A História de Crispim
Depois de meia-hora, ainda esperando, reparou do outro lado da rua um mendigo assistindo a um jogo de futebol numa televisão à cores, quase perdeu seu ônibus, que por incrível que pareça, estava vazio. Estranhou. Sentou-se ao lado de uma senhora de nariz grande que tricotava um suéter que, por sinal, tinha três ou quatro mangas. Logo, quando Crispim quase pegava num profundo sono, sentiu uma brusca freada. Ao olhar para fora, conseguiu ver que uma moça alta, loira de cabelos compridos deixou a carteira cair. Deu sinal e imediatamente saltou para fora levando junto, sem saber, um fio do tricô da velha senhora. Saiu atrás da loira para lhe devolver a carteira, mas ela havia sumido. Procurou-a dentro de museu e, imediatamente, foi premiado com uma réplica do quadro “Monalisa“, só que de sorriso escancarado. Recebeu aplausos e reparou o fio do tricô, que logo puxou e descobriu que na outra ponta trazia a tal loira alta que era, na verdade, seu chefe disfarçado que o mandava acordar e ir para o trabalho. Não era à toa que seu dia estava tão diferente, pois mal havia começado.