"ABALOS DA SAUDADE" Conto Surrealista de: Flávio Cavalcante

ABALOS DA SAUDADE

Conto Surrealista de:

Flávio Cavalcante

Hoje acordei com meu coração em lágrimas. Mais um sonho daqueles que movido pela saudade abalou toda a estrutura do meu ser. Acredito que muita coisa gerou o motivo dessa passagem gostosa e imaginária. Era como se eu tivesse dentro de uma bolha viajando no passado. Mas parecia ser muito real.

Na história contada nesse meio imaginário foi produzida toda uma sensação do reale isso fez com que a saudade aumentasse ainda mais e produzisse aquelas dúvidas e interrogações “POR QUE ISSO ACONTECE?” Perguntas estas que não calam nunca; mas não adianta entender os desígnios da natureza. Acredito que tudo tem uma razão de ser nesse universo que é o nosso mundo próprio.

O tempo jazia meio escuro. Parecia que estava prestes a desabar um temporal daqueles. Eu tinha plena convicção de que eu trabalhava em uma espécie de mercado. Eu era um prestador de serviço em uma empresa de perecíveis. Éramos quatro da mesma firma trabalhando na mesma loja. Sendo que os colegas pegavam em horários diferentes. Eles eram intermediários. Em meio ao trabalho percebi a falta de um deles, mas continuei trabalhando normalmente sem perguntar á ninguém o que poderia ter acontecido.

Eu já estava numa espécie de fila para ir embora juntamente com alguns funcionários que iam tirar a hora de almoço. O vendedor me liga pedindo para repor toda a mercadoria que chegasse á loja. Naquele meio da conversa eu retrucava dizendo que não era costumeiro deixar a mercadoria dentro de geladeira e depósito e passei a incumbência para o colega que pegava intermediário e já estava do meu lado na hora da ligação.

Repentinamente num passe de mágica eu não estava mais falando com vendedor pelo telefone. Ele passou na loja. Quando o outro funcionário que havia faltado também se aproximou e relatei para ele o que o vendedor havia pedido. Esse colega de trabalho pegava no mesmo horário que eu. Pelo modo esporte de se vestir percebi que ele não estava indo trabalhar e ele acabou relatando que havia pedido as contas do trabalho. Era como se ele tivesse encontrado algum outro trabalho melhor.

Em meio aquela conversa eu não estava mais naquele cenário e sim em uma avenida movimentada, mas nesse dia estava escasso o movimento de veículos por aquele lugar. Pontos de ônibus lotados. Parecia estar acontecendo uma greve. Alguém comentou que se tratava de uma blitz geral. Em todo lugar tinha policiamento parando as vans de passageiros.

Minha mãe estava comigo na avenida esperando o ônibus para ir pra casa. A sensação que eu tive era que ela estava á passeio. Eu sentia uma felicidade indescritível só sei que era intensa. Já estava chegando à noite e o local começava á ficar escuro. Uma mulher orientou para não ir por um determinado trecho da avenida, pois, ela quase havia sido assaltada.

Minha mãe relatou de imediato que quase foi assaltada também e contou o que aconteceu. Um moleque puxou a sua bolsa e ela reagiu puxando o artefato com bastante força. Aquilo me causou medo.

Os pontos de ônibus continuavam lotados e eu vi um ônibus se aproximando, mas infelizmente não era o nosso. Chamei minha mãe para irmos de Taxi e pedi pra ela me acompanhar até o mercado que eu trabalhava que ficava próximo. Eu precisava ir ao caixa eletrônico pegar dinheiro. Quando chegamos lá, o cenário não era mais de um mercado era a casa da minha irmã Cláudia e era uma casa diferente da casa dela na realidade. Chegamos lá e estavam todos se preparando para o jantar. Minha irmã mais nova “HERYCA” Cozinhava os alimentos numa panela á vapor. O alimento era uma seleta de verduras no vapor. Eu comunicava á minha irmã que tínhamos voltado para pegar dinheiro no caixa eletrônico para irmos pra casa de Taxi.

Repentinamente minha mãe já estava sentada naquela mesa e comia algo que não me recordo o que era. Do lado estava meu sobrinho. Eu falava que eu já estava morrendo de saudades dela, pois sabia que já estava chegando a hora dela voltar pra casa. Acho que ela já estava de viagem de volta marcada e não bastou que terminasse as palavras, um soluçar começou a tomar conta de mim e emocionado desabaei em lágrimas. Ao olhar para a minha mãe que estava sentada á mesa ela também chorava compulsivamente.

Assim se findou e acordei com ainda chorando muito e vi que tudo aquilo era mais um sonho provocado pela saudade. Estamos na véspera de ano novo no ano de 2012 e minha mãe faleceu em 29 de dezembro de 2009.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 31/12/2012
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