sem ti não há vida
Saia pela noite caminhando, a busca de paz a seu espirito tão atormentado.
Uma, duas, três ou até quatro bebidas, uma respirada profunda e a vida continua. Dificil saber por onde começar, pra quem olhar e por que lutar. Ora não estava afim, ora almeja viver. Quando se deparou com aquele olhar desafiador, intrigante, sentar-se não era uma boa escolha, não se sentia uma boa companhia a ninguém nem a si mesmo.
Levantou-se com seu drink e se sentou um pouco mais perto, onde pudesse observá-la melhor. Analisava cada traço, cada curva do sorriso e cada expressão que tinha ao se mover lenta e lindamente. Bebeu um pouco. Olhava o celular, nenhuma ligação. Sua mãe haveria se mudado e não deixou endereço, seus irmãos queriam distancia e o pai, ah esse o mais sensato havia se ido pra onde ninguém sabe, além do entendimento humano. Sentia uma falta danada de chegar em casa e ter pra quem contar novidades, alguém pra brigar e depois beijar loucamente, dormi no frio, vendo um filme ruim, sentia uma interminável dor por tê-la deixado partir, não estava a seu alcance impedir, mas sabia que podia ter feito mais, sempre pode. Quando o cachorro foi atropelado, podia ter feito, quando subiram o preço das laranjas ou quando a tv a cabo trocou os canais, podia ter feito, mas não fez. Sentia-se culpado por várias coisas, depois que ela havia se ido, o ar que respirava até o aquecimento global eram causas justas para adquirir ódio de si próprio. Sentiu-se um fraco, ao ver tal olhar ali escancaradamente a sua frente e não ter a descencia e a coragem de tomar uma atitude. Não tinha forças, o simples ato de virar o copo lhe exigia muito e até ir até ela e começar aquele papo de sempre, é um porre, pensava ele. Toda aquela baboseira de conquista cansavam os pensamentos dele, não valeriam no momento em que ele se encontrava, seria inutil. Não iriam durar muito, talvez uma ou duas noites, apenas. Não conseguia mencionar palavras belas, fazer coisas de novelas.. a vontade aquela, de desejar alguém e amar profundamente, enterrou-se junto com seu único e ultimo amor. Ela partiu e com ela seu coração, no lugar ficou um vazio imenso que ninguém conseguiria preencher tão completo quanto ela.
Tal moça que ele observava lhe parecia familiar tal maneira de pegar o copo, bater os dedos nervosos na mesa, lembravam muito um alguém... Talvez isso tenha lhe feito prestar tanta atenção nela, além claro, de seu profundo e intrigante olhar. Ele a observava bebia seu drink, fazia isso repetidas vezes. Tinha medo que ela pensasse que ele fosse um louco, disfarçava um pouco e voltava. Pensava consigo, “se você não vai falar com ela, pare de encarar imbecil”, era mais forte que ele.
Quando do nada, uma música começa a tocar, algo gostoso de ouvir. Era italiano talvez, não sabia ao certo. Ela adorava dançar o lembrava, ele desde então nunca mais havia arriscado um passo, tudo lembrava ela, ainda. E num ato de total impulso, levantou-se e foi lá tirar a tal moça que vinha encarando, para dançar.
Chegou e lhe deu a mão. Ela lhe sorriu e levantou-se.
Dançavam, dançavam muito. Ele pisou no seu pé, uma, duas vezes. Vermelho logo foi ficando e ela, ria. Deliciosamente ria.
Não demorou muito para ele rir junto. Ele a olhou de tal maneira, como se lembrasse de algo e com uma lágrima no olho, lhe beijou. Largou-a imediatamente. Saiu delicadamente, colocou o dinheiro sobre a mesa, pegou seu casaco e com a cabeça baixa, deixou-a sozinho no bar.
Saiu pela rua, limpou as lágrimas. Parou, pensou. Não podia fazer aquilo, ainda não, fazia tão pouco tempo que seu corpo quente, esfriava no mais baixo do solo. Sua alma ainda não haveria descansado. Sentia-se mal pelo fato de não conseguir respirar sem pensar nela, sempre ela, ela ela, ela.
Maldito seja tal amor que sinto e que te levou daqui. Não ter-te comigo me atormenta, me enlouquece, não preciso e não quero viver num mundo onde me tiram a razão de viver ... que lugar é esse, onde amar não basta. Que mundo é esse onde quem não presta, quem é uma tremendo filho da puta pode viver feliz e fazer alguém feliz. Que mundo é esse onde um cara ama alguém verdadeira e puramente e não pode continuar com tal dádiva? Não me interessa viver assim, não quero e não preciso viver ...
Onde sentirei tal doce perfume e verei tão lindo sorriso?
Suas fotos nunca me interessaram
E sim sua linda e necessária presença.
Seu cabelo bagunçado ao amanhecer, suas manhas pra sair da cama, seus gritos de terror ao lhe fazer cosquinhas gostosas. Isso me fazia sorrir tão bem, te ver bem me fazia o cara mais feliz do universo.
Teu brilho ofuscava qualquer outro.
Choro ao lembrar que éramos os melhores e hoje estou só, éramos bons juntos, hoje sozinho não tenho nada, onde quer que estejas, continuas sempre a melhor.
Sentou-se num banco qualquer, num lugar qualquer, olhou para as estrelas sorriu, e tinha a certeza de que a mais bela, era ela.
Sua estrelinha agora já não brilhava consigo, brilhava junto da lua, lhe protegendo e velando seu sono.
Sentiu frio. Levantou do banco, refletiu mil e uma coisas e saiu.
Ia em direção agora, do “novo lar” de sua amada.
Ao chegar, sabia exatamente onde ir, arrumou os cabelos, limpou os olhos, antes de se aproximar.
Aproximando-se, sentou-se.
Beijou aquele cimento, úmido de neblina e gelado pelo vento
Abraçou firmemente e disse:
“passaremos essa noite juntos, só eu e tu. Como antes lembras, falando bobagem, com tanto carinho, tanto amor. Senti tua falta do meu lado, embaixo do cobertor. Agora ficarei juntinho a ti, nem que seja só esta noite, amanha te juro que farei a barba, pararei de beber, arrumarei a casa e irei regar as plantas. Alias, a moça do bar não ligue, copia barata sua, estava tao abstinado a lhe ver que confundi tudo, não se zangue meu amor. Além de qualquer circuntancia, o meu amor é por ti, só por ti e sempre será.”
Ele adormece sobre o tumulo de sua querida.
E é encontrado no outro dia morto, vitima de um ataque cardíaco.