* As duas Marias *

José era um homem solitário, que vivia numa pequena casinha com sua filha de sete aninhos, que se chamava Maria, pois sua mãezinha faleceu após seu nascimento devido uma complicação no parto.

Um dia passeando em frente sua casa, admirando sua pequena Maria que brincava com outras crianças, uma mulher que olhava sua filha de oito anos, que também se chamava Maria se aproximou dele e puxou conversa.

- Como é gratificante vê nossos filhos crescendo, se divertindo, pena é que a vida passa depressa demais, já, já vão ficar adultas somente para sofrerem, vida boa é a de criança.

Conversaram um bom tempo, firmaram uma amizade, consequentemente pela situação que viviam.

O tempo passou...

Um dia José resolveu pedi-la em casamento.

- Joana por que a gente não casa?

-Eu e você?

- Sim, por que não?

Resolveram se casar, pois Joana era viúva seu marido havia falecido logo após o nascimento de sua filha Maria, um episódio marcado pela ignorância do mesmo ao reagir a um assalto, tomou 03 tiros no peito morrendo instantaneamente.

Casaram-se...

E as duas Marias cresceram juntas, mas uma nunca suportou a outra, vivendo sempre com picuinhas.

Maria filha de Joana tinha inveja da Maria filha de José, pois a mesma era estudiosa, inteligente, esperta que procurava sempre ajudar seu pai e sua madrasta nos afazeres domésticos.

Maria filha de Joana era preguiçosa, briguenta, bagunceira e não gostava de estudar.

Maria filha de José, resolveu cultivar um canteiro com belas flores, todo dia estava lá aguando, cuidando de suas plantinhas com amor, carinho e dedicação.

Enquanto Maria filha de Joana brincava e se divertia e ria da outra.

O tempo passou...

Um dia Maria filha de José cuidava de suas flores, quando apareceu uma cobra verde e pediu-a em casamento.

- Maria casa comigo!

- Maria respondeu:

- Não.

- Por quê?

- Casa-se comigo e não se arrependerá!

O mesmo insistiu por muito tempo dizendo que era um príncipe e que uma mulher malvada tinha o transformado num sapo, por que ele não quis casar com ela.

Se Maria aceitasse se casar no dia do casamento, quando se beijassem, ele se transformaria num lindo rapaz.

Todo dia quando Maria ia cuidar das flores, a cobra aparecia.

De tanto que insistiu.

- Maria disse:

- Sim.

Seu pai sentiu um grande desgosto ao saber que sua filha ia se casar com uma cobra. Mas era a vontade dela, resolveu ajudá-la nos preparos do casamento.

Construiu uma cama pequenina onde a bendita cobra iria dormir na noite de núpcias, temendo pela segurança de sua filha.

Chegou o grande dia.

A cerimônia aconteceu e Maria filha de José, levou a cobra agora seu esposo, numa caixinha para seu quarto.

A cobra insistia pelo beijo que ainda não acontecera.

Maria se negava a beijá-la, por medo de ser picada e morrer.

A cobra insistia:

- Me dê um beijo, por favor!

- Maria respondia:

- Não.

A cobra conseguiu subir para a cama de Maria e continuou insistindo. Até que Maria resolveu beijá-la.

- Tudo bem! Mas se me picares saiba que te matarei.

- Nunca meu amor, pois você me salvará deste castigo.

Maria fechou os olhos e beijou a tal cobra.

Imediatamente um cheiro forte embriagou-a que a mesma teve um desmaio, descia sobre seu quarto uma nuvem branca, como se fosse fumaça e sons harmônicos surgiram e se espalhavam por toda casa.

A outra Maria, a invejosa ao ouvir a melodia chamou sua mãe dizendo:

- Escute mamãe! Ouço vozes vindas do quarto de Maria, dizendo que Maria está ruída.

Na verdade, as vozes revelavam que Maria estava rica, mas ela interpretava que Maria estava ruída, pelo fato da mesma ter se casado com uma cobra.

Quando Maria acordou, foi grande o seu susto. Ao se deparar com um lindo rapaz, deitado em sua cama contemplando seu rosto.

- Quem é você? O que faz em minha cama? Em meu quarto?

- O rapaz respondeu:

- Sou seu esposo, não lembras?

Estava vivendo uma maldição e você com sua bondade e coragem libertou-me, vou te amar para sempre! Realizarei todos os teus desejos, basta me pedir.

Ela desejou que ele se apaixonasse por ela e que fossem felizes para sempre!

A família quase não acreditavam no que estavam vendo. Parecia um sonho ou um conto de fadas.

A outra Maria invejosa resolveu cuidar das flores para ver se arranjava um casamento também.

Todo dia estava cuidando do canteiro e chamava:

- Vem cobrinha! Vem que quero me casar também!

Não aparecia cobra nenhuma.

Após um mês, uma cobrinha preta passava distraída perto do canteiro. Maria avistou, correu atrás da mesma e a prendeu em uma caixinha que conduzia sempre consigo pronta para quando uma cobra aparecesse não vacilar.

Todo dia ela pedia a cobra em casamento.

- Casa comigo cobrinha e pelo amor de Deus se transforma num príncipe mais bonito do que o daquela outra, senão eu te mato.

A cobra bufava de raiva e dizia:

- Não, sua louca eu não sou príncipe e não quero me casar com você.

- Mas vai casar ou então morre!

Marcaram a data do casamento, Joana a mãe de Maria não suportava a ideia de ver sua filha casada com uma cobra.

Mas mesmo assim ela casou.

Após o casamento, Maria colocou a cobra deitada em sua cama, ordenando-a que ela a beijasse e se transformasse logo no seu príncipe encantado.

A cobra zangada louca para fugir daquela situação, picou-a e aproveitou que ela havia desmaiada por causa de seu veneno, fugiu.

Sua mãe sonhava com vozes dizendo-a que Maria estava rica, acordou atordoada e foi ao quarto de sua filha.

Chamou-a e ela não respondeu.

Chamou seu esposo e arrombaram a porta do quarto de Maria.

Quando se depararam com sua filha caída ao chão, chamaram um médico residente que atendia naquela redondeza para examiná-la.

O médico após examiná-la minuciosamente, declarou a família.

- Ela encontra-se morta, foi picada por uma cobra muito venenosa, o veneno foi para as veias de seu coração levendo-a a òbto.

Dona Joana ainda hoje chora a morte de sua filha Maria.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 10/09/2012
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