Angustiado Amor

     Desencantou-se dele . Não via mais doçura em seu olhar. E até as palavras se tornaram ásperas com fluência nenhuma de doçura, apenas de revolta e mal-querer.
     Não é submisso, pelo contrário, é soberbo e incoveniente. Nem o cão tem mais seu carinho e o procura para um acalento. Qual será sua posição diante da vida e do amor? Estará inserido no contexto da maldade? Ou seria um ser depressivo, vivendo e alimentando-se de incertezas?
     Um dia, ela chegou ao ao jardim para falar com as flores sobre seu desengano. Só havia rosas murchas, espalhando suas pétalas pela alameda do jardim por onde passeavam.. . Eis que repentinamente  parece vê-lo caminhar por aquele lugar tão especial.
     - David, chama-o incansavelmente para provar a si mesma que não era uma ilusão.
     - Meu Deus, meu Deus! Se ele veio até aqui, ainda lhe resta alguma coisa naquele coração tão inflamado de ódio. Aproxima-se dele e lhe diz: - Que bom que você veio ao nosso  lugar de paz onde trocávamos carinho de enamorados.
     - Desculpe-me,senhora, não a conheço. Lágrimas lhe rolaram dos belos olhos azuis. 
     - Como não me conhece, David? Sou eu, aquela que lhe proporcionou tanta felicidade, um dia..
     - Eu nunca fui feliz. Felicidade, felicidade... O que significa essa palavra?
     - Senhora, também não conheço o significado da palavra revolta.
    - Revolta, David, é o que traz dentro de si, talvez mágoa, não sei. A mágoa é veneno da alma. É o não reconhecer-se incapaz diante das vicissitudes da vida.
    - Por que essa transformação?
     - Trasformação ao que me parece, senhora, é o ato de se modificar alguma coisa. Eu me abstenho de falar nisso.
     De repente o vento começa a  soprar forte, destruindo as rosas murchas que finalmente teriam seu fim.
     Apesar de amedrontada, seu coração batia forte com a esperança de ver dissipada aquela nuvem escura que aparecera em seu relacionamento. Amélia olha firmemente para David e parece dizer-lhe com o olhar as palavras que lhe iam n'alma. Ele nem lhe corresponde o gesto. Parece um ser vivente, enclausurado apenas na amargura.
     - David, ouça-me. Peço uma explicação.
     - Explicação de quê? Para quem?
     Para alguém que precisa de explicação para esse enigma.
     Repentinamente o céu escurece. Cai chuva torrencial Ela corre e se abriga debaixo de um choupana. Ele não a segue. Amélia chora e infatigavelmente chama seu nome. Não há mais nuvens no céu. As rosas permanecem murchas. As pétalas continuam espalhadas pelo chão. Perturbada, boceja. Corre, corre e não avista David.
     - Deus meu, Deus meu! Tenho de ir. Quanto tempo  haverá de ter passado aqui, enquanto estive pensando em escrever a meu amado, falando-lhe do amor, da confiança, da lealdade e da alegria por se amar. 
     Ele não pode ser ninguém. Ele é alguém vivo e liberto. Preciso lhe falar que não quero o silêncio das pedras, apenas seu carinho e o sussurro em meu ouvido, dizendo: " Te amo. "
        
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Vilma Tavares
Enviado por Vilma Tavares em 17/05/2013
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