Surreal - Parte 2

A medida que ia entrando na floresta ia me familiarizando com seus sons e cheiros, sons de pássaros tristes e lúgubres com suas longas melodias, sons de cigarras, grilos, todo tipo de insetos e animaizinhos invisíveis pra mim, mas podia ouvi-los e até sentir os estranhos cheiros que eles exalavam, esses, se misturavam com o cheiro forte de todo o verde, terra molhada, flores exóticas e mofo, era uma floresta densa e úmida, quase não conseguia ver o céu acima de mim, só as copas das árvores e aqui e ali uma frestinha de sol, um sol pálido e ameno, mais para iluminar do que para esquentar. Tudo parecia igual, acho que acabei me perdendo, olhei para traz, para os lados e não sabia mais como voltar e nem sabia para que lado estava a casa de onde acabara de sair, não tendo outra escolha continuei a caminhar na esperança de chegar a algum lugar.

De longe avistei o que parecia uma clareira, um lugar onde a vegetação se rareava, como o olho de um furacão, um lugar onde quase lembrava uma campina; cheguei bem no meio da clareira e avistei uma enorme pedra, estava cansada e decidi subir na pedra e deitar um pouco, logo que meu corpo repousou sobre a pedra, meus músculos relaxaram e quase instantaneamente adormeci. Passado um longo tempo fui despertando, e a medida que ia abrindo os olhos percebia que não estava sozinha, lindos olhos verdes e sorridentes olhavam pra mim, fiquei ao mesmo tempo assustada e aliviada, já estava pensando ser a única pessoa existente nesta floresta. Já totalmente desperta olhei em volta e tudo que pude ver foi um vermelho flamejante pulando da pedra onde eu estava, olhei para baixo e vi um rapaz de pequena estatura, completamente ruivo, com sardas espalhadas pelo rosto todo, um sorriso enigmático e olhos tão verdes como esmeraldas faiscantes; Ele me encarou alguns momentos e saiu correndo em direção a floresta; sem pensar pulei da pedra e fui correndo atrás dele, ia seguindo o vermelho de seus cabelos no meio de todo o verde em volta, até que em determinado momento eu o perdi. Continuei um pouco e parei para recobrar o fôlego, me apoiei em uma enorme árvore para descansar, ia respirando fundo, tentando fazer meu coração voltar a bater em um ritmo normal, foi quando ouvi um riso envolvente e baixo, olhei para cima e lá estava ele, num galho forte e alto, pendurado com a destreza de um macaco.

– Você me seguiu!

Não era uma pergunta era uma afirmação. Como não tinha o que dizer, fiquei em silencio, só olhando para ele.

– Qual é o seu nome? . Ele perguntou de uma maneira amigável...

– Lyra, e o seu? Respondi sem ter muita certeza.

– Eu sou Seth, guardião da floresta! Disse ele com muito orgulho e animação. Deu um pulo e em um segundo estava de pé ao meu lado.

– Onde eu estou? Perguntei.

– Você não sabe? Como pode não saber onde está? Disse ele voltando a andar pela floresta.

– Simplesmente não sei... Disse seguindo-o.

– Tudo bem, eu estou aqui para te guiar, você tem uma missão e eu vou te ajudar.

– Espere aí, que missão é essa? Perguntei meio desconfiada; estava começando a achar que tudo isso era um sonho, parecia tudo meio irreal, mas por mais que eu tentasse acordar, as coisas iam ficando irremediavelmente reais.

– Ainda é cedo para você descobrir, venha que vou te levar a um lugar seguro e te dar algo para comer.

Fui seguindo o Seth por um caminho que ia ficando cada vez mais largo, com muitas flores e pequenas e brilhantes pedras.

– Pronto, chegamos... Disse Seth apontando para uma enorme e linda árvore.

Fiquei olhando, sem saber exatamente onde tínhamos chegado, até que ele foi andando em direção á grande árvore e deu uma seqüência de batidas no tronco e como que por mágica se abriu uma porta e apareceu uma escada que ia descendo para o interior da árvore...

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 21/03/2013
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