Realidade alternativa

RANGEL

Que lugar lindo - pensei! Nunca o vira antes, mas me fascinou. Aquela arvore no meio de um campo, não tinha certeza de onde estava, não me lembrava por mais que me esforçasse, senti uma segurança aconchegante e nada mais parecia importar, eu estava com ele, senti que o conhecia há milênios, como almas gêmeas, as lembranças anteriores não me vinham à cabeça, mas eu sabia que o amava. O banco torto, pregado a arvore numa arquitetura naturalmente criativa, a grama quase cintilante, ora verde, ora amarela, pelo reflexo torturante do sol queimava os olhos, mas não ligava, pois não olhava para ela, apenas para ele, o beijei, e depois disse – Onde estamos?

- Ele: Estamos juntos!

- Eu: eu sei, mas que lugar é esse?

- Ele: não importa, deixa de perguntas! Vamos aproveitar!

- Eu: vamos!

Eu não quis me apegar a aquele lugar, pois sabia que logo iria embora, e sentiria muita falta, por isso enchia ele de perguntas, queria conversar, fazer durar aquele momento, mas ele me confortou.

- Ele: Por que você está tão preocupada?

- Eu: Não quero te deixar! Ou que me deixes, não sei!

- Ele: mas não vamos! Isso é para sempre!

- Eu: como assim, para sempre?

- Ele: Não vamos mais nos separar!

ANGELA E MARCELO

- Angela: amor vai buscar ela! Eu já chamei duas vezes e ela não desce!

- Marcelo: ela deve estar dormindo!

- Angela: o que vamos fazer?

- Marcelo: amor faz pouco tempo! Não... Só podemos esperar que as coisas melhorem!

- Angela: ta bom, vai buscar ela!

Marcelo sobe as escadas pesarosamente enquanto tenta pensar em algo útil para dizer, treina enquanto caminha, na porta do quarto da filha, segura a fechadura e fala sozinho, tentando imaginar o que ela responderá, para ter algo bom para dizer em seguida. Abre a porta e entra, o quarto está bagunçado, como sempre. Ela não estava na cama, o guarda roupas estava um lixo, mas não era o momento de Marcelo criticar, ele tenta fechar a porta do mesmo, porem algo impede, ele empurra com mais força e percebe que uma caixa está empatando, se abaixa e pega a caixa, estava lacrada com fita adesiva, porem fora violada, ele aproveitou para ver o que tinha dentro, eram fotos, ele já esperava isso. Fechou a caixa e foi até o banheiro onde a luz estava acesa, bateu na porta, parecia estar trancada, ele chama a filha que não responde, ele bate na porta e percebe que ela se movimenta, não estava trancada, algo estava bloqueando a passagem, ele preocupado empurra com força a porta, quanto Angela grita os chamando para a janta, Marcelo ignora, e entra no banheiro, a filha estava no chão, pálida, molhada e cercada pelo sangue dos pulsos, a lamina da gilete caída à frente, Marcelo se desesperou, gritou e Angela subiu, pegou a filha nos braços e disse pra Angela chamar a ambulância.

Pouco tempo depois a ambulância chegou, os paramédicos invadiram a casa examinaram a garota e constataram que ela ainda não estava morta, mais que depressa correram e a levaram para a ambulância, Marcelo foi junto.

Na ambulância Marcelo tentava se manter forte, mas era inevitável a queda das lagrimas.

DAIANA

Mais um dia chato – Pensava enquanto ia para a escola - odiava fortemente os cálculos e hoje duas aulas me tirariam do serio. Sai cedo de casa, caminhei devagar, observei o caminho, ultimamente eu estava assim, querendo ver algo diferente em qualquer lugar conhecido que eu fosse, talvez algum acontecimento interessante, ou alguém, mas não vi nada de mais, na verdade o que reparei foi na quietude daquele dia, estava tão calmo, os carros não passavam a todo momento, o ritmo frenético de segunda de manhã não estava normal, olhei para o céu, e as nuvens estavam escuras, logo iria chover, realmente seria um dia muito tedioso! Resolvi andar mais rápido, não queria chegar molhada na escola, cheguei no portão, o porteiro me olhou com malícia, o ignorei. Procurei na bolsa minha carteirinha para entrar no colégio, e não a encontrei, na verdade percebi que eu não estava de uniforme, e que minha bolsa era vermelha e não preta como de costume, fiquei preocupada, pois não queria perder aula, e sabia que não conseguiria entrar sem a carteira e muito menos sem o uniforme. Pedi para o porteiro para entrar, mesmo sem esperança de que ele deixasse, ele obviamente negou, esperei alguém conhecido vir algum amigo, para que ao menos pudesse avisar na minha sala o motivo da minha ausência, mas ninguém apareceu, chamei então uma garota que vinha ao meu lado e pedi que fosse ate a minha sala e chamasse pela minha amiga Catarina, ela aceitou me ajudar, esperei algum tempo e logo depois outra menina surgiu no portão, veio em minha direção e disse:

- Catarina: oi? É você que quer falar comigo?

- Eu: eu? Não... Deve ter sido engano, eu disse pra menina chamar a minha amiga na minha sala, ela deve ser entendido errado!

- Catarina: qual a sua sala?

- Eu: a 10!

- Catarina: não... Eu sou da sala 10! Não me lembro de você na minha sala!

- Eu: aah... O que? Desde quando?

- Catarina: bom, desde o começo do ano!

- Eu: qual seu nome?

- Catarina: Catarina Menezes

- Eu: mas... E a Catarina Santos? A minha amiga?

- Catarina: não conheço nenhuma! Desculpa mas eu tenho que ir!

- Eu: espera ai! Você é da sala 10 mesmo? A do canto esquerdo?

- Catarina: sim! É a única sala 10 no colégio!

Sinclair
Enviado por Sinclair em 25/11/2012
Código do texto: T4004655
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