Diário dos Desejos - Capítulo 4
CAPÍTULO 4
Em sua curta vida de 15 anos aquela havia sido uma das experiências mais marcantes. Mesmo após a tensão da noite passada, Kay ainda se sentia torturado com a incerteza presente no comportamento de todos ao seu redor. Nunca antes quis tanto conhecer os colegas com quem dividia a sala de aula, pessoas desinteressantes para seus olhos que agora poderia ser o esconderijo ideal para o dono dos olhos rachados. Agora, sentado encolhido e assustado no fundo da sala, reconhecia as desvantagens de ser um antissocial.
- Eu não conheço ninguém aqui! - gritava Kay em sua mente com sua atenção totalmente focada na visão periférica - Como nunca percebi a tremenda desvantagem disso antes? Eu achava que evitando as pessoas eu acabaria evitando problemas, mas sem conhecer ninguém como poderei discernir uma pessoa normal de um possível assassino? Não há como fugir da improbabilidade, é impossível prever quando algo parecido com a noite passada se repetirá... O jeito é aprender a ser uma pessoa normal e me socializar.
A primeira aula estava prestes a começar. Faltando cinco minutos para o sinal tocar, a sala se enchia de estudantes, completamente estranhos para Kay, até todas as cadeiras estarem ocupadas. Apesar de chegar à conclusão de quer teria de se enturmar, escolhera a última cadeira da fileira do meio, onde poderia ter todos em seu campo de visão e ninguém atrás. Para ele não importava, poderia se preocupar em conhecer seus colegas em outra oportunidade, ou seja, quando tivesse uma mancha disponível para emergências. Sentia-se tão neurótico a ponto de acreditar que um deslize entre crianças pacíficas poderia matá-lo. Seu único consolo estava nas unhas de sua mão direita onde poderia contar os segundos à espera da mancha crescer, o que demoraria até a virada do dia.
No entanto, encontrou outra anomalia. Não apenas a unha de seu indicador direito, mas a unha do dedo do meio direito também possuía uma mancha branca. Ela era minúscula e inútil como a do indicador no momento, mas eram duas manchas! Mal pôde acreditar no que via, parecia-lhe um presente dos Deuses.
- Maravilha! - continuou pensando, sem nunca demonstrar sua alegria para outros com expressões faciais - Como foi que isso aconteceu? De uma noite para outra uma segunda mancha, isso é fantástico! Será que o estranho da noite passada está envolvido nisso?
Aquele breve momento de prazer clareou sua mente, o bastante para lembrar-lo de outra coisa que o preocupava sobre o estranho.
- Será que ele me viu? Quando ele foi embora? Não imaginei que ele acordaria antes de mim, não após ficar quatro dias sem dormir como ele havia dito. É possível que ele esteja aqui, em outra sala talvez. Ele tem acesso a esta escola, possui uma cópia da chave da biblioteca, e tem aproximadamente a minha altura. Eu não vi seu rosto, mas definitivamente está com a testa machucada depois de bater naquela porta.
O sinal tocou e a aula teria início assim que o professor entrasse. Até lá, Kay vasculhou com os olhos por qualquer testa com alguma marca, sem encontrar nada suspeito. Assim que o professor entrou, uma aluna levantou-se e pediu permissão para fazer um comunicado importante. Então, segurando vários convites, ela passou fileira por fileira distribuindo para cada um.
- Clare Prive - pensou Kay desinteressado - Filha do presidente da companhia Prive. Sua família é responsável por uma grande empresa de cosméticos. É rica, esperta, bonita e estudiosa. O que mais há para dizer?
Deixando de pensar para observar, assistiu-a andar entre as fileiras enquanto anunciava.
- Estão todos convidados para a festa de inauguração do mais novo produto da Prive! Ele será revelado nesta sexta-feira e conto com o comparecimento de todos vocês. A escola inteira está convidada para este evento. Não deixem de estar lá daqui a dois dias às 18 horas em ponto!
Quando chegou sua vez de receber, ele estendeu a mão para pegar o convite sem nunca tirar os olhos acusadores dela. Sabia que não poderia ser ela, tanto pela testa quanto pelos olhos, mas agia assim por instinto. Ela apenas sorriu para ele e disse:
- Vá e aproveite. Poderá conhecer muita gente e fazer amigos.
- Obrigado, eu vou sim.
Clare seguiu em frente para que todos recebessem, e quando terminou, agradeceu ao professor pelo tempo que tomou da aula e sentou-se. Durante a aula, Kay aproveitou para pensar sobre a festa e na conveniência para sua situação.
- Parece seguro. Acho que seria menos improvável seguir o bando do que andar sozinho, e posso aproveitar para conhecer meus colegas de classe. Refugiar-me na escola à noite parecia ser uma boa ideia, mas isso apenas abriu portas para acontecimentos improváveis, como a presença de alguém onde não deveria haver ninguém. Logo, o mais recomendável para minha situação é agir normalmente, como andar de bicicleta. Então está decidido, vou esperar até sexta-feira pela festa, e até lá estarei convenientemente com duas manchas brancas.
O tempo passou e nada de errado aconteceu até o dia da grande festa. Gostaria de continuar neste ritmo o máximo possível, porém tinha que fazer algo a respeito daquele dom antes que fosse tarde demais. Estava vestido com um conjunto esporte fino completo de acordo com as exigências do convite, ideal para a festa na mansão da estudante mais rica de toda escola. Era a primeira vez que via a casa de um colega de classe, e quando via era uma caríssima mansão na zona mais nobre da cidade.
- Só sendo rico para morar tão longe da escola. - Pensou indignado pela ideia, e sem um pingo de inveja - Se eu tivesse que ir daqui até a escola de bicicleta demoraria no mínimo 45 minutos. Praticidade acima de luxo.
Para chegar à entrada da mansão precisou pedir carona aos pais, que não hesitaram de ajudar pela nobre causa de fazer o filho participar de atividades escolares. Agora estava por conta própria.
- Tenho duas manchas se precisar. O que poderia dar errado?
Somente o estranho da biblioteca lhe vinha à mente. Aquele mistério o fazia querer deixar a escola o mais rápido possível assim que as aulas acabassem. Mesmo procurando não conseguiu achar ninguém com uma marca na testa, garoto ou garota. Nem mesmo a voz melancólica que ouviu naquela noite o ajudou na busca. Sabia apenas que a altura da pessoa sugeria sua idade de 15 anos, e que definitivamente não poderia ser ninguém de sua classe.
Dentro da mansão viu que a festa ocorreria no hall de entrada, que era grande o bastante para suportar o triplo do número de convidados presentes e ainda sobrar espaço. Como era sua primeira vez participando em uma festa tão cara, ele parou e viu o que havia disponível. Sua atenção foi roubada primeiro pelo bufê que era atacado incessantemente por esfomeados, não por fome, mas pelas iguarias que temiam acabar a qualquer momento caso não aproveitassem enquanto podem. No entanto, assim que alguns pratos se esgotaram, garçons se aproximaram vindos da cozinha para repor tudo que havia sido esgotado.
A música era adequada e diferente ao mesmo tempo, uma espécie de mistura de música eletrônica com instrumentos clássicos como piano e saxofone. Um gosto musical estranho, pensou, mas versátil para o ambiente e público. O vestuário masculino era comum e entediante, diferente das garotas que mudavam de cor e forma para cada exemplar de vestido. Além disso, apenas uma última coisa chamou sua atenção. Preso a várias paredes estavam balões brancos e amarelos numa proporção de quatro para um, o que o fez sentir-se desconfortável por lembrar-lo de flores, consequentemente do pólen que é alérgico.
Mesmo sabendo que estava lá para conhecer pessoas e fazer amizades, o estranho da biblioteca não saia de sua cabeça. Ele poderia estar lá, observando-o de um canto talvez. Não seria improvável levando em conta que toda a escola estava convidada e presente. Novamente, passou a vasculhar o lugar com os olhos em busca de uma testa que se encaixasse com suas expectativas. Um curativo ou uma cicatriz, qualquer coisa. Foi quando reparou em um pequeno detalhe que nunca passara por sua cabeça antes.
- Meu Deus... - disse frustrado - E se o estranho tiver franja? Ele pode usar o próprio cabelo para disfarçar o machucado! Achei que poderia aproveitar a festa para observar os estudantes das outras classes e procurar o estranho, mas tem tanta gente aqui com penteado de tigela que isso será impossível. Estou sem ideias, minha única alternativa é ficar alerta e torcer que ele não tenha me visto na biblioteca.
Havia uma proporção de um a cada dez garotos com a testa escondida pelo cabelo. Se tentasse se preocupar com ambos os sexos poderia ficar a noite inteira suspeitando sem chegar a nenhuma conclusão precisa. Entretanto, mais uma vez lembrou-se de outro detalhe importante que demorou tempo demais para perceber. Ele ainda estava próximo da entrada, e tudo que fez desde que chegou à festa foi observar desconfiado para todos os lados.
- Droga! Fiz de novo - pensou tenso e com vergonha de estar sendo observado - Estou pensando demais em um lugar que eu deveria me socializar. Já devem estar comentando sobre como pareço suspeito parado aqui, apenas observando as pessoas. Deste jeito não vou conseguir conversar com ninguém, vão me evitar. Preciso de um plano rápido...
Durante seu habito de pensar demais sem agir, um tapinha em seu ombro quase o fez dar um salto de susto. Com os pelos eriçados, se virou e viu uma garota loira extremamente familiar. Era a representante Clare Prive em um vestido branco que, de alguma forma, o fez sentir-se extremamente perturbado. O formato das dobras sugestivas a fazia parecer um enfeite de jardim.
- Clare?! O que houve com seu cabelo?
- Tingi especialmente para esta noite. Gostou?
- Se gostei... - Não, na verdade o incomodava e muito. Aquilo o lembrava de uma experiência traumatizante de quando tinha oito anos. De forma resumida, envolvia uma flor chamada copo de leite, semelhante ao vestido que a representante usava esta noite. - Claro, combina com o vestido.
- Que bom que pensa assim. Era exatamente essa minha intenção.
- Você sempre tinge o cabelo para se parecer com flores?
- Nossa! - disse ela surpresa - Não sabia que entendia tanto disso. É a minha flor favorita.
- É, gosto da aparição do copo de leite no desenho Alice no País das Maravilhas.
- Você é a primeira pessoa a descobrir a flor que represento. Como recompensa vou dizer qual a primeira surpresa desta noite.
- Primeira surpresa? Não tem medo que eu espalhe?
- Paradão como você está aí? Nenhum pouco - disse, fazendo uma pausa para rirem - Se trata de um perfume novo que meu pai fez pensando em mim. Até mesmo o nome do produto será Clare Prive.
- Seu pai deve ser um cara bem legal. Boa sorte na estréia do novo produto.
- Obrigada. Tente se socializar. Sempre o vejo sozinho na escola.
- Pode deixar.
Então Clare se separou de Kay para conversar com um grupo de amigas próximo da pista de dança. Ela tinha razão, pensou, precisava aproveitar para conhecer mais pessoas. Ter esta conversa, apesar de perturbado com lembranças ruins, o fez lembrar que é bom conversar às vezes. O único problema era quem deveria se aproximar para dialogar.
- Seleção - pensou - Tudo que preciso fazer é evitar me aproximar de garotas para não fazer parecer que tenho segundas intenções. Ah! E claro, evitar aqueles que não consigo ver a testa.
A maioria parecia estar acompanhada, e seria complicado se entrosar em um grupo de repente. Pensando assim decidiu escolher os poucos indivíduos desacompanhados que remanesciam espalhados. Para ajudá-lo a agir com mais naturalidade, pegou um copo com refrigerante de um garçom ambulante e se aproximou de alguém.
- Oi.
- Ei - respondeu o estranho de cabeça raspada.
- Qual a sua turma?
- 7-C, e você?
- 7-A, eu achava que você fosse mais velho.
- Tudo mundo diz isso - disse o estranho rindo - Acontece sempre desde que raspei o cabelo.
- Sério? E por que raspou?
Desta forma a conversa fluiu melhor do que esperava. Após conhecê-lo melhor, os dois continuaram conversando até que Kay lembrou-se de um detalhe interessante.
- Sabe... Anteontem ouvi umas pessoas de outra sala falando sobre algo estranho que viram na biblioteca da escola.
- O que?
- De um dia para o outro, não se sabe quando exatamente, uma mancha vermelha foi encontrada em uma das mesas da biblioteca.
- Nossa, eu ouvi exatamente a mesma história! Sinistro, não é? Dizem que deve ter sido à noite que a mancha surgiu, e também acham que era sangue. Será que a escola é assombrada?
- Duvido - disse Kay sem duvidar daquela possibilidade - Mudando de assunto, tenho um amigo que está tendo dificuldades para dormir. Conhece alguém com o mesmo problema? Poderia ajudar com alguma referência.
- Não, ninguém da minha sala tem insônia.
Sabendo que aquele sujeito não o ajudaria com mais informações, despediu-se educadamente e partiu em busca de outra pessoa. Em seguida conheceu alguém de mais outra sala, e assim foi até que teve referência de pelo menos um estudante de cada classe. Muitos ouviram falar sobre a aparição medonha de uma mancha de sangue na biblioteca, mas ninguém parecia conhecer alguém na escola que sofresse de insônia. No máximo ouviu histórias de estudantes que frequentemente passavam as aulas de cabeça baixa dormindo, mas isso era comum demais para levar em consideração.
- Não faz sentido - pensou - Uma pessoa não pode sofrer insônia e não demonstrar. Alguém perceberia cedo ou tarde. Quem sabe eu poderia usar um desejo para me ajudar a descobrir quem é o estranho daquela noite?
Até então tudo que o mantinha investigando era a curiosidade, não a necessidade de sobreviver. Mesmo tendo sentido um medo mortal naquela noite na biblioteca, fora graças àquela experiência que obtivera uma segunda mancha. Caso contrário, ainda estaria dependendo de um único desejo à sua disposição por vez.
- Talvez eu devesse parar de ver esse tal estranho como um inimigo. Aquele medo todo que senti era tudo invenção da minha cabeça. Tudo porque estava paranoico com a ideia de perseguição e de um assassino atrás de mim sem nenhuma razão. Eu deveria era agradecer, mas antes preciso encontrá-lo.
Dos auto-falantes ouviu-se a voz de Clare. Ela estava com um microfone no palco de anúncio prestes a fazer um discurso sobre o novo produto já conhecido por Kay. Após chamar a atenção de todos para o palco, apenas ele se distanciou para aproveitar a oportunidade. Com todos os convidados aglomerados em um mesmo lugar seria o momento perfeito para descobrir de uma vez por todas o responsável pela segunda mancha.
- Não há como agradecer apropriadamente sem conhecê-lo. Vou aproveitar que são 23:45 e descobrir quem você realmente é.
Fechando os olhos por um instante, fez o pedido, transformando a mancha da unha do dedo do meio em um minúsculo ponto. Voltando a abrir os olhos, procurou ao redor da multidão por alguém que se distanciasse ou comportasse estranho. Havia feito o mesmo pedido daquela noite, para que a mesma pessoa dormisse. Pensou que se realmente sofresse insônia o estranho não recusaria uma oportunidade sequer para dormir, onde quer que fosse. Um som oco foi ouvido, semelhante a um saco de farinha batendo contra o chão. Ele veio de trás, a poucos metros de suas costas. Kay virou o rosto lentamente e viu que, de trás de um pilar de concreto abaixo das escadas, havia alguém sentado com as pernas esticadas. De repente, a cabeça do indivíduo se inclinou até que sua posição ficasse imóvel. Parecia estar dormindo.
Novamente sentiu um arrepio subir-lhe a espinha, lembrando-o da noite aterrorizante. Raramente deixaria de notar alguém, principalmente quando acreditava que todos estivessem em um mesmo lugar. Sua presença esteve escondida de seus sentidos o tempo todo, desde que chegou à festa. Definitivamente seus olhos não viram aquele sujeito em nenhum momento, coisa que só poderia ser possível caso estivesse se escondendo de propósito, pensava Kay assustado.
- Não importa - disse engolindo seco - Agora é minha melhor chance.
Durante o discurso da representante, ele se distanciou da multidão para se aproximar do estranho atrás da pilastra. Seu cabelo escondia seus olhos e, é claro, a testa. Passo a passo ele se aproximou lentamente e silenciosamente. Nada o impediria de tirar a franja para revelar a testa e o rosto, mas mesmo assim precisou tomar coragem para se agachar à sua frente. Algo chamou sua atenção, a boca do estranho se movia. Ele falava dormindo, com voz fraca e formando palavras precisas, mas infelizmente Kay não sabia ler lábios. Como tinha mais medo de encostá-lo, aproximou o ouvido para talvez entender o que dizia, conseguindo discernir algumas palavras.
- Abra seus olhos.
Não sabia se tinha interpretado corretamente, mas foi que achou ter ouvido, e ele repetia aquelas palavras incessantemente durante seu sono, uma vez por respiração. No entanto, a prioridade era saber quem ele era. Lentamente e evitando tocar sua pele, usando apenas o indicador com a mancha branca, afastou uma porção da franja para confirmar a marca de uma cicatriz. Porém, foi desnecessário. Ficou claro que era o mesmo sujeito da noite na biblioteca quando seus olhos subitamente abriram, revelando o branco tingido por rachaduras vermelhas e as pupilas negras que o queimaram por dentro. Não soube como reagir, ele nem cogitara a possibilidade de o estranho acordar tão rápido. Estava paralisado sem saber o que fazer e, quando a franja do estranho deslizou pelo seu indicador de volta para cobrir parcialmente aqueles olhos, o movimento súbito dos fios de cabelo foi o bastante para assustá-lo tanto a ponto de cair para trás.
De lá, caído no chão, era possível ver Clare falando alegremente com todos e prestes a encerrar o discurso, ao mesmo tempo que o dono dos olhos se levantava lentamente sem nunca deixar de encará-lo. Seus olhos completamente abertos eram tudo em seu rosto sem expressão, exatamente como a primeira vez que os viu. Vê-lo era como sentir a própria alma queimar, um olhar atordoante que o deixava incapaz de virar o rosto ou de fugir.
- Que medo - pensou incapaz de piscar - Não consigo sentir nada além de medo. O que ele quer de mim? Por que ele me olha assim? Como ele acordou tão rápido? Eu desejei que ele dormisse. Que desgraça está acontecendo aqui? O que faço agora? O que faço agora?
Sem perceber o que acontecia ao seu redor, Clare já terminara de fazer o anúncio sobre o novo perfume. Em seguida ela deu início à segunda surpresa.
- E para finalizar esta noite maravilhosa, é com grande prazer que divido a todos a essência da nova fragrância Clare Prive!
Com um controle em mãos ela pressionou um botão que desencadeou na explosão de todos os balões espalhados pelo hall, incluindo um balão principal localizado no teto. Em poucos segundos a essência de copo de leite inundou o ambiente, acompanhado de uma chuva de delicados brotos de copo de leito vindos do teto. A multidão aplaudiu a surpresa e a fragrância liberada pelos balões, mas logo a exaltação foi acobertada por exclamações de alerta. Alguém tossia freneticamente e de forma preocupante.
Clare notou de imediato que algo de errado acontecia por trás das pessoas que formavam um pequeno círculo próximo das escadas. Ela correu como seu vestido permitia, abriu passagem entre as pessoas e viu Kay lutando para respirar enquanto se contorcia no chão.
- Kay! Alguém me ajude a levá-lo para o carro, temos que levá-lo ao hospital!