"OS PRESENTES" Conto surrealista de: Flávio Cavalcante

OS PRESENTES

Conto surrealista de:

Flávio Cavalcante

Eu morava na mesma rua que moro, inclusive na mesma casa também. O que diferenciava naquele momento era onde meus pais moravam. Eles viviam perto de mim. Eu morava numa rua e eles moravam numa rua paralela e numa ampla casa de um longo corredor. O que na realidade este fato não procedia. Eles sempre moraram em outro estado numa distância de quase 2.500 km de mim.

Dentro desta casa todos estavam numa felicidade e numa reunião em família como na realidade costumavam fazer. Era tradição todos se reunirem na casa dos meus pais para um bate-papo em família e tomar um café da tarde. Crianças brincando no arredor num corre-corre frenético, isso também acontecia.

Minhas irmãs estavam todas distribuídas na cozinha batendo aquele papo com altas gargalhadas com as histórias contadas pela minha mãe, coisa que realmente sempre aconteceu também. Minha mãe era uma pessoa extrovertida e brincalhona. Meu pai sempre foi muito pacato, mas uma boa praça. Também contribuía para aquela alegria em família.

Eu cheguei no momento da reunião. Sentei ao lado da minha irmã Cláudia e enquanto degustávamos algumas guloseimas feitas pelas mãos da minha mãe, desfrutávamos das histórias interessantes contadas por ela. Meu pai veio ao encontro de todos com muitos sacos de presentes, dizendo que queria presentear seus filhos.

Flávio quanto você calça?

Não me lembro de ter falado o número, mas recebi logo um objeto embrulhado em um papel brilhoso e vermelho. Pelo formato parecia uma sandália ou chinelo. Algo parecido.

Este é um presente. Tem mais ali.

Retrucou apontando para os demais que estavam espalhados num canto de parede. Logo minhas irmãs começavam a abrir os pacotes e era notória a expressão de felicidade quando cada uma delas conseguia desembrulhar cada presente. Era como se meu pai tivesse realmente acertado no gosto de cada uma. Coisa que não era comum. Meu pai nunca soube comprar este tipo de coisa. Qualquer presente que ele precisasse dar a alguém, minha mãe era quem tomava a frente de tudo. Mas ali parecia que foi ele mesmo que havia escolhido cada um e sabia o gosto que todos os filhos.

Num determinado momento eu peguei um dos meus presentes e sai para minha casa para fazer algo que não ficou bem claro. Mas lembro-me que saí bastante apressado e antes de abrir a porta da minha casa acabei acordando com esse sonho que provocou muitas saudades quando caí na realidade de que ambos já haviam falecidos. Acordei e fiz uma oração para ambos agradecendo por tudo que eles fizeram para o nosso bem-estar e deixando bem claro que a nossa felicidade era saber que eles estava bem e feliz. E dando quase como certeza de que um dia se assim for permitido, fatalmente vamos nos reencontrar e rir de tudo que aconteceu aqui nesse mundo e vamos desfrutar de cada momento juntos na nova etapa da vida eterna.

FIM

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 01/10/2013
Código do texto: T4505949
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.