E Ele Não Viu...
É tarde, muito tarde. E agora, o que fazer?
O desespero começa a tomar conta. Quase 18:00 horas!!
O trem vai sair daqui a uma hora. Procura daqui, procura dali... E nada!
É inacreditável, estava ali em cima da mesa a dois minutos atrás... Inexplicável.
18:30 horas.
Algo muito estranho começa a acontecer em sua mente. A fisionomia antes calma, transforma-se num misto de esperança e sentimento de tragédia iminente.
Relaxe, relaxe. É preciso calma. Respire fundo...
Isso! Agora vá, procure o que talvez seja a coisa mais importante de sua vida. O que não poderá deixar de levar na viagem.
Daqui a pouco sai o último trem para o único lugar onde o cogumelo atômico não chegou. Senão pegá-lo a tempo, morte e destruição, e o pior de tudo: solidão, serão suas eternas companheiras à espera do fim...
Mas ainda resta uma esperança! Procure!
19:00 horas. É tarde, muito tarde...
Aquele homem ouve o apito de um trem, cada vez mais longe...
O derradeiro trem, que lhe tiraria de todo aquele horror. Mas ele se foi... A esperança se foi...
Caminhando pela cidade em ruínas, na chuva negra e ácida, andando por entre os corpos queimados, lojas semidestruídas, ele se vê frente a frente com algo muito mais assustador do que a realidade: Um espelho.
Um grito rouco e louco ecoa no caos.
Naquele espelho ele descobriu o que procurava com tanta angústia e desespero.
Estava ali o tempo todo... Em frente aos seus olhos, e ele não viu.
Ele não viu... Os seus óculos.