Um homem pássaro.

A campainha soou. Abri os olhos e lentamente fui ao banheiro, escovei os dentes e ajeitei a cara e o cabelo.

Logo deduzi que seriam os cobradores, os malditos e indesejáveis cobradores! Voltei para o quarto e vi as horas, 6: 44 h. Sentei na cama olhando os chinelos que eu deveria colocar. E acho que adormeci novamente, acho não, adormeci.

A campainha soou novamente. Resmunguei alguns palavrões e me levantei, o corpo estava dolorido, devo ter dormido em uma posição estapafúrdia,e sei que ia ficar com as costas detonadas pelo menos dois dias.

Fui andando pela ponta do pé, para olhar pelo olho mágico quem estava tocando na minha porta àquela hora. Não vi ninguém. Que bom, a pessoa desistiu e foi embora! Voltei para a cama, deveria ter mais meia hora de sono intranquilo.

Passei na cozinha para pegar água e havia um homem ali, um estranho.

Ele usava ternos pretos e me encarava com uma cara pálida, usava um chapéu e um óculos desses que não se vê mais há séculos.

- Quem é você? - Perguntei, notando que eu estava de pijama, descabelada, enfim. Que droga, como alguém pode me surpreender assim, eu estava desarrumada e sem maquiagem, nem tinha lavado a cara direito.

- Não importa quem eu sou, você deixou a água no fogo. - Disse o sujeito apontando a chaleira no fogão, e a água fervia, borbulhava e antes que eu me pronunciasse ele disse:

- Tome muito cuidado com o que você esquece no fogão!

- Como fui me esquecer?! Eu ia fazer um café.

Ouvi a campainha soar novamente. Senti um estalo, como se eu caísse da cama, caí e estava na cama, tinha adormecido outra vez, fora um sonho. Mas a campainha era real.

Me levantei, olhei as horas, 7:20 h. Coloquei os chinelos e fui para a cozinha na ponta dos pés. No corredor havia uma sombra projetada na parede, um homem de chapéu, como no sonho. Eu pensei que aquilo não poderia ser possível.

Me aproximei e o homem ao me ver assustou-se,e eu me assustei e dei um grito de pavor.

Então ele virou uma massa disforme que logo se transformou em um pássaro preto, um pássaro grande, em cima da mesa e começou a voar pela cozinha, voava em círculos até que encontrou a janela e se foi.

Abri a porta e não havia ninguém na rua. Coloquei a chaleira no fogo para fazer um café.Precisava ligar para a comadre e contar o que tinha acontecido.

Lilian Lourenço
Enviado por Lilian Lourenço em 31/08/2013
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