Entre o céu e a terra ( Cap 7)

-M-Mas e as crianças? - Claire perguntou, olhando pro relógio.

-Elas chegarão, e darei um jeito de distraí-los. -Oliver falava, sério.

-Vamos. Estou esperando, diz logo. -Claire, mexia as mãos, impaciente.

-Tuuudo bem. Quer saber como eu nasci? Então, meu pai conheceu...

-Ok, ok. Pula essa parte! - ela o interrompeu.

-Então, eu morri, no ano em que você nasceu, segundo a sua ficha.

-Esperaaa... você andou olhando minha ficha?

-Tem problema? Então, era uma manhã de sábado, quando morri. Na verdade, pela noite. Tinha ficado com minha mãe organizando algumas listas, quando uma das moças que cozinhavam, deixara cair o fósforo no chão, e foi aí que as chamas começaram.

Claire olhava pro chão.

-Que foi? Tá tentando entender como surgiram as chamas no chão? Magia é que não foi. Então,horas antes do incêndio, eu e minha mãe tínhamos ido almoçar em casa, meu pai até tinha saído cedo. Estava a um dia de fazer 19 anos. Então, a tia da Silvie, essa velha daí da diretoria, tinha me dado uma das cópias das chaves, pra quando eu e minha mãe precisássemos. Eu estava como voluntário, na época, e estava me acostumando com as crianças, já. Então fomos almoçar, mas antes de chegarmos em casa, fomos até a biblioteca, encontrar com meu pai, e assim iríamos todos juntos. Só... que enquanto íamos, meu pai encontrou uma pessoa com a qual ele não se dá bem até hoje.

A Garota, que ouvia atentamente, tudo, olhando pro chão, lançou os olhos pro rapaz:

-Você pode ver seu pai?

Ele riu.

-Que espécie de filho sou eu que não vou vê-lo? Além do mais, tenho a missão de protegê-lo, já que minha mãe, não pode fazer isso.

-Porquê?

-Porque temos a ordem, de só nos materializarmos, sendo jovens. Minha mãe, não morreu na sua flor de juventude. Por isso. Então, posso continuar?

Claire, sorriu, consentindo.

-Então, a gente encontrou a pessoa com quem meu pai tem muita queixa. Tiveram uma longa briga, e acabou com o meu pai, com o rosto arranhado. Meu pai disse que iria se vingar, mas aquele idiota, disse, e prometeu na nossa frente, que chegaria antes. E faria de tudo, pra deixar meu pai na miséria. Um monstro. Matou meus avós. Ou melhor, mandou matar. Ele é um monstro. Se faz de bonzinho,mas é tudo máscara.

Os braços da garota, tornaram a arrepiar.

-E, sei que é pedir muito, mas aconselho-a a se afastar deles.

-Deles? Há mais de um monstro?

-Há toda uma geração de mosntros, Claire. Eles são descendentes de alemães, provavelmente tiveram participação no Holocausto, já ouviu falar?

-Uhum. Alemães Nazistas?

-Sim. Eles eram praticamente de mesma linhagem de um dos generais conselheiros de Hitler.

O sangue da garota congelou.

-Sei que é difícil, mas você está tão próxima deles, que nem sente.

-Perdão.. Eu não tô entendendo aonde você quer chegar...

-Eu estou, dizendo - Ele bufou - Que a corja dos Fields, são esses monstros. Verdadeiros monstros. E seu namorado também é. E se vocês forem avançar o sinal de trânsito, e tiverem um bebezinho, ele terá sangue..

-PODE PARAR? - Claire, gritou, no exato momento que as crianças entravam na sala.

-O-OI crianças! Tem jogos aqui, ó! - Oliver apontou com o dedo uma caixa azul cheia de brinquedos. - fiquem a vontade.

Claire, ainda paralizada pelo choque, não percebeu nem quando a mão de Oliver transpassou seu ombro direito.

-Sei que é difícil de acreditar, mas... é verdade! Os pais do meu pai,eram judeus, judeus mesmo, e foram mortos pelo Rickin Fields, o avô do seu boy. Depois que meu pai tinha ouvido as palavras ameaçadoras de Christian Fields, fomos pra casa. Ficamos até o pôr-do-sol, e então minha mãe lembrara de algumas fichas de umas crianças novas. A gente teria de passar pelo CCHS durante a noite, e pegar. Ela chamou, as cozinheiras que trabalhavam, na época, e então, depois do jantar, a gente saiu. Suponho, que um dos capatazes do Fields, baby, observava enquanto conversávamos, e correu pra avisar ao Christian. Que como Coronel de RoseLand dera seu "jeitinho'' e fora até lá. Quando chegamos, de imediato, não tínhamos sentido o cheiro da gasolina, mas estava espalhada por tudo que é lugar desta escola. - Oliver parou pra respirar, enquanto Claire, ainda calada, brincava de alisar uma das bonecas da caixa. - Então, ninguém sabe quem provocou o incêndio, mas tenho quase certeza que foi o pai do seu namorado... que aliás, sou mil vezes eu, viu?

Ele tinha feito um sorriso brotar do rosto dela.

- Estávamos na diretoria, e as cozinheiras, aproveitaram para cozinhar algumas coisas, pro lanche do dia seguinte, quando acidentalmente, uma delas, Ms. Praggy, deixara cair um fósforo aceso. Instantaneamente.... - ele fez uma breve pausa. - o fogo se espalhou, e foi queimando tudo que via pela frente. Assim que minha mãe ouviu os gritos de socorro de uma delas, ela saiu correndo, deixando-me a procura das tais fichas. Como ela estava demorando, fui á procura dela. Desci as escadas, que já estavam sendo consumidas pelas chamas. Tudo estava branco pela fumaça... - Quando Claire o olhou, os olhos esverdeados dele, estavam cheios de lágrimas. - E... eu tinha chegado tarde.... tarde demais. Entrei na cozinha.... e... uma delas, estava deitada perto do fogão. Ms. Praggy. Fui procurar a minha mãe...e...e a outra cozinheira... - Ele deu um leve suspiro, deixando as lágrimas caírem.

Claire, já não tinha suportado. Estava chorando junto. Como se a dor dele, fosse a dor dela. Era uma conexão que possuíam, era fato.

-Então... encontrei minha mãe deitada, ainda respirando, com dificuldade, mas respirando. Ela me pediu pra procurar um extintor, ela sabia que tinha um. Ela estava trabalhando há mais tempo que eu.

Então, minha mãe, tocou meu cabelo, sorriu, e me pediu que eu fosse até a última sala, do prédio. Próximo á janela, estaria um extintor de incêndio. Então, imediamente subi, correndo. Entrei, mas a sala estava possuída pelas chamas, estava tudo pegando foogo, e então, tentei o máximo, correr até a parede onde estaria o extintor. mas tropecei num pedaço de madeira, dos movéis... e inalei fumaça, muita fumaça. Também tive meu corpo queimado. Suava demais, mas ninguém aparecia, e então, num gesto desesperado de sobrevivência, tentei me levantar, mas a minha visão já estava escurecendo. Aquela linda salinha, de leitura, a qual se mantém, foi se apagando aos poucos da minha mente. E então, morri. Simples assim. Dolorido, assim.

Claire, então, num momento de estranheza, o olhou:

-E-espera... Sala de... d-de leitura... v-você morreu.... vocêmorreuaqui? - Ela falou, juntando as palavras.

Oliver, já mais calmo, sorriu, tristemente.

-E desde então, tenho estado por aqui. Mas sempre dou um jeito de aparecer nos sonhos ou na mente das pessoas que amo. Nas garotas também - Ele deu um sorriso, meio que fofo, meio que provocador.

Claire corou.

-Mas eu te peço... - ele falou - se afasta daqueles Fields... o quanto antes... você sabe, como anda os negócios do seu namorado?

Claire fez uma cara de surpresa.

-Como sabe que ele está viajando a negócios?

-Porque ele está indo pra uma armadilha... está indo... está indo, cometer um crime. Algo sério. Pode até ser preso.

A garota estava mais uma vez, de olhos arregalados.

-Mas.... Mas foi o Christian que mandou...

-Sim, apesar de eu não gostar desse cara perto de você... o seu namorado tá indo inocente, achando que vai cuidar dos negócios da família. Quando na verdade...

Claire, parou.

-Quando na verdade... ?

-Está indo matar pessoas inocentes pra vender os órgãos vitais delas.

Claire, caiu. Literalmente.

Larissa Siqueira
Enviado por Larissa Siqueira em 17/12/2013
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