"AS DINAMITES" Conto surreal de: Flávio Cavalcante
AS DINAMITES
Conto surrealista de:
Flávio Cavalcante
Seria cômico se não fosse trágico. É impressionante como o nosso cérebro reproduz imagens e conta uma estorinha nos nossos sonhos nos dando uma sensação de total realismo. Só que às vezes acho particularmente que ele faz uma viagem longa e louca. Mostra-nos uma abstração tão perfeita que nem o mais renomado artista plástico conseguiria estampar em suas telas a precisão de uma imagem sobreposta em outra com tanta riqueza de detalhes; contando uma estória tirada da mais profunda ilusão.
Aconteceu comigo na noite anterior no dia 25 de janeiro de 2013. Era tudo muito confuso. Só sei que eu estava com um grupo de pessoas numa espécie de pedreira. O lugar estava bastante movimentado e eu distribuía algumas bananas de dinamites em quatro cantos de uma imensa pedra disposta nessa pedreira. Parecia que eu fazia parte de um grupo de pesquisa ou algo parecido. Havia bastante gente naquele local com o mesmo objetivo que não ficou muito claro do que se tratava.
Num passe de mágica todos os companheiros não estavam mais presentes e só restava eu naquela pedreira no meio do nada e eu não estava mais pondo e sim retirando as bananas de dinamites. Andei alguns metros com elas em minhas mãos e “BOMMM” Elas explodiram. Olhei para trás e vi pedaços de mim por todo lado. Repentinamente estava eu dentro da casa da minha irmã Cláudia tentando uma comunicação e eu falava pra ela que eu não estava vivo; pois, ela era a única ver-me. E por mais que ela falasse para todos que estavam na sala que ela estava me vendo, ninguém estava acreditando no que ela falava.
Mesmo dormindo eu sentia uma tremenda aflição por querer convencer á todos que eu estava ali, mesmo sem a vivo do corpo físico; mas eu estava e ao mesmo tempo sentia-me aliviado por saber que a minha irmã estava me vendo e tentando convencer á todos que eu estava presente..
Repentinamente, também num passe de mágica, eu já não estava mais ali naquele cenário e sim em um campo cheio árvores. Parecia uma espécie de sítio. Eu sabia que estava morto e fui á procura dos meus pais já falecidos. Bem á frente avistei um orelhão antigo e uma mulher procurando dentro de uma bolsa uma ficha pra fazer uma ligação. Escutei uma voz de algum lugar e me falou “PRESTE ATENÇÃO. VEJA BEM QUEM É AQUELA SENHORA!”.
A ficha caiu em mim que eu estava praticamente diante da minha mãe e saí em direção a ela para pregar uma surpresa. Fui me aproximando lentamente, enquanto ela incansavelmente procurava dentro da bolsa a tal ficha para fazer a ligação. Foi quando ela olhou para trás e eu disse “MAMÃE”.
Assim que ele me viu se esvaiu em lágrimas e eu também não conseguia segurar a emoção. Chorava descontroladamente.
Acordei suspirando muito forte. Fui á cozinha bebi um copo d’água e voltei pra minha cama, muito pensativo e saudoso. Acabei dormindo.
Flávio Cavalcante