Entre o céu e a terra (Cap 9)

-COMO ASSIM, MÃE? PAI, FAÇA ALGUMA COISA! - Claire levantou-se, histérica. - E-eu estou bem, eu não estou louca, gente!

Rose e John Snell olharam para Silvie. Um olhar do tipo:

ISSO-NÃO-VAI-SER-FÁCIL.

-Olha só, C. - Silvie começou. - Eu sei que é difícil, pra você. Até porque, já percebi que já se adaptou ao ritmo daqui. Mas, querida, conversar e rir sozinha., não é normal.

-Excesso de crianças! É isso! Algumas me deixam assim! - A garota tentou argumentar.

Ficaram calados. Claire sentou, e Silvie, com as mãos juntas, se dirigiu a ela:

-Bem, querida. - sua voz soou leve. -Vamos fazer o seguinte, então. Creio que tomamos uma atitude radical, Sr e Sra Snell.

Eles concordaram com a cabeça.

-Prossiga, Silvie. - Claire pediu, educadamente.

-Faremos o seguinte, Claire. Chamarei a Sr. Golden, a psicóloga da cidade, para fazer algumas sessões com você. Certo?

A Garota bufou.

-Ainda acham que sou doida, né?

-Enfim, você ficará o resto do mês, todas as tardes, exceto aos fins de semana, indo visitá-la. Conforme os prontuários que ela fizer, houverem diagnóstico de algum distúrbio mental, lamentamos. Mas você irá, sim, para a Hardley Menthal Clinic, em Flowertown.

Os pais da garota, abraçados, iam tocar a filha, mas ela se esquivou:

-Eu sou uma maluca, né? Cuidadoo... não queiram tocar numa doente mental - Ela falou, ironicamente.

Então, os três se despediram de Silvie, e saíram.

Foram o curto trajeto, calados. Só se ouvia o barulho da velha caminhonete.

Quando chegaram em casa, Claire correu pro quarto. John e Rose, resolveram conversar a respeito da filha:

-Não acho.. Não acho que Claire tenha alguma doença, John. - Rose começou - Ela nunca demonstrou nenhum indício de distúrbio.

John mexia as pernas, calado.

-Mas o que as funcionárias falaram, é sério, Rose. Precisamos tratá-la o quanto antes.

No quarto, Claire jogou a mochila no chão, fechou a porta e se jogou na cama. Lágrimas escorriam, uma atrás da outra.

-Tudo culpa dele... Tudo... -Ela se lamentou

-Eu? O que tem eu? - Ela ouviu uma voz masculina aparecer, e se sentar aos poucos, na cama dela.

Quando levantou o rosto, levou um susto. Oliver estava lá.

-O... o...

-O que eu estou fazendo aqui?

-é.. - Claire falou, ainda choramingando.

Oliver apenas sorriu.

-Diz logo o que faz aqui... Você nunca sai daquela... daquela sala... E-eu achei que... era porque... era porque você.. tinha morrido lá.

-Mas é. E-eu só posso ir até onde as pessoas que gosto, ficam. Fora isso, eu sempre fico lá. Lá em cima - Ele apontou com o dedo do meio, pra cima, meio que proposital - É mais cheio de regras do que você imagina!

Claire estava rindo.

-Você viu o que você fez? com o dedo..

-Fiz de próposito. - Ele confessou.

-Sabe, você não é um fantasma ou como queira ser chamado, tão chato quanto eu pensava.

-Eu? Chato? E prefiro ser chamado de anjo, certo? - Ele deu um meio sorriso. Seus olhos verdes brilhavam.

Claire se levantou, e enxugou o rosto.

-EEEI... Não gosto de vê-la chorando. - Ele se aproximou para tocar o rosto dela, e limpar as lágrimas.

-Nem vem... É tudo culpa sua!! - Claire desviou-se dele.

-Culpa minha? - Oliver fingiu estar ofendido - Assim você quer machucar meu lindo coração.

Ela deixou escapar um sorriso, mas ficou séria.

-Por causa de você, agora acham que sou maluca. Aliás, acho melhor vir pra cá, antes que alguém chegue. - Ela apontou pro banheiro.

-Hm.. É uma tentação ficar trancado com você nesse banheiro

-HAHA. Nunca trairia meu namorado. Mas vem logo, minha mãe ou meu irmão podem me ouvir - Ela abaixou a voz.

Entraram no banheiro.

-Sem segundas intenções. Só conversar. - Claire esclareceu.

Oliver deu uma ajeitada no cabelo.

-Banheirinho legal, hein?

Claire sorriu.

-Ok, deveríamos nos afastar por um tempo, até meus pais esquecerem essa ideia de me mandar para um hospício.

Oliver ficou calado. Porém, seus olhos verde-esmeraldas se arregalaram.

-Como assim?

-Sabe muito bem do que estou falando. Sei que fica vagando por toda a escola. - Claire lançou uma suposição.

-Tudo bem... Digamos que ás vezes eu fico nas paredes, espionando. Mas... eu não sabia, eu não sabia disso! - Sua voz, era calma, e com um pouco de surpresa.

Claire ficou calada. Depois falou.

-Me ouviram falando com você... e como... humm... não o viram, deduziram que eu estava falando sozinha.

-WOW!

-Wow o quê?

-Acabaram de me chamar de zé ninguém.

Ela sorriu.

-e-então... devíamos nos afastar.. Sei que vai sentir minha falta.. mas.. mas é o melhor a ser feito, agora.

-Eii... quem vai sentir minha falta vai ser você.. Mas... A gente vai se ver lá no CCHS.. Então, nem vai ter como.

-Eu quis dizer.. parar de nos falar... - o banheiro dela era pequeno o suficiente, para não haver nenhuma saída de ar.

-Calor, hein? - Ele falou, parecendo adivinhar o que Claire iria falar.

-U-HUM.

-Olha, se quiser tirar a blusa, eu não me incomodo. Sério.

A garota deu um tapa, no braço dele.

-Você... v-você é muito..

-Gostoso?

-O QUÊ? Eu ia dizer inconveniente! - Claire falou, quase sorrindo.

De repente ela ouviu alguém a chamando.

-Cabelo de macarrão escorrido... Está aí? - Era Bruce.

-Ih.. quem é?

-Meu irmão - ela sussurrou.

-O que é, miniatura de dálmata? - Claire falou alto de modo que Bruce pudesse ouvir.

-Mamãe e papai estão chamando você!

-T-tudo bem. - Uma ponta de nervosismo surgiu na voz dela;

-Sai daqui - ela sussurou pra Oliver.

-Tudo bem.. mas antes... - Ele falou, puxando-a mais perto, e roubando-lhe um beijo.

Rapidamente, Claire se soltou.

-Você é maluco?

Ele sorriu. Ela se virou, para lavar as mãos, e quando se revirou pelo banheiro, ele já havia saído.

-Caiu no vaso sanitário, foi? - Bruce falou, para Claire, que tocava a mão nos lábios. Quando percebeu o que estava fazendo, retirou a mão rapidamente.

-Que garoto mais maluco. Eu, hein?

Saiu do banheiro, e desceu.

-Querida, vem almoçar.

Claire se sentiu aliviada, por não ter que conversar sobre as doidices dela. Agora.

Depois que recolheu toda a louça da mesa, avisou a mãe que iria dormir. Coisa que ela não fazia há muito tempo. Geralmente depois do almoço, iria ver os Fields, mas como Nathan estava viajando, não havia o menor sentido dela ir visitar a família dele, sem ele lá.

-Não acorda muito tarde, viu, Claire? Iremos visitar a psicóloga ainda hoje.

-Ok, mãe. Vou ligar pro Nathan. - E subiu as escadas.

Entrou no quarto, e trancou a porta. Deu de cara com Oliver deitado na cama dela.

-Eu não te pedi pra ficar longe de mim? Falo grego, por acaso?

Ela olhou pra ele. Mas ele estava imóvel. Olhos fechados. Deveria estar dormindo, ela pensou.

Então foi até a mochila e tirou o celular.

Foi até o banheiro, e quando já estava com o celular na orelha, e se virou pro espelho. Lá estava Oliver.

- Que foi, tomou susto? - Ele fez a pergunta mais óbvia, ao vê-la respirando rapidamente.

-Claro né, bocó?

-Alô? - Nathan atendeu.

-O-oi Sweetie! Como estão as coisas, aí?

-Hm... hm... - ele hesitou, o que a fez lembrar de tudo o que Oliver havia revelado pra ela. -E-está sim. E aí?

-Também. Sinto sua falta.

- eU TAMBÉM.

Houve um silêncio.

-Claire? Tenho que ir agora, meu amor. Estão me chamando, aqui.

- Ahn... tudo bem... vou dormir um pouco! Te amo.

-Te amo também. - Nathan Fields falou.

E desligou o celular. 1 min e 44 segundos. Essa foi a ligação deles. Estava mais curta.

-Esse cara não te merece!- Oliver falou, Claire notando que ele ainda estava ali.

-O que ainda faz aqui?

Ele não respondeu.

-Ele não te merece, e com certeza será tão mau quanto o pai. - o tom de voz dele estava sério.

-Ah, e o que você sabe sobre amor?

-N-nada. Até porque quando eu era vivo, nunca me apaxonei de verdade. Mas há alguns dias, uma garota tem mexido com tudo, em mim. Até com meu intestino.

Claire ficou calada. Quase sabendo quem era a "sortuda". Sentiu uma ponta de alegria.

-E... e.. quem é ela? Conheço?

Oliver fez que sim. com a cabeça.

-Ela é você. Estou apaixonado por você Claire, e sei que está também, pois não pára de pensar em mim.

Larissa Siqueira
Enviado por Larissa Siqueira em 19/12/2013
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