Viagem - In cantos e recantos
Era um ponto fixo, á margem da vida, esperando que pela estrada passasse por ali a novidade do ontem sumida na mesma estrada que vai e vem.
Parado à margem vigiava os passantes velozes em seus carros que, sequer, olhavam para o lado; via-se, apenas, o eterno sempre à frente.
O que à margem ficava era, apenasmente, imagem incorporada à paisagem, e o visto era o não-visto, pois que, lá atrás ficava somente miragem amorfa que a lembrança; recordação não dá a forma da mesma vida partida , rompida de um pedaço ao outro.
A mesma miragem incorpórea que ficava na paisagem era a lembrança da vida vivida daquele que seguia e o olhar através do espelho da janela do carro passando indiferente, era a Realidade invocada em sonhos que por sonhos se tornou, logo, distante do carro que voava na estrada reta que sempre, sem desvios para olhar-se a si mesmo. O instante que ficou, era o do mesmo Realidade que estática vivia, fluía no espelho cuja imagem ficou lá atrás.
Logo, adiante, tornou-se vazio. Perdera-se em si mesmo e o que era lembrança, foi a verdade avistada no espelho da janela do carro , que lá no distante ontem ficou refletida.