Dia da Caça e Dia do Caçador

O corpo dela estava na cama deitado.Olhei-o como sempre,frio feito uma pedra de gelo. Pouco me importaria o impacto que causasse na sociedade, a celeuma na imprensa. O chão estava lavado de sangue.Os cobertores da cama estavam vermelhos. A luz do sol banhava os prédios-era bonito de ver as linhas de luzes douradas se chocando no cimento dos grandes dragões de cimento.

Acontecia sempre da mesma maneira. A abordagem na rua.Podia ser na praia,no cinema,numa praça pública,numa lanchonete,numa fila. Puxava um papo vazio que desbancava para algo mais íntimo e insinuante. Eu as elogiava,elas gostavam.Mulher adora elogios.Funcionava.

As mulheres numa cidade grande,tão carentes. Em poucos minutos estava na sua casa,apartamento, ou num quarto de hotel.

As furadas eram sangrentas,raivosas. O prazer sentido era indescritível. Alimentava-me do seu medo,pavor,pânico. Tendo alguém de errado nesta coisa é Deus-não queria que morressem. O meu desejo era que ficassem eternamente vivas gritando de dor.Pedindo por favor para parar.E, eu ali, furando,dando estocadas viris.A cada furada dada eu ficava excitado,de pênis ereto. Era excitante,um gozo indescritível.Esporrava,enquanto ela morria.

A cena era chocante,como sempre. O quarto vermelho,de sangue. Hora de ir embora e deixar o circo para a imprensa.Eu gosto,a imprensa gosta e muitos leitores gostam.Todos sádicos,não têm por que reclamar do que faço. Um bom livro não lêem,mas notícias de desgraça,todos gostam e lêem,mesmo que tenham letras miudinhas.

Banhei-me,sem pressa. lavei o sangue no meu corpo.Estranho,eu sangrava,parecia.Quanto mais a água do chuveiro lavava o meu corpo,descia vermelha,como se eu sangrasse de forma abundante.Assustei-me.Liguei o chuveiro mais forte.Havia a ansiedade de me lavar,estar livre daquele sangue incômodo,tão vermelho.Cobri-me com a toalha.Meu Deus. será que havia me ferido quando a golpeava? Como vou sair daqui ferido? Cobria o meu corpo com a toalha,como se fosse um mágico de circo,e que aguardasse que ao tirar a toalha não mais sangrasse.E, assim foi. Mágica.

Troquei de roupa e fui à porta. Dei uma última olhada para o corpo na cama.Estava desnudo e banhado por sangue.

Uma nova surpresa. A minha mão não conseguia segurar a maçaneta da porta.Eu não tinha tato. Mais uma vez fiquei assustado. Terrível foi ter dado uma passo à frente quando tentava forçar a porta,e a atravessei.Eu tinha atravessado a porta. Embasbascado voltei para o interior do apartamento dela, como se quisesse retornar para uma possível realidade que me tinha fugido. Ela ergueu-se da cama. Não demonstrou nenhum espanto por estar com o corpo lavado em sangue. Foi ao banheiro e se banhou. Fiquei espantado ao observar que a água lavava o seu corpo e ao arrastar o sangue revelou que o mesmo estava intacto,desprovido de ferimentos,sem furos de faca.

A faca estava no chão suja de sangue. Olhei para o meu corpo. Eu estava com dezenas de cortes e furos . Quando procurei,infelizmente eu me encontrei. Eu estava caído ao lado da cama.Muitos furos pelo ,e até pelas mãos,braços e rosto.

naquela noite foi diferente. A caça levou vantagem.Eu tinha encontrado alguém como eu.Ela estava viva. Tranquila,fria. Não haveria o circo montado para a imprensa. Ela costumava retalhar as suas vítimas e jogava fora em sacos pretos de lixo.Não sabia que a morte era assim,um simples abandonar numa estadia temporária numa casa frágil de carne.Os companheiros do mal vieram me buscar.Assustador.A aparência deles era feito aquelas figuras descritas nos livros apocalípticos.Riam da minha desgraça e prometiam muita dor e sofrimento numa nova morada- que seria longa- no Inferno.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 19/09/2013
Reeditado em 14/04/2014
Código do texto: T4489444
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