Zenod

E quando ele acordou o dinossauro ainda estava lá, e deitado no quintal ele se espreguiçava sobre a sua grama.

Por um momento, o acordar do rápido cochilo sentado na sua cadeira lhe trouxera a esperança que o monstro houvesse desaparecido, mas ao olhar para fora, lá estava ele novamente, e rolava calmamente por sobre a sua grama, e o homem trancado e observando oculto por trás das cortinas tentava imaginar, porque o maldito monstro não ia embora?

Ele se arrependia por ter pensado em ir para sua casa de campo na sexta-feira, e se odiava mais ainda por estar lá agora neste domingo, pois lá entre aqueles morros ele estava totalmente isolado, o celular não possuía sinal e ele não tentaria ser um herói em tentar correr para o seu jipe com o monstro do lado de fora, tentava relaxar e dizer a si mesmo que tudo o que tinha a fazer era esperar até que o monstro fosse embora.

Observou o dinossauro novamente, á quase vinte e quatro horas a criatura rondava em torno da casa, derrubou latas de lixo, bebeu água na piscina e agora se espreguiçava deitada ao sol, o homem tentava calcular qual seria o tamanho dele, talvez uns cinco ou seis metros, e afinal de contas, que tipo de coisa era aquela? Certamente (e infelizmente) era um carnívoro, não era necessário ser nenhum paleontólogo, bastava olhar os dentes da coisa quando ela abria a boca.

Pensou naquela história do mamute congelado, talvez o dinossauro estivesse todo esse tempo congelado em algum lugar, mas ele descartou logo a idéia, avaliou que isso dificilmente ocorreria num país tropical, talvez um iceberg que houvesse dado na praia? Talvez saído de algum laboratório onde cientistas estivessem recriando dinossauros ou coisas parecidas, mas isso pareceu muito ficção cientifica para ele, talvez a coisa estivesse hibernando numa caverna por milhões de anos, (mas algo hiberna por tanto tempo assim?) Talvez houvesse se desgarrado e vindo de um vale longínquo e perdido no meio de uma floresta onde a sua espécie ainda sobrevivesse, talvez fosse uma alucinação e ele estivesse louco (isso parecia ser o mais razoável para ele), e numa última possibilidade essa coisa teria vindo de algum tipo de “portal no tempo” diretamente do passado para o seu quintal, ou de uma dimensão paralela, avaliou que havia um dinossauro no seu quintal e que isso não seria menos surpreendente do que ter o monstro do Lago Ness na sua piscina (e logo a seguir na probabilidade de ir verificar a sua piscina assim que fosse possível), logo percebeu que qualquer teoria, por mais absurda que fosse, teria boas chances de ser provável.

Horas se passavam, e na sua mente a realidade se fundia com o fantástico, hipóteses e mais hipóteses sobre o maldito dinossauro no seu quintal, e ele já não sabia o que mais o incomodava, se o fato do dinossauro rolando sobre a grama do quintal ou a hipótese sobre de onde ele teria surgido, seria algum tipo de experiência alienígena ou algo sobrenatural invocado por alguém? Ele havia sido abduzido e estavam fazendo experiências em sua mente ou talvez alguém houvesse colocado algum tipo de droga em sua comida e tudo não passasse de uma “Bad trip”, ou talvez fosse a conseqüência de um efeito retardado das drogas usadas em sua juventude, ele estava dormindo e tudo não passaria de um sonho? Ele se beliscava constantemente até não agüentar mais a dor, mas mesmo assim não conseguia acordar.

Por um momento algo o distraiu de seus confusos pensamentos, olhou para fora novamente e percebeu que alguém vinha pela pequena estrada de terra que ia para a sua casa, e em direção ao dinossauro, o homem escondido por trás das cortinas ficou imóvel, não conseguia fazer nada, nem mesmo gritar para o estranho, um estranho que à medida que mais e mais se aproximava mais estranho ainda se tornava, o estranho era careca, possuía grandes pés e usava roupas de cores berrantes, era pálido, melhor dizendo branco, com um avermelhado em torno da boca e olhos, e possuía um...um grande nariz redondo e vermelho.

- ZENOD! Seu garoto mau! Era aqui que você estava? Garoto mau!

O Dinossauro sacudiu a grande cauda e encolheu a cabeça, o palhaço jogou por sobre o pescoço do animal a grande coleira que ele trazia no ombro e a fechou.

- Vamos pra casa AGORA! Você foi um garoto muito, muito mau fugindo de casa!

O palhaço puxou a corda da coleira e o dinossauro o seguiu um pouco encurvado, como se fosse um cachorro cujo dono o houvesse assustado com um jornal enrolado, até que desapareceram da vista do homem estático por trás das cortinas da janela, e ali naquele momento só lhe passou um único pensamento pela sua já agora absurdamente confusa mente.

- Eu realmente não imaginei essa possibilidade....

Extro
Enviado por Extro em 17/05/2013
Reeditado em 14/02/2016
Código do texto: T4294601
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