Entre o céu e a terra (Cap 5)

Claire ainda estava em choque. Não, não podia ser ele. Não podia ser o mesmo Oliver.

-TEM QUE TER UMA EXPLICAÇÃO! - Ela falou alto.

-Claire? - Rose bateu na porta. - Aconteceu alguma coisa? Ouvi seus gritos...

-Não aconteceu nada, mãe. Tomei um susto, aqui. Uma barata. Foi só isso.

-Tem certeza, querida? - Ela perguntou, calmamente.

-Tenho, mãe. - Claire falou, rapidamente, suspirando.

Ouviu os passos da mãe se afastarem do quarto, e levantou da cama, colocando o notebook na mesinha de cabeceira, ao lado.

-Eu tô ficando louca... Calma, Claire Snell, você não viu nada, é apenas coisa da sua cabeça. Talvez eu nem li direito.

Ela falava pra si mesma, tentando se tranquilizar.

Voltou-se para o notebook e reabriu a página. Era verdade. A palavra MORTO, estava escrita, pelo menos umas 5 vezes em todo o Lead da matéria.

Ela não pôde acreditar, das duas, uma: Ou estava louca, ou aquilo não passava de uma mentira.

Claire, desligou o notebook, o pegou e levou pro quarto do irmão.

Voltando ao quarto, deu uma ajeitada no cabelo, e trancou a porta. Certificou-se do irmão não estar vigiando-a, como as vezes ele fazia.

Fechou a janela, que estava encostada, e debruçou-se na cama. Puxou a caixa, que estava intacta. Pegou o diário, e começou a escrever. Terminou, quando estava perto das 23h.

Tentou não pensar em Oliver, mas não conseguiu. Foi dormir, e aqueles olhos verdes estavam na mente dela. Se virou, e revirou da cama, mas só dormiu quando deu meia noite.

Na manhã seguinte, domingo, Claire se levantou quase ás 9h, o que provocou estranheza da família, já que todos sabiam que ela nunca acordava depois das 8h.

-Bom dia, querida. - A mãe falou.

-Oi mãe. Onde estão Bruce e o papai?

-Ah, saíram cedo. Acho que foram no Roseiral.

- Ah... O Nathan esteve aqui, hoje?

-Uhum. Ele me pediu para te avisar que quer encontrá-la no roseiral depois do almoço.

- Ok, recado dado. Vou até a biblioteca, viu mãe?

-Certo... Fazer o que, posso saber?

-Aiii dona Rose... Vou dar uma pesquisada em novas histórias para entreter as crianças.

-É Que eu estranhei... Você nunca sai de casa, aos domingos. A não ser pra visitar a Bonnie, coisa que não faz há muito tempo.

-A Bonnie e eu estamos afastadas, mãe! E o Nathan embarca amanhã pra tal cidade lá em Oklahoma... então vou logo lá, certo?

Rose Snell sabia que havia alguma coisa errada, então assim que a filha saiu, chamou Bruce, que estava na varanda de casa, lendo o ROSELAND'S DAY, o jornal da cidade.

-Bruceeeee! - Ela falou

-O que foi, mãe? Viu coelho azul, por aqui foi?

-Deixa de brincadeirinha, filho. Preciso que faça uma coisa pra mim. - Ela o encarou, séria.

Bruce, percebendo a seriedade sombria presente no rosto da mãe, ficou sério também.

-Diz aí, coroa!

-Mais respeito, menino! Onde já se viu chamar a mãe de velha? E ainda tenho 38, ouviu? -Rose passou a mão na testa, e depois, percebendo que estava desviando o assunto em foco. - Bruce... quero que faça uma coisa pra mim!

-Isso eu sei, mãe! Eu estava ocupado, procurando informações para a faculdade...

-Aham, sei. O tipo de faculdade que você procura, além das meninas que moram por aqui, né? - Ela falou, dando a entender que sabia das escapadelas do filho, com uma das amigas de Clarie, Jessie.

-OK, mãe. Diz logo!

-Filho, quero que ataque de detetive... Desloque os ombros, Sherlock, sei lá!

-Sherlock Holmes, mãe! Holmes! - Ele falou, sorrindo.

-Sim, esse mesmo. Você vai até a biblioteca da cidade, ver o que sua irmã anda fazendo por lá. Não engoli essa história dela ir procurar mais histórias pra levar pro CCHS... Vai logo, filho!

Ele pegou o boné de basquete que havia ganhado do pai, no último aniversário e saiu.

Andou o mais rápido que pode, até vê-la parada numa banca de jornais, falando com o vendedor. Tentou se aproximar, para ouvir o que a irmã dizia, mas temia que ela o visse.

Alguns minutos depois, Claire saía da Banca indo em direção á praça principal de Roseland, onde um pouco mais a frente, ficava a biblioteca.

Ela andou, sem saber, nem imaginar que estava sendo seguida pelo irmão.

Quando entrou na biblioteca, um breve calor, surgiu no coração de Claire. Ela deu um passo até a porta da cidade, e entrou.

- Bom dia, Mr. Martin. - Ela o cumprimentou, educadamente.

O bibliotecário, era um senhor que aparentava ter 70 anos. A barba rala, e o cabelo branco, deixava a idade mais evidente.

-Bom dia. Em que posso ajudá-la, senhorita... - Ele olhou a ficha de alguns cadastrados.

-Snell. Clarie Snell.

-Isso. Como estão seus pais?

-Estão bem, senhor.

Ele deu um sorriso simpático.

-O que a traz aqui? Por favor, não diga que foram suas delicadas pernas.

Claire sorriu.

-Não, senhor Martin.

Bruce estava parado atrás da porta da biblioteca, ao ver a silhueta magra da irmã no balcão de empréstimo de livros. Tentou, com dificuldade, ouvir o que ela falava.

-Senhor Martin, o senhor trabalha aqui há muito tempo?

Ele sorriu.

-Sim, trabalho há quase 25 anos, aqui. Sei cada título de livro daqui, sem querer me gabar, claro.

-Que bom, senhor. Se eu o perguntasse, algumas coisas, poderia me responder.

Dessa vez, o rosto simpático do velho, ficou sério.

-Depende do que você quer saber, e se estiver a alcance eu dar-lhe a resposta.

Bruce se espremia na porta, tentando não fracassar a missão. Temia que algum amigo o visse, espremido feito laranja azeda na porta da biblioteca e o fizesse ser a piada da cidade.

- O que ocorreu aqui na cidade de importante, em 1996?

Ele sorriu.

- VOCÊ nasceu!

Claire sorriu.

-Sim, certamente pros meus pais, e meus amigos. Mas sério, Senhor Martin, não houve um incêndio, mortes, algo parecido?

Os olhos dele se arregalaram. Olhos de "Como ela sabe disso?"

-Hum... Você está bem informada, hein menina? - Ele falou.

Claire sorriu. - Sim, senhor Martin, então o senhor afirma o que eu acabei de questioná-lo, certo? Houve realmente um incêndio em Roseland em 1996?

-Sim...Houve. - Ele abaixou a cabeça. - Foi fatal. Lembro-me como se fosse ontem. Alguém, tinha espalhado gasolina por lá, e a noite, quando uma das cozinheiras que faziam o lanche das crianças, acendeu um fósforo, que acidentalmente caíra no chão, e então.... e então todo o fogo começou. - Ele tinha algumas lágrimas espalhadas pelos olhos. - Perdi duas pessoas... que amava muito.

Claire sentiu os ossos da coluna se mexerem.

-Hm... Minha mulher, Kate. E.... - Ele chorava. - E... ah.... meu filho, Oliver... Meu querido e único filho...

Uma bomba parecia ter sido lançada. Como assim? Mr. Martin teve filho? E o pior, seu nome era OLIVER? Muita coincidência.

Claire moveu os olhos para o crachá do homem. Ernest Martin Stace.

Era verdade.

-Oliver Stace... seu filho? - Claire, perguntou, já sabendo que ele confirmaria.

O rosto de senhor Martin, a olhou:

-S-sim... Estava lá, sendo voluntário com as crianças... era um rapaz muito bom! olhos verdes iguais ao do avô.... meu pai! - ele falou, com a voz embargada pela dor da lembrança.

De repente, Claire sentiu uma tontura. Era ele.

-Hm... Muito obrigada senhor Martin... Devo ir agora! - Ela sorriu, sem graça para ele.

Bruce, percebendo que a irmã já estava de saída da biblioteca, correu até a banca de jornais, e colocou um deles, posicionado no rosto, de modo que ela não conseguisse vê-lo.

Claire saiu, visivelmente pálida, em direção á Praça. Seguiu direto pra casa. Assim que viu que a área estava limpa, Bruce ficou indeciso: Iria pra casa logo, ou iria ver sobre o que ela havia falado com o bibliotecário.. Resolveu ir pra casa, já havia cansado de brincar de Sherlock Holmes.

Quando Claire se aproximou de casa, John conversava com o pai de Nathan, Christian Fields.

-Oi Pai, Oi Senhor Fields.

Eles sorriram de volta. Ela não deixou transparecer o quão abatida estava. Subiu direto pro quarto.

Dez minutos depois, Bruce aparecia em casa.

- E aí, filho?

-E aí, que eu não consegui entrar na biblioteca, ela estava bem nas mesas da frente. Ela me veria logo. - Ele mentiu

-Hm... e depois que ela saiu? Não deu pra entrar?

- Não acho que a tarefa do bibliotecario seja vigilante do que os usuários fazem...

-Mas deviam ter uma boa ideia..

-Mas enfim, mãe, não acho que ela estivesse mentindo. Agora posso ir?

-Tá tudo bem.

Ele subiu pro quarto, e assim que viu a irmã deitada na cama, entrou, para conversar:

-Se veio aqui pra me chamar de pata rouca, é melhor ir embora!

-Não. - Sua voz demonstrou seriedade. - Quero conversar com você e preciso que me fale a verdade.

Claire se sentou na cama, de frente pro rosto do irmão.

-Diz.

-Mamãe me pediu pra eu segui-la. E eu segui. Ela me perguntou se você realmente estava fazendo o que disse que iria fazer.

O coração de Claire deu um salto.

- E você?

-Bem, eu menti. Mas isso não importa, está salva. Agora me diz o que você falava tanto com o Mr. Martin. Eu a vi pela brecha da porta.

Ela respirou fundo.

-Não mente, certo?

-Eu.... Eu estava perguntando sobre o.... o filho dele! Pronto, falei.

-E porque você quer saber do filho dele?

-Porque deu no jornal. Você não prestou atenção? Ou estava mais atento na Jessie?

Bruce pigarreou.

-Só isso?

-Só isso.

Ele se levantou, com a cara de "estou confiando em você" e saiu.

A tarde, depois do almoço, ela se trocou e foi ver Nathan.

Ele a aguardava no roseiral, sentado numa toalha de mesa xadrez, com uma cesta de comidas, ao lado.

-Hummm... que coisa romântica! - Claire falou, enquanto se aproximava

Nathan sorriu.

Quando ela sentou, ele passou o braço musculoso ao redor das costas dela.

Namoraram e comeram pela tarde toda. Sem nenhuma interrupção, e com a vista de rosas brancas e vermelhas ao redor.

No final da tarde, Claire se despediu do namorado,com um beijo demorado.

-Tenho que ir, agora. Te amo, e boa viagem, sweetie.

Ela falava, abraçada a ele.

Quando saiu do roseiral, um peso em seu estômago a fez cambalear. Lembrou da visão que tivera com Oliver.

Foi correndo até chegar em casa. Eles já estavam reunidos, para ver o pôr-do-sol.

-Chegou atrasada, C. - O pai dela falou.

A Noite passou rápida, para desespero de Claire, que se via ansiosa sobre o que diria no dia seguimnte, quando visse Oliver.

Ele era um fantasma. Definitivamente.

Larissa Siqueira
Enviado por Larissa Siqueira em 15/12/2013
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