Do luxo ao lixo

Sem me dar conta estava lá... Eu banhado em ouro, trajado de grife e fumando charuto cubano, ostentando riqueza, sendo bem servido, chamando amigos de Hermano. Futilmente olhava para os que me rodeavam,olhar de soberba e desprezo que muitos já esperavam, sentia vontade de pisar, amassar, talvez aniquilar quem não fosse da mesma linhagem que a minha, chamava os criados como se estivesse chamando um cachorro de rua e dava ordens com veemência, sempre rodeado de amigos, empresários bem sucedidos, pessoas da alta sociedade em geral, mas ninguém em quem confiasse. Sempre fui muito desconfiado, então antes que me passassem a perna eu já havia dado uma rasteira, tinha todas as mulheres caídas por mim (talvez pelo meu poder aquisitivo), mas nenhuma que me interessasse de verdade, só as queriam para exibi-las como se fossem um troféu a ser conquistado que logo em seguida estaria empoeirado na prateleira, sem ser lembrado.

Dinheiro para mim é sinônimo de vida em abundancia, muitos gastos as vezes desnecessários,viagens para todo canto do mundo sempre acompanhado de alguma interesseira,afinal o que importa em mim é a grana e não quem eu sou! Mas na verdade quem eu sou? As vezes penso que joguei tudo fora, nunca soube como administrar minhas finanças e a quem diga: Aqui se faz, aqui se paga! Ou então: O mundo dá voltas! Pensando bem, não quero mais saber desse assunto imbecil prefiro fechar os olhos e dormir durante a viajem para chegar o mais rápido possível ao Canadá, quero ver quem terá a ousadia de me acordar!

Foi quando senti uma mosca insolente pousada em meu nariz, abri os olhos e vi o céu tão negro com urubus famintos rodeando a região que fedia a chorume e carniça, olhei a minha volta estava cercado de catadores de lixo, pessoas famintas tentando arrumar um trocado para seu pão de cada dia, fiquei confuso um cachorro de rua lambeu meu rosto como que queria me dar boas vindas! O mesmo cão que eu comparava meus criados!Foi então que percebi, estava cansado, desidratado e a fome era negra de doer as tripas....

Acordei...

Felipe Beckmann
Enviado por Felipe Beckmann em 16/11/2012
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