ALLAN E EMINI (AMOR ENTRE IMORTAIS)
França, século XV. A Guerra dos Cem Anos finalmente chegava ao fim e a França estava livre do domínio Inglês.
No entanto, a batalha entre lobisomens e vampiros e pela alma dos mortais estava apenas começando.
Um Cavaleiro Negro retornava pra casa, a cidade de Orleans, depois de décadas lutando nos campos de batalha. Seu nome era Allan Toran. A Ordem dos Cavaleiros Negros era temida e considerada amaldiçoada mesmo pelos ingleses. Lutavam apenas de noite e diziam que seus cavaleiros se alimentavam de sangue. Allan usava uma bela armadura negra com alguns detalhes e desenhos muito bonitos em prata, o mais marcante era o rosto de um lobo na altura do peito. Trazia consigo duas armas, uma espada embainhada nas costas e um punhal de prata na cintura. Estava sem capacete e tinha a fisionomia realmente linda, embora fosse marcante em seu semblante o ar impiedoso dos predadores. Por isso, ao mesmo tempo que causava interesse provocava pavor. Com traços finos e pele muito branca e pálida, pareceria um doente terminal se não fosse sua aura de guerreiro, realçada pela armadura negra que provocava arrepios. Mas a coisa mais insólita da criatura da noite eram seus olhos espelhados e prateados. Para alguns eram angelicais e para outros um convite a morte.
O vampiro entra na Taverna do Uivo do Lobo sendo observado pelos mortais curiosos. Até ai, nada de estranho. Era uma máquina de matar perfeita, tudo nele atraia sua presa. No entanto três estranhos plebeus com cheiro de cachorro molhado logo chamam a sua atenção. Estavam mal vestidos e pareciam bêbados, mas eram enormes e muito fortes.
O Vampiro apenas senta-se numa mesa e pede um cálice de vinho enquanto lança um olhar desafiador sobre os três.
Naquela mesma ocasião, ele não percebeu que também era observado... Discretamente... é claro. A mulher que servia as mesas... Observava-o num misto de espanto e veneração, ela já tinha ouvido falar sobre eles, mas jamais havia encontrado um assim, tão perto. E então de aproxima da mesa com a bandeja e diz:
- Milorde... Sua bebida!
Ela automaticamente deixa o cálice sobre a mesa e se afasta.
Notando também que os três bêbados ao lado observavam-no sem nada a dizer. Levou-os novamente a bebida.
Ela então ficou atrás do balcão, esperando que alguém solicitasse... mais alguma coisa... mas não conseguia tirar os olhos daquele ser.
O vampiro recebeu o vinho sem se quer olhar para ela, mas quando a garota começou a se afastar sentiu o perfume natural que emanava de seu corpo e fixou seus olhos prateados e sombrios nela por um bom tempo.
Num determinado instante seus olhos se cruzaram e ela pode se ver refletida na vista dele. Em seguida Allan tomou um gole de seu vinho e então se levantou indo na direção dela, mas foi subitamente bloqueado por um daqueles três homens fortes e altos.
Embora mais ninguém no bar soubesse o motivo daquela briga, Allan sabia muito bem.
Havia sentido a metros de distancia o cheiro de lobisomem deles e os lobisomens tinham a certeza que os cavaleiros negros eram vampiros. O homem de mais de 1,90m diz então sussurrando no ouvido do cavaleiro.
- Você não vai se alimentar hoje sua criatura miserável das trevas.
O vampiro então dá meia volta como se fosse embora e saca subitamente e numa velocidade sobre-humana sua espada e degola a criatura..
O sangue jorra em grande quantidade pra todo o lado.
O rosto e a parte frontal da armadura de Allan ficam encharcados e, provavelmente a garota também tenha se sujado de sangue..neste mesmo instante, algo ainda mais surpreendente e apavorante acontece.
Os outros dois plebeus se transformam em lobisomens bem na frente de todos. Pronto, a confusão estava formada e o tumulto e o medo imperaram no lugar.
Todos saíram desesperados daquele lugar, apenas ela refugiou-se atrás do balcão, onde se achava completamente protegida da confusão.
Ainda sentia aquela criatura em seu íntimo. Os dois Lobisomens eram enormes, feras vorazes, capaz de acabar com qualquer um que cruzasse o seu caminho, ela já estava acostumada com os Lobisomens, porque eram fieis fregueses naquele estabelecimento, se não mexessem com eles, tudo ficava bem, por um segundo ela temeu por aquele desconhecido, os dois animais ferozes avançaram sobre ele, todos os dois ao mesmo tempo, ele desvencilhou deles e com uma habilidade fora do comum, os Lobisomens lutaram valentemente, mas aquele ser era muito mais rápido que eles, decapitou-os sem chance de defesa dos mesmos. Imagem horrível de ser vista...
Havia sangue por toda a parte, fazendo-a sentir náuseas pelo cheiro de morte que tomou aquele lugar e de repente o silêncio. Ela continuava abaixada atrás do balcão, sé então notou suas vestes, completamente coberta de sangue. Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos, embora vivesse naquele local há tempos, jamais havia visto tal derramamento de sangue. Resolveu ficar ali... esperando que aquele estranho se retirasse do local, e que tudo voltasse ao normal.
Durante o conflito os caninos do vampiro se tornaram grandes e visivelmente insólitos assim como seus olhos que ficaram prateados e luminescentes e ele se preocupou em ter quebrado a máscara (descobrirem que ele é vampiro) mas ao ver que todos tinham fugido, sentou-se e essa idéia saiu de sua cabeça.
Além disso, tinha outras preocupações. Seu corpo estava todo dolorido. A armadura havia sido perfurada e sua carne rasgada em vários lugares pelas garras dos lupinos. Cerrou os olhos apoiando a mão sobre o rosto e soltou um grunhido abafado e sinistro de dor e então se levantou e sussurrou
- Preciso de sangue... e então é que se deu conta que a garota havia ficado e a olhou diretamente em seus olhos...
Mas logo em seguida fitou a garotinha dela como um lobo faminto. Obviamente ela notava que ele não era humano, podia não saber que se tratava de um vampiro mas não teria duvida alguma que a criatura diante si era uma serva das trevas. Porém, assim como várias drogas que matam e atraem o coração angustiado dos mortais ele, provavelmente, a atrairia. A despeito de todo o medo que ela poderia estar sentindo, talvez não saísse correndo, pois ele a desejava e queria possuí-la por completo, não apenas seu sangue, mas também sua alma e ela sentia isso...pois o espírito da garota já estava sendo devorado pelos pensamentos sombrios do vampiro e ela se sentia mais desejada do que jamais havia sido
Mas ela, sentia o perigo, então concentrou-se tentando desvincilhar-se dos pensamentos daquela vil criatura e sua primeira providência foi fazer com que sua adorada sobrinha estivesse em segurança então sussurrou algo em seus ouvidos e a pequena garota, saiu do recinto pelas portas do fundo... ficando ela e aquela fera apenas. Eles se observavam mutuamente... nem uma palavra... nem um gesto... parece que o tempo tinha parado naquele momento, ela viu-se então refletida nos olhos daquele ser e sentiu um calafrio.
Só então notou os ferimentos naquela fera... lentamente... virou-se e pegou a garrafa de absinto....oferecendo a fera em sua frente e dizendo:
- Tome um gole.... e vá.... em breve virão atrás de você!
Allan pegou com firmeza no pulso dela numa velocidade sobrenatural, a taça de absinto chega a cair e quebrar.. a garota podia reparar que no lugar dos dedos dele haviam garras de vampiro.. a criatura das trevas então aproxima seus caninos do pulso dela, estava quase lhe dando uma mordida quando a empurra com certa força.. Talvez ela tenha caído...então observa sua própria mão esquerda que estava tremendo bastante...logo cerra a mão e a tremedeira praticamente cessa. Seus olhos prateados tornam-se vermelhos, marejados de sangue.. ele então sussurra fitando o chão um tanto desolado..
- Os mocinhos não fogem..o que você acha que eu sou sua idi..*tosse* quero dizer...senhorita...
Se levanta e vai até ela...seus caninos haviam diminuído e seu semblante era de um nobre cavaleiro..
- Eu não sou um assassino, apenas um cavaleiro amaldiçoado e sobre essas criaturas que matei, são seres repugnantes..
Se aproxima ainda mais dela...suas garras haviam desaparecidos também..aos poucos voltava a ter a aparência humana.. Inspira o perfume que exalava da pela da garota..em verdade, com seus Sentidos Aguçados, o vampiro podia sentir o cheiro delicioso de seu sangue que exalava através de sua pele macia.
-Além disso, o que você acha que os guardas mortais do governador podem contra mim?..
Pega com cuidado no pulso da garota, o mesmo que havia apertado com força e ela pode sentir a mão gélida do morto-vivo em sua pele morna..
- Lembre-se, você e sua filha não devem contar sobre a minha natureza a ninguém..
Diz com a voz rouca e abafada a olhando numa mistura de seriedade e ternura...e então fita o chão enquanto sua mão fria escorrega pelo braço da garota até chegar na palma da mão dela...o vampiro então sussurra algo inesperado aos seus próprios ouvidos.
- Desculpe milady...solta a mão da garota.
- E é claro que você tem o direito de agir como bem entender mas saiba que se souberem da minha natureza eu matarei a todos...
A olha ternamente, impressionado com a beleza e perfumes da "mortal"*
- Somente a sua vida e daqueles que você ama serão poupadas.
Ela olhava-o imaginando o que se passava em sua mente sombria, mas não conseguia entender. De repente ouve-se barulho lá fora... são os guardas do governador.... teria de fazer algo... Olhou para aquele ser e disse:
- Saia pelos fundos.... seu segredo esta seguro comigo, não quero mais sangue derramado aqui.
Ele não disse nada... pegou sua espada.. e saiu pelos fundos. No mesmo instante... os guardas entraram e como de costume... já foram revistando tudo... antes de perguntar o que tinha acontecido. Intimamente ela rezava para que aquela criatura tenha tido tempo de sair dali antes deles o virem. Um guarda disse:
- O que houve aqui?
Ela simplesmente respondeu:
- Briga de bêbados meu senhor... sabe como é!
Ele respondeu ríspido:
- Sei... e onde está o assassino?
– Ele saiu assim que matou-os... não sei informar.
Eles recolheram os corpos... ficando apenas aquele odor de sangue no ar... Finalmente saíram, e foram atrás daquele ser.....
Só então ela se deu conta dos últimos acontecimentos... sua roupa suja se sangue... sentia a morte em sua alma... Mas mesmo assim desejava que aquele estranho estivesse realmente em segurança. Alguns dias se passaram, e não teve mais noticias daquele ser.... talvez fosse melhor assim...os lobisomens voltavam a freqüentar seu estabelecimentos parecida que tudo estava em paz
Por conta do tumulto formado naquela noite fatídica, a inquisição aumentou o cerco contra as criaturas das trevas na região.
Também a tribo dos lobisomens mortos começaram a freqüentar muito mais o bar em busca de pistas e vingança. Um dos lupinos, na sua forma humana se aproxima da garota:
- Boa noite, se você sabe do paradeiro do assassino me diga, ele é mais perigoso do que você pode imaginar.
Nesse mesmo instante, um lindo lobo branco possuindo um olho azul e outro verde entra no recinto. Muitos ficam com medo e outros apenas curiosos.
O lobo se dirige diretamente para a garota como se fosse dela... A mortal poderia imaginar se tratar do vampiro, mas não havia criatura ou magia capaz de provar isso.
O lobo senta-se perto dela e roça sua cabeça em sua perna numa forma de afeto e para surpresa da garota sua temperatura era quente..depois o animal observa com atenção aquele lupino e também o resto de sua tribo que estava sentada numa mesa
Simplesmente ela respondeu aquele Lupino que nunca mais havia encontrado tal criatura e que nem sabia de seu paradeiro,bem isso era verdade, ao menos até alguns minutos atrás, porque seu coração dizia que era ele, ali bem a sua frente.
Ela tentou disfarçar para todos, sobre o lobo... embora a tivessem questionado... ela disse que já cuidava dele a algum tempo na floresta e que agora ele vinha sempre visitar-lhe, mas era a primeira vez que vinha com a Taberna cheia. Ela acariciou a cabeça daquele lobo... e fez um gesto para que ele fosse para os fundos da taverna, lentamente ele se levantou, olhou para todos... e seguiu para os fundos. Mas de tempos em tempos, ele vinha até a porta, olhava-a e voltava. Ela estava ansiosa demais, para o fechamento da Taverna, queria se livrar de todos, e descobrir o que aquele estranho estava fazendo lá, já que era caçado, e que os soldados estavam sempre ali, e ainda mais, os lupinos estavam em completo alerta, em relação a isso.
E em partes ela estava curiosa demais, como ele teria conseguido essa mutação? Já passava da meia noite... quando o ultimo freguês foi embora, ela fechou tudo rapidamente, e certificou-se que ninguém observava o local, fechou bem as janelas e a porta principal, quando se virou, o lobo observava-a, e mais uma vez ela viu-se refletida em seus olhos.
O lobo se aproximou dela e, subitamente, retornou a sua forma!"humana". Estava novamente ali, o lugar onde era odiado e caçado, unicamente por ela. Mais do que tudo desejava o sangue que corria em suas veias. Chega ainda mais perto dela, quase recostando seu corpo gélido na pele trepida da garota e, nesse instante ela sente um calafrio sombrio, como se a própria morte a estivesse espreitando. Então pega suavemente na mão da garota, deslizando seus dedos frios sobre os dela. Nesse instante, ele a olha como há tempos não olhava para uma "mortal".
Sua admiração por ela ia alem do aroma enlouquecedor do seu sangue. O vampiro desejava devorá-la, mas também a queria possuir por completo e ela podia sentir isso através do seu olhar. Por fim, simplesmente diz..
- Milady, me daria a honra de saber o seu nome?
Ela olhou-o num misto de admiração, e medo...e disse:
- Meu nome é Emini... - Milorde... não é seguro para o senhor aqui.... não viu que estão todos a sua procura?, temo por sua segurança.
Nesse momento alguém bate na porta... ela olha para Allan... e apenas pede pra ele seguir para os fundos...cuido disso.
- Já fechamos... volte amanhã!
Mas continuavam a insistir na porta... quando ela resolveu abrir.
Era o líder dos lobisomens....que entrou e foi logo dizendo...
- Tem um lobo aqui....onde ele esta?
- Engano seu... ele já foi... voltou para a floresta.... onde é o lugar dele.Agora... se me permite... preciso fechar a taberna... tenho muitas coisas a fazer.
Num gesto... fez o lobisomem recuar até a entrada e bateu a porta... como se seguisse o instinto, correu para os fundos da taberna.. lá estava ele... sentado em um barril.. esperando ela voltar...(ela sorriu... ) e serviu-lhe uma taça de vinho...e disse:
- Fique aqui... os lobisomens estão vasculhando a floresta e os arredores do povoado, não é seguro partir agora. Mas Milorde... porque veio novamente até a taberna... sabendo que está sendo procurado?
O vampiro escutou tudo o que ela dizia, mas parecia mais interessado em observar todos os seus movimentos, tão graciosos e cheios de vida.
A admiração e o desejo da criatura das trevas por Emini era tanta que ele chegava a pensar se ela já não sabia a resposta para sua própria pergunta.
Ora seus olhos espelhados fitavam os dela, ora seu pescoço macio e perfumado pelo sangue inebriante que circulava pelas suas veias.
Então tomou um gole de vinho e se levantou aproximando-se dela e disse:
- Eu voltei por sua causa, Emini - sorri e nesse instante ela pode ver que seus lindos caninos afiados tinham crescido e seus olhos estavam mais brilhantes e prateados tornando o semblante do vampiro extremamente sombrio.
Ele aproxima sua mão gélida da dela, quase tocando, mas para antes disso, talvez nã quisesse assustá-la demais.
- Milady, te darei uma coisa que nenhuma vitima minha antes de você teve, escolha. Me de seu sangue, entregue seu corpo a mim por está noite ou então terei que fazer isso a força e não quero, se você sente alguma coisa por mim, seja minha por vontade própria, não me force a tomá-la pois me sentiria péssimo. Só não me peça pra ir porque isso não consigo, depois de sentir o perfume de seu sangue, sou assombrado todas as noites pela mordida que jamais dei e não consigo mais resistir ao desejo de possuí-la
E então ele se cala e espera a resposta dela com a paciência dos predadores que aguardam calmamente o vacilo de sua presa para atacar.
Emini... assustou-se com a proposta, e afastou-se um pouco de seu algoz amigo... Temia por sua sanidade.. seus desejos e tudo o que se passava em sua cabeça naquele momento. Sentia-se atraída por ele (porque não dizer completamente apaixonada por aquele estranho), parecia que ele poderia escutar seus pensamentos... Então tentou acalmar-se diante dele.
Deveria contar antes, quem realmente era, talvez isso fizesse que ele a odiasse e a matasse, sem dar-lhe a chance da escolha e disse:
- Milorde... Tenho que contar-lhe algo, antes que se aposse de meu corpo, de meu sangue e de minha alma. Não sou humana, como pensas... Então creio que não desejará mais meu sangue, como pensa e sim desejará matar-me como já fez com tantos....(ela deu uma pausa para acalmar seu coração e tentar analisar o efeito de suas palavras perante ele)... Sou uma vampira, e mostrou-se realmente como era, sou como o senhor, vivo aqui, porque aprendi a ocultar minha essência, pra minha própria segurança. Então... Qual sua sentença?
Allan podia mesmo sentir o medo aflorar dentro dela. Depois escutou com atenção e calma cada palavra que era emitida pelos lábios trépidos de Emini e deu um sorriso sereno mostrando seus lindos caninos afiados, quanto lhe pediu a sentença. Por fim, disse num sussurro abafado que parecia acalmar a alma da vampira.
- Não tenha medo de mim milady...alisa o rosto dela com as costas dos dedos como se tocasse numa flor delicada...
- Seu sangue pode não ser quente e cheio de vida como a de uma mortal, mas de você eu quero tudo. Tenho certeza que não existe na face da Terra mortal ou imortal que tem o sangue mais doce e puro que o seu e eu o provaria ao menos uma única vez mesmo que isso me levasse a morte tomado pelos pesadelos que você carrega em seu coração negro.
Nesse momento o vampiro aproxima lentamente seus lábios dos dela, mas não a beijaria forçadamente, ia bem devagar como se esperando a aprovação dela.
Embora Emini, pudesse sentir o desejo daquele ser sobre ela, temia pela sua própria existência, sabia que no fundo, esperava-o a séculos, via-o em seus sonhos mais secretos, chamava-o... Pôde saber disso quando ele adentrou em sua taverna, aquele corpo tão próximo, fazia-a tremer de medo e ao mesmo tempo de desejo, mas decidiu se render, talvez fosse a ultima vez que pudesse sentir um beijo, e depois disso seria apenas a dor e a morte... Mas correria o risco, porque no fundo confiava naquele ser, embora fossem completamente diferentes, ela podia sentir a fúria nele, a fúria que ela não possuía, porque ainda tinha mantido sua alma pura.
Então ela se aproximou de Allan, e rendeu-se ao beijo tão esperado, e foi um beijo tão terno, ela jamais esperava isso de um ser das trevas, que aos poucos seu coração foi se acalmando...
O beijo do vampiro foi realmente doce e terno,mas havia tanta dor no coração dele que logo ela tambem podia sentir a sua tristeza. Allan pegou na mão de Emini em baixo e sentiu os seus dedos suavemente como se pedisse a ela que lhe salvasse de toda sua dor. Mas não era suficiente, ele precisa da essência da vampira, mas, como não queria nada dela a força, tocou em sua face cálida a olhando com clemência.
A mão do vampiro estava mais fria que a própria morte. Nesse instante ela pode perceber que ele queria senti-la dentro de si. Mais do que isso, as mãos tremulas do vampiro tocando em sua face sagrada deixava claro a Emini que ele implorava pelo seu sangue. Ela podia sentir em sua alma amaldiçoada que a criatura das trevas queria descansar sobre os sentimentos e lembranças de seu sangue puro.
Os caninos de Allan estavam enormes e ele podia tê-la matado ali mesmo, mas via nela sua salvação e simplesmente recostou a cabeça sobre o ombro dela inspirando o perfume de seu sangue e sussurrou implorando
- Por favor milady, deixe-me provar uma gota de seu sangue que seja.
Nesse momento, Emini sabia, que não poderia mais fugir daquela fera a sua frente, eram iguais, de certa forma, então, ela exitou por alguns segundos, sabia que poderia ser seu fim, mas mesmo assim lentamente ela afastou seus cabelos e ofereceu-lhe o sangue que tanto desejava, e ao contrario do que ela esperava, ele aproximou-se lentamente e finalmente mordeu-a. A dor foi imensa, ela já não se lembrava disso e mesmo sem querer abafou o grito, preso em sua garganta, pois sabia que poderiam escutar..e os problemas seriam ainda maiores.
Ele enlaçou-a pela cintura, para que pudesse ter maior apoio sobre seu corpo, ela já não tinha forças para lutar, apenas pedia para que ele parasse no momento certo e não a matasse ali, porque os lobos sentiriam isso, e viriam atrás dele.
De olhos cerrados Allan sorvia o elixir da vampira sentindo toda a dor e obcuridade de sua alma negra. Bebia lentamente, mas não conseguia parar, sempre queria mais e mais, pois encontrava no sangue dela a salvação de uma vida inteira em desgraça.
Logo entrou em êxtase e seu corpo frio perdeu as forças, então sentou-se numa cadeira pegando-a como uma criança em seu colo e acariciando ternamente seus cabelos, sussurrou
- Eu te darei paz..
Entao a mordeu no mesmo lugar com mais força ainda disposto a devorá-la por completo. Tomaria até a útima gota de seu sangue puro e depois a sua alma imortal. Mas, o sangue de Emini, que poderia ser sua ruína, foi, na verdade, sua salvação.
Subitamente, Allan parou de sugar-lhe a vida e a abraçou. Estava com os olhos cobertos de lagrimas de sangue
- Desculpe minha anja, não sei o que me deu - sua voz estava abafada e engasgada e demonstrava um profundo arrependimento. - E eu preciso tanto de você, não posso perde-la.
Ela já não podia mais ouvi-lo naquele momento, estava fraca demais. Mas sentia-o em sua alma, sentia sua aflição, seu desespero, e apenas conseguiu suspirar mais uma vez, afirmando-lhe que ainda existia vida naquele corpo em seus braços.
Nesse momento, ouvem-se batidas na porta, estrondos pra ser mais certa e uma voz grita:
- Abra a porta Emini, sabemos que ele está aí! - a voz era do líder dos lycans, seu melhor amigo... Lucian, ela sabia disso...
Ela olhou para Allan, implorando para que ele a deixasse ali, e tratasse de se proteger, ela sabia se cuidar, então reuniu mais uma vez suas forças e disse:
- Vá, saia daqui, proteja-se, nos encontramos daqui a três dias, na cachoeira sabe onde é. Agora vá!
Nesse momento voltou a desfalecer nos braços de seu algoz.
O vampiro levanta-se com ela em seu colo, era tão forte que Emini sentia-se flutuando em seus braços, como se estivesse acolhida pela neblina fria da noite.
Então, a deita cuidadosamente no chão, abaixando-se diante dela. Morde seu próprio pulso e derrama sangue nos lábios da vampira, enquanto alisava seus cabelos com ternura. E ela soube naquele instante que fugir não estava nos planos do cainita.
- Sei que é seu conhecido, mas não posso deixar viver uma criatura que ameaça a minha amada. - sorri.
Apesar dos olhos prateados e caninos afiados, tinha o semblante dos anjos.
- Eu não tenho medo de morrer, só não me peça para ser um covarde.
Então recosta suavemente seu pulso nos lábios de Emini.
- Se quiser pode me matar agora, seria maravilhoso perder a vida nos seus caninos. Meu sangue e minha alma são seus para fazer o que bem entender.
Ao sentir o sangue quente do vampiro em seus lábios, automaticamente ela começa a sugar, porque seu instinto fala mais alto, era tão forte aquele sangue, que ela não pode resistir, sentia suas forças voltarem, e logo sentiu-se forte para levantar-se, tentou controlar-se ao máximo para não drenar todo o sangue que lhe era oferecido, pois á séculos não se alimentava assim, de outro vampiro, alguns minutos depois olhou para Allan e disse:
- Grata Milorde. Agora precisa sair daqui, sabe disso! Sei que não és covarde, mas não gostaria de ver sangue derramado novamente aqui. Irei ao seu encontro assim que possível. Confie em mim!
Nesse momento as batidas na porta tornava-se ainda mais fortes e outros lycans já estavam lá fora também acompanhando Lucian. Ela beijou-lhe os lábio, quase que implorando que partisse.
O beijo demorou por um longo tempo, fazia séculos que o vampiro não sentia prazer em sentir os lábios e o toque de uma mulher, então tocou em seu rosto cálido, ele tinha um sorriso discreto e estava ligeiramente trepido.
Seu coração queria obedecê-la, pois não queria que ela sofresse. No entanto, não podia recuar, ainda mais perante os lupinos
- Desculpe milady, não posso partir, mas te prometo que não serei eu quem vai iniciar a matança hoje. Deixarei que você resolva tudo como desejar.
Então, Allan manda que entrem:
- Entrem mald.. - engole a seco lembrando-se da promessa que havia feito a ela
- Entrem meus amigos! sorriu cinicamente.
Eles se olharam, naquela hora ela soube que seria sua cúmplice naquela matança e disse:
- Que o destino se cumpra....
Nesse momento ela pegou atrás do balcão sua adaga e sua espada que eram de prata, que sempre ficavam ao seu alcance, manteve sua forma de vampira, nesse momento eles entraram e ficaram assustados com o que viram então Lucian disse:
- Maldito.... o que fez com Emini?
Allan ia responder... mas ela disse:
- Nada .. eu sempre fui Vampira... só você não via...
Lucian estava furioso com a declaração...e gritou:
- Matem-os sem pena...
Nesse momento olhei para Allan e ficamos um de costas para o outro, estávamos cercados, e começaram a nos atacar. Allan era muito mais rápido que eu, mas minha sede pelo sangue dos lycans falou mais alto e começamos a matança, nos defendíamos apenas, sentia os golpes daqueles lycans e isso me deixava ainda mais furiosa, minha lamina afiada decapitava-os, podia sentir o sangue quente deles em mim, e mesmo sem querer isso dava-me prazer, lutamos por algum tempo, até que restou apenas Lucian , estávamos feridos também... mas “vivos”, sentia-me enfraquecer, mas não cairia ali, usaria a força do meu sangue.
Lucian estava completamente transtornado, então eu disse:
- Deixe-nos ir, não desejo feri-lo sabe disso, és meu amigo.
Nesse momento ele urrou e disse:
- Amigo! Jamais serei seu amigo, sua Maldita, será caçada como o animal que é, sabe disso!
Nesse momento ele tomou sua forma de lycan e avançou sobre mim, não queria matá-lo e Allan sentia isso. Antes que ele chegasse até mim Allan se postou a minha frente e fez ele sentir o aço de sua espada, atravessando-o sem piedade, rasgando-o da cintura para cima, nesse momento senti minhas forças faltarem, mesmo sem querer e disse:
- Pronto! Tudo acabado aqui. Vamos!
Emini disse vamos, mas o vampiro não conseguia se mexer. Estava sem ação, completamente fascinado por ela. Já a amava por sua beleza e docilidade, mas, agora, podia sentir a mais ardente paixão pela vampira.
Havia caminhado pela Terra por mais de três séculos, lutado em centenas de campos de batalha e matado dezenas de lupinos, mas nunca conhecera uma vampira com a forca e sede de sangue de Emini.
Ele, realmente não acreditava no que via. Gostaria de ter-lhe dito os mais belos elogios, mas sabia que pareceria um tolo. Emini era uma vampira maravilhosa e antiga, seria um insulto elogiá-la por sua destreza e forca aquela altura. Então, simplesmente disse.
- Lutou bem, milady - e a tocou na face com ternura, podia sentir a sua tristeza.
- Sinto pela sua perda. Mas, seu amigo e os guerreiros dele lutaram com honra e merecem um enterro digno, se você assim desejar, eu te ajudo com isso.
Emini, simplesmente se vira, pega uma garrafa de Absinto enche dois copos e entrega um a Allan dizendo:
- Brindemos a morte desses animais e a nossa Vitória!
Após e brinde e sorverem a bebida ela simplesmente olha pra ele e diz:
- Não temos tempo pra isso, logo chegarão os outros, que sejam queimados, sem rastros, sem provas, precisamos sair daqui!
Dizendo isso ateia fogo nos corpos e no estabelecimento que tanto amava. Ao saírem ela ainda passa algum tempo olhando o passado desaparecendo mais uma vez, mas fez o que deveria ser feito, não tinha mais volta.
Enquanto Emini queimava os corpos dos lupinos, Allan tomava absinto, pensando sobre os efeitos que aquela noite trágica teriam sobre a alma sombria da vampira que ele tanto amava.
Sim, ele a amava, embora nunca tenha dito isso a ela. O cainita sentia que ela não era tão fria assim, embora tivesse um desejo por sangue e dor maravilhosamente insaciável. No entanto, sabia que sentimentos de amor e piedade eram mal vistos entre os mortos vivos e, talvez, ela tenha preferido ser forte a ser confortada. Talvez, fosse a única maneira que ela soubesse agir. Mas, pensou consigo mesmo:
- Eu só queria te-la em meus braços, beijar seus lábios frios, acalmar seu coração negro.
Mas, também era um vampiro antigo e, como ela, tinha dificuldade em expressar seus sentimentos de fraqueza. Então, apenas a pegou na mão em baixo e a beijaria com ternura e paixão e ela saberia que ele sentia pelas perdas dela e que a amava muito.
- Eu queria que nada disso fosse necessário – disse a ela - Mas não há mais volta, não para nós. Eu sei, que somente a dor e a morte te fazem feliz, mas também te machuca. Corrói ainda mais sua alma negra.
Mas, uma lagrima rubra risca o rosto pálido do vampiro, então, ele se vira um pouco de lado tentando esconder...
-Queria que soubesse que eu te amo muito.
Engole a seco fitando o chão, tinha medo que ela não sentisse o mesmo por ele. Tinha medo que ela o desprezasse pelos seus sentimentos humanos.
- Eu não sou assim, milady, eu juro. Mas, perto de você não sei o que acontece. Meu corpo treme, parece que até mesmo meu coração volta a bater. Se não sente o mesmo por mim, me diga, por favor, e então termine comigo. Beba todo meu sangue, pois não consigo mais continuar sem você, perdoa-me!
Nesse momento, Emini, não conseguiu mais segurar suas emoções, sentia-se ferida, machucada, o próprio demônio, por ter feito o que fez, nesse momento recordou-se que era apenas uma mulher, e que desejava ser amada, estava cansada de ser a fera, a superior, então tocou a face de Allan, fazendo-o olhar para ela e disse:
- Meu amado Allan...És tudo o que tenho de mais precioso agora, previ sua vinda, nosso encontro, e sabia que você seria o dono do meu coração, desde aquele dia em que nos vimos a primeira vez, eu o amei, sabia que era perigoso, mas admito meu adorado, EU AMO VOCÊ e também não sei mais viver sem você.
Nesse momento, ela beija-lhe os lábios com toda ternura existente em sua alma, e por um segundo é capaz de sentir que seus corações apesar de Negros, batem na mesma sintonia, naquele momento desejava apenas estar nos braços daquele que a encantou.
De repente, ouvem um barulho, imediatamente eles se afastam então ela diz:
- Vamos, não é seguro ficarmos aqui...
Eles montam em seus cavalos e saem em disparada, para o centro da floresta, onde Emini, possuía seu esconderijo. Allan apenas a acompanhou e nada disse. Chegando ao local, ela desce do cavalo, e faz sinal a ele para que faça o mesmo.
Ao descerem do cavalo, Emini espanta os animais, naquele momento Allan se irrita, precisariam daqueles animais, caso fosse necessário uma fuga, e diz:
- Por que fez isso? Podíamos precisar deles depois.
-Não Allan, eles pertencem aos lycans, e provavelmente voltaram ao seu local de origem, sem contar que os lycans podem farejá-los e nos encontrar facilmente, se acalme e me acompanhe.
Allan não via nada naquele descampado em frente ao rio, que pudesse servir de esconderijo, até que ele notou, a cachoeira, atrás dela estava o caminho para o outro lado do vale. Quando entraram, Allan sentiu-se mais tranqüilo então parou e segurou-lhe pela mão impedindo que ela continuasse.
- O que houve Milorde?
- Nada...
Nesse momento ele a puxou para si, enlaçando-a pela cintura e beijando-a carinhosamente, beijo ao qual ela retribuiu, esquecendo-se de tudo e todos os acontecimentos daquela noite fatídica.
Nessa noite, eles não desejavam mais nada, apenas estar um nos braços do outro, e assim o fizeram, passaram a noite, naquela caverna, acalmando assim o coração negro um do outro.
Ao amanhecer os instintos de Emini estavam alertas. Era dia claro, e estavam a procura deles. Depois de se certificar que seu amado estava realmente adormecido, ela se levantou e foi banhar-se nas águas do rio, que cruzavam a montanha, um lado seu queria estar bem longe dali, estava confusa com todos os acontecimentos, mas sabia que amava Allan Toran, essa era a única certeza que ela tinha naquele momento, e isso acalmava seu coração negro naquele momento, já que havia voltado a ser a vampira, precisava de suas roupas, não queria mais se vestir como uma camponesa. Então, banhou-se se vestiu e silenciosamente saiu dali, teria de pegar suas coisas.
Certificou-se de que não havia ninguém por perto, para a segurança de seu amado, e foi até sua cabana, onde morava sozinha, graças aos deuses, nem sinal de lycans nem os guardas do governador, entrou e foi direto ao compartimento secreto, atrás de seus utensílios vampiricos, teria de estar pronta para a batalha, caso ela fosse necessária. Então retornou o mais rápido que pode para a caverna, levando consigo os dois cavalos mais velozes de sua propriedade.
Poucas vezes se viu um cainita tão consumido pelas trevas como ele. O mal e o sadismo emanavam por todo o seu corpo frio. Alias, frio demais. Quando ele falava era como se a própria brisa da morte saísse de dentro de suas entranhas sem vida, mesmo as criaturas das trevas se arrepiavam. Sua presença era impressionante, assim como a dos toreadores. Mas, diferentemente daqueles, ao mesmo tempo em que causava uma atração incontrolável também provocava medo e despertava os desejos mais sombrios e masoquistas nos mortais e imortais. Tudo nele convidava a submissão e ao deleite carnal. Seus olhos prateados, seus caninos, ligeiramente proeminentes, sua voz rouca e abafada, que parecia ser proferida pelas profundezas do inferno e seu jeito de se mover lento e imponente, como um lobo cerceando sua presa e só por isso ele sobreviveu aquela noite. Segundos depois que Emini saiu, uma tribo de dez lupinos invadiu a caverna onde Allan ainda dormia e sonhava com o dia anterior. Esses não eram lobisomens comuns, eram os guerreiros mais perigosos daquela tribo, maquinas de matar perfeitas, providas de espadas gigantescas. Assim que os lycans entraram o vampiro despertou, conhecia bem o cheiro repugnante daqueles monstros. No entanto, estava ainda atordoado e desarmado. Mas, assim que viu seus inimigos, se transformou e os lupinos tremeram. O vampiro era lindo como um anjo, mas amaldiçoado como o próprio satanás. Porém, passado o susto e como estavam em maior número, os lobisomens se recomporam rapidamente, mas esses poucos segundos de medo foi o suficiente para que o vampiro pegasse sua espada e tomasse a iniciativa do combate.
Atacou com rapidez e força e conseguiu acertar um lobisomen na barriga partindo-o ao meio, mas foi acertado no rosto pelo mesmo. Um deslize mortal, ainda mais quando se luta contra 10, agora 9 na verdade. Mesmo assim, conseguiu desviar de dois ataques e acertar o crânio de outro lupino atravessando a espada pela sua boca. Um golpe lindo, assim como foi desenhado no seu escudo em prata que reluzia na noite, para que todos soubessem que o cavaleiro que vestia aquela armadura era um Cavaleiro Negro, um matador de lupinos. Um golpe maravilhoso de um guerreiro fantástico, mas pobre gangrel, sua sorte foi cruel.
Eram muitos e ele estava ferido na altura dos olhos, tinha dificuldade de ver e agora estava com um corte profundo no pescoço. Sim, no momento que desferiu o golpe mortal foi também acertado por outro e agora todo o seu sangue puro vazava em profusão pelo corte no seu pescoço. Ainda conseguiu se virar degolando e tirando a vida de mais um lobisomen, mas estava muito fraco. Logo foi cercado e atingido por varias espadas e então, simplesmente, desapareceu para pavor dos lupinos, que, em seguida, foram envolvidos por uma estranha névoa fria. Eis que nesse instante decisivo do combate chega Emini vestindo sua linda armadura negra com o brasão do dragão. Num salto espetacular ela degola mais um lycan. Depois, desvia de um golpe e corta as pernas de outro. Então, algo surpreendente acontece. A nevoa entra pelas narinas fétidas de um lupino e, segundos depois, ele explode e sai de dentro dele, como que renascido das trevas, o vampiro gangrel ainda retirando de si pedaços de carnes do monstro. O cainita havia bebido o sangue maldito do lupino e estava recuperado, suas feridas haviam sido fechadas. Os lobisomens, então, fugiram apavorados. Emini saiu atrás deles, mas Allan tombou vomitando sangue. Então a vampira voltou:
- Meu amor, o que você tem?
- Deixe-me, eu ficarei bem – diz enquanto vomitava ainda mais e sangue também era derramado pelos seus ouvidos e nariz – Você precisa matá-los, meu amor.
Emini sabia que Allan estava tendo uma reação terrível ao sangue do lobisomem. Poucos foram os vampiros que beberam sangue daqueles monstros e continuaram vivos.
- Não meu amor – disse ela - Não posso abandoná-lo!
E então o vampiro desmaia nos braços de sua amada. Doce morte, nem os próprios imortais estavam livres dela e ele sabia bem disso. Pega na mão de sua amada sussurrando já desacordado:
- Deixe-me morrer agora, em seus braços, sentindo seu perfume. Deixe que os últimos olhos que me vejam sejam os seus e não os olhos de ódio do mundo inteiro.
Ao ver Allan em seus braços, morrendo lentamente, Emini desesperou-se, não desejava perde-lo assim, maldita hora, que resolveu buscar seus pertences, devia ter previsto a emboscada, só não entendi como tinham encontrado essa caverna, sentiu um desespero que jamais havia sentido antes, não podia perder Allan, o amava, e não iria permitir isso.
- Allan, meu amor, não desista – disse Emini entre lágrimas, - Não deixarei que desista!
Nesse momento, ela rasga seu pulso com os dentes, com uma fúria que ela jamais sentira antes, sabia que precisava fazê-lo recobrar a consciência e tirá-lo dali o mais rápido possível, porque provavelmente os lycans voltariam com reforços, e ela não conseguiria deter a todos e protegê-lo ao mesmo tempo.
Ao rasgar os pulsos, pediu aos deuses, que conseguisse ajudar seu amado a se recuperar, e lentamente deixou que seu sangue goteja nos lábios de Allan, mas ele parecia não responder aquela sensação, o que a deixava ainda mais desesperada, pela primeira vez ela sentia medo de perder alguém, e não queria que isso acontecesse. Malditos lycans, mataria um por um, com sua próprias mãos, de tanto ódio que sentia naquele momento.
Nesse momento assobiou e os cavalos entraram na caverna, então olhou para Allan e disse:
- Meu amor, me escuta, precisamos sair daqui, o mais rápido possível, sabe disso, ajude-me dessa vez, preciso que monte em seu cavalo, por favor!
Ela lentamente, o levanta e quase que o arrastando o leva até seu cavalo, que por sorte, estava bem próximo, ajuda-o a subir, recolhe todos os pertences, e finalmente seguem pelo meio do rio, porque assim os lycans não poderão seguir seus rastros, e assim vão se aprofundando mais e mais naquela caverna, que somente ela sabia onde iria dar.
Seus pensamentos estavam confusos, tinha medo de perder aquele que tanto amava, precisava achar uma maneira de ajudá-lo a se recuperar, o mais rápido possível, e ainda tinha que se preocupar em evitar emboscadas pelo caminho. Viajaram pelo resto do dia, e graças aos deuses era noite de lua cheia, e ela sempre se sentia mais forte nessas noites. Allan estava cada vez mais fraco, ela precisava se apressar e encontrar um lugar seguro para os dois. Então adentrou na Floresta Negra, onde estariam realmente seguros, era seu antigo lar, e sabia que lá lycans não ousariam entrar por causa do dragão que guardava a propriedade.
Chegando ao seu esconderijo, tratou de arrumar as coisas e ajudou Allan a descer do cavalo, levando-o para dentro, tomando todo o cuidado tirou-lhe a armadura e deitou-o sobre a cama, então foi direto a biblioteca, para pesquisar sobre a cura de seu amado, e finalmente achou, mas não seria fácil.
Então voltou ao quarto, e disse:
- Perdoa-me meu amado Allan, mas essa é a única maneira de curar-te.
Pela primeira vez orou aos deuses, para que tudo desse certo, e então pegou seu punhal de prata, e introduziu-o em seu coração... a dor foi quase insuportável, mas tinha que se manter desperta... deixou-o encharcado com seu próprio sangue, concentrou suas energias mais uma vez, retirou-o e cravou-o no coração de seu amado. Pode ouvir seu gemido de dor e lágrimas correram pela sua face.
Depois de alguns minutos, retirou o punhal e desmaiou ao lado de seu amado.
Ao ser esfaqueado o vampiro, mesmo estando à beira da morte final, solta um rugido estrondoso e grave, como um uivo de um enorme lobo, diferindo dos uivos dos lycans por ser ainda mais sombrio, como se a própria morte adentrasse no reino dos vivos.
Depois disso, fecha os olhos por alguns minutos sentindo suas energias voltarem. A faca de prata encharcada com o sangue de Emini havia vencido a rejeição de Allan ao sangue maldito dos lupinos. Então, se vira para o lado e vê sua amada inconsciente. Toca no rosto dela e percebe que ela estava mais fria do que de costume. Também nota a ferida de faca ainda se fechando no peito dela e percebe que também tinha uma, então entende o que ela havia feito e agora devia salva-la também. Então decide partir, para que ela fique em segurança, e quem sabe um dia, se reencontrariam e finalmente poderiam ter a paz que tanto desejam.
Logo que Allan sai, Emini desperta um pouco atordoada, e nota que ele não está ao seu lado, sinal de que o que tinha feito havia funcionado, ela respira aliviada, apesar das dores que ainda sente, mas ambos estão vivos.