de doidos.

Claire se calou, por um instante.

-Não sei..

-Se você parar de insistir que não é louca, e não gritar mais, talvez eles a tirem daqui antes do que você pensa... - Ele aconselhou, segurando uma das mãos dela.

-Talvez tenha razão. - Ela colocou a mão solta no queixo.

A maçaneta da porta, se mexeu. Martha.

-OI QUERIDA... está precisando de algo? - Ela sorriu, de um jeito amigável.

-Não, Martha, não é? - Claire pronunciou pela primeira vez, o nome da enfermeira.

-Sim, querida. Quer mais revistas?

-N-não. Ah, e já tomei meus remédios.

Martha deu uma boa olhada pelo quarto.

-Confiarei em você.. Se eu ver algum comprimido por aí, terá punições...

-Sim, Martha, você já me falou disso - Claire parecia impaciente.

Ela sorriu, piscando para a garota.

-Voltarei antes do almoço.

-Certo. - Claire tentou parecer bem disposta.

Ouviu aplausos, vindos de Oliver.

-Uou... sua encenação de Garota-bem-disposta-num-hospício me comoveu..

-Haha.. Aposto que não atuaria tão bem quanto eu.

- Ih... acabei de lembrar que ela me falou que vou consultar um médico...

Oliver deu uma breve risada.

-O que eu faço, meu caríssimo conselheiro? - ela perguntou, levantando-se do colo dele.

-Hum... vejamos... - ele coçou o queixo - Acho que, deve ser franca com ele. Deve ser a mais normal possível, talvez ele a avalie dessa vez, e dê um segundo diagnóstico, comprovando que você não tem nada. Aliás, que você tem um parafuso a menos... nessa sua cabecinha pra namorar o Nathan.

Claire riu.

-Eu teria um parafuso a menos.. se estivesse namorando um fantasma, anjo ou sei lá o quê, tão lindo, porém tão convencido. - Ela falou, quase sorrindo.

-Ok, agora preciso fazer alguma coisa, que não seja, passar a manhã olhando pra você - Claire, falou por fim.

-Tõ indo ver as crianças... e, elas ainda insistem que somos namorados...

-Ok. Tchauzinho - Claire, sorriu, distraída com as revistas.

Oliver foi até onde Claire estava, quase sentada no chão e roubou-lhe um beijo.

Depois sumiu, deixando-a completamente sozinha no quarto.

Eram quase meio-dia quando Martha foi levar o almoço no quarto.

Colocou a bandeja na mesinha ao lado da cama, e observou a paciente ler as revistas que estavam espalhadas na cama.

-Claire? - Ela falou, querendo a atenção da garota.

-Hum? Oi.

-Aqui está seu almoço. Se troque, e eu a levarei ás 14h para visitar o Dr. Portgosh.

-Que sobrenome mais esquisito... parece nome de comida de ceia de natal.

Martha riu.

-Ele é da Grécia.

-Ah, então deve ser muito grogue, hein?

-Isso é sério, Claire. Agora, ande. Come logo, que quando eu voltar aqui, quero que esteja pronta.

Claire a olhou.

Depois, Martha se virou em direção á porta e saiu.

Ela ainda folheava a última revista, desinteressada, quando Oliver apareceu.

Ele parecia chateado.

-Acontece que a velha que está te substituindo é uma chata. Conta cada história sem graça para as crianças. Uma chegou até a berrar: QUERO TIA CLAIRE!

-Awnnn.

-Mas, e você? Ficou bem, sem mim?

-Uhum. Tava lendo revistas, até agora.

-Hm.. e tem alguma coisa interessante?

-N-não.. só aquela sua namoradinha que eu não quero ouvir falar o nome, com umas matérias sobre moda.

-Hm... ahh, Grace?

-Eu falei que não quero ouvir o nome dela.

-Ok. Agora, coma.

-E se eu não quiser?

-Vai me fazer virar o super babá?

- Eu não sou criança...

-Mas parece uma...e daquelas birrentas!

Ela pegou a bandeja com almoço, e a posicionou em seu colo, na cama.

-Coma.

-Vai me obrigar?

-Não.. Mas não quero vê-la magra e anêmica por aí... além do mais, ficará fraca se não comer.

-Awn.

-O que foi?

-Você, todo fofo, preocupadinho comigo.

Oliver sorriu.

Claire deu a primeira garfada. Depois a segunda, e por fim, já havia comido toda a lasanha mais esquisita que ela já vira.

-Muito bem, boa garota. - Oliver falou, retirando a bandeja do colo dela.

Claire se dirigiu ao banheiro, e escovou os dentes.

Depois, foi até a mala, e procurou uma roupa para ir ao médico. Foi então que notou a roupa branca do dia anterior, dobrada e seca, em cima da outra mala.

-Não... não devo usar isso de novo... - Ela falou, com cara decepcionada.

-Ah, você que fica sexy, dentro disso - Oliver se intrometeu.

Claire se virou pra ele, com a blusa-vestido em mãos.

-Isso aqui? Isso não combina comigo...

-Talvez não.. Mas pelo que vi, combina sim.

-Tudo bem, agora me deixa ir me trocar pra ir logo ver esse doutor grogue aí...

Foi até o banheiro, se trocou rapidamente, e fez uma trança no cabelo.

Voltou pro quarto, mas desviou a cama, e foi até a janela, onde Oliver estava parado.

-Algo interessante?

-Não. A Não ser aquele senhor grudando meleca na enfermeira. - Ele apontou para um velhinho, que estava sentado em um dos bancos do pátio, colocando o dedo no nariz e o colocando de volta, na roupa da enfermeira.

-Uou. É impressão minha, ou está mais quieto, desde que voltou da CCHS?

-Não.. é impressão sua, mesmo! - Oliver deu um sorriso, desconcertado.

Mas Claire sabia. Sabia que havia alguma coisa acontecendo, e ele não queria dizer a ela.

Martha a chamou, de fora do quarto.

-CLAIRE? Está pronta?

-Sim. Pode destrancar a porta. - Claire pediu.

Oliver, já do lado dela, sussurrou um Boa Sorte, no ouvido dela. Fazendo a pele dela vibrar. Vibrar de excitação. Aquele "Boa Sorte" soara mais sexy do que ela havia esperado.

E saiu pra consulta.

Quando chegou até a sala do médico, conduzida por Martha, só havia um homem e a enfermeira, á frente dela.

Claire seria a próxima a ser atendida.

Não demorou mais que dez minutos até a porta ser aberta.

Um homem de cabelos grisalhos, e com um bigode, apareceu.

Martha a conduziu para dentro do consultório. Claire foi sentada numa cadeira, de frente para a mesa do médico.

-Muito bem. - Ele falou, sentando na cadeira, de frente para a garota. - Claire... Snell, isso?

-Uhum. - Claire tentou parecer a mais normal possível.

-Vejamos... Esquisofrenia fase inicial?

-É o que dizem.. - Claire falou, desinteressada.

O Médico se levantou.

-Muito bem, senhorita, preciso que me diga, com franqueza, se ouve as vozes, ou tem falado sozinha, como diz aqui no formulário de internamento da Clínica..

Claire ficou calada.

Martha respondeu por ela.

-Sim, doutor. Ela fala sozinha, as vezes.

-O QUÊ? - Claire parecia surpresa.

-Hm... senhorita, acalme-se. Tem alguma pessoa, que você vê?

-N-não.

-Algum espírito, algo assim?

- Não.. - Claire mentiu.

Todas as respostas, foram anotadas pelo médico.

-Liberadas.

-Espera, que consulta é essa, que só dura 2 minutos?

O médico deu sinal para que Martha contesse Claire, e a levasse.

Elas saíram do consultório, rapidamente.

Claire ia reclamando da consulta com Martha até chegar no corredor da atendente. Parado, estava um rapaz, com mochila nas costas.

Um rapaz muito familiar pra ela. Então ele virou o rosto na direção de onde Claire estava andando.

Os olhares se encontraram. Então, Claire reconheceu.

Nathan Fields. O namorado-viajante de Claire.

Larissa Siqueira
Enviado por Larissa Siqueira em 23/12/2013
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