O AMOR NÃO ESTÁ NO CORAÇÃO {reedição}
O amor não nasceu no coração. Nasceu foi na doca deserta, onde Amarílis, cheia de enlevos, se deixou ficar. Ela foi entorpecida pelos sussurros do mar. As ondas ruidosas detiveram-na. Extrovertida nem se deu conta da maré que subia manhosamente com sua língua libidinosa, incitando o fogo da paixão que ardia alucinado em suas entranhas. A ternura despojou-a dos sentidos e o barco que chegou atrasado a encontrou sozinha e apalpar os seios desnudos, molhados pelas ondas do mar voluptuoso.
A noite a cobria de marrom. Relativamente exausto do labor Álvaro recostou na canoa, depositando nela os remos que movimentara durante o dia. Seus braços potentes abraçaram o corpo molhado da moça. Suas mãos tocaram as protuberâncias sensitivas por debaixo da blusa molhada. Ela respirou extasiada. A ausência de luz, depois da fuga do arrebol, fê-la pensar que eram as forças libidinosas do mar.
Tentou se livrar dos braços do gigante, mas algo mais forte a aproximava do tórax avantajado, do cheiro forte e másculo. Ele a apertou forçosamente. Ela não protestou, apenas gemeu. Os desejos pubescentes falaram mais forte. Um eflúvio de ansiedade ecoou do seu âmago.
As ondas grunhiram ruidosamente. A maré começou a ceder. Os potentes braços de Álvaro iam conduzindo o ato amoroso, enquanto a doca ficava repleta de desejos. O casal fez a canoa balançar frenética. Amarílis experimentou o sabor da lascívia pela primeira vez.
O vaivém dos corpos. O balouçar da canoa. Os sussurros do mar. A música entoada foram os condimentos para aquele momento sublime.
O amor de Álvaro e Amarílis nasceu na doca.