OLHAR DE CIDADE GRANDE
As belezas de cá já não prendiam o olhar.
Necessário foi visitar outras paragens.
O olhar pegou um avião e partiu em direção contrária... E chegando lá, se maravilhou como qualquer turista do interior, perplexo com a grandiosidade do progresso. O movimentar incessante dos veículos e o vai e vem intenso das pessoas nas calçadas. O olhar se perguntou como aquele lugar poderia suportar tanta agitação? E ficou assim, estupefato e ao mesmo tempo embevecido. Explorou tudo que estava ao alcance sem excluir nenhum detalhe...
Estendeu-se até aos arranha-céus... Contornou as linhas em curvas dos viadutos... Gozou com a sensação de se elevar em elevadores às grandes alturas... Imaginou-se no Everest, sentindo aquele frio que fazia bater as pestanas de forma incontida...
O olhar passeou, se encantando com os grandes shoppings... Cada coisa mais linda que a outra exposta nas vitrines... Um deslumbramento! Deixou lá quase todo o orçamento...
O olhar passeou nas praias, e o sonho de ter contato com o azul do mar se materializou em suas meninas... Lindo!
O olhar já quase saciado pelos encantos e glamour das grandes metrópoles resolveu se fixar em outro ponto... Quis conhecer outro olhar, trocar sorrisos, abraços ternos... O olhar foi atrás de fazer amizade...
Mas diferente de todo o esplendor material que encontrou, o olhar se decepcionou com a frieza humana dos outros olhares...
Em todos os olhos que encontrava, o olhar cumprimentava, sorria acolhedor, querendo também ser acolhido, mas os outros olhares não olhavam e quando se detinham a fazer, não sorriam, apenas lançavam farpas de medo e desconfiança...
Decepcionado, não se lembrou mais dos detalhes materiais, do gigantismo local. O olhar quase que se fechou em tristeza. O espetáculo da cidade grande desceu as cortinas quando ele percebeu que tudo era apenas cenário, e que os personagens que dariam animação eram apenas bonecos sem vida, com olhares estáticos que se movimentavam apenas por cordões em manipulação...
O olhar entendeu que alguns olhares maléficos, sem brilho e sem cor podem fazer com que outros olhares se tornem prisioneiros do medo e que seus pesadelos acontecem quando ainda estão acordados...
O olhar voltou no tempo, no momento em que tomou o avião e se imaginou não descendo ali, mas lá, naquele lugar que deixou para trás. Viu-se chegando e as pessoas acenando e rindo à toa, sem ter motivo aparente para isso, apenas pelo prazer de acolher, de recepcionar... De dar as boas vindas...
O olhar se lembrou dos rios, das matas, percebendo que eles eram tão grandiosos quanto os prédios que tocavam nuvens... Lembrou também dos quiosques à beira rio, do vento, das músicas cantadas acompanhadas nas cordas do violão...
Lembrou da troca de olhares dos olhares interioranos...
O olhar percebeu que se continuasse ali, logo seu coração aquoso ficaria endurecido, então optou por deixá-lo como estava; macio.
Então o olhar retornou para cá consciente de que o encanto não está no brilho ofuscante do lugar, mas no calor, aconchego e reciprocidade do outro olhar...
Necessário foi visitar outras paragens.
O olhar pegou um avião e partiu em direção contrária... E chegando lá, se maravilhou como qualquer turista do interior, perplexo com a grandiosidade do progresso. O movimentar incessante dos veículos e o vai e vem intenso das pessoas nas calçadas. O olhar se perguntou como aquele lugar poderia suportar tanta agitação? E ficou assim, estupefato e ao mesmo tempo embevecido. Explorou tudo que estava ao alcance sem excluir nenhum detalhe...
Estendeu-se até aos arranha-céus... Contornou as linhas em curvas dos viadutos... Gozou com a sensação de se elevar em elevadores às grandes alturas... Imaginou-se no Everest, sentindo aquele frio que fazia bater as pestanas de forma incontida...
O olhar passeou, se encantando com os grandes shoppings... Cada coisa mais linda que a outra exposta nas vitrines... Um deslumbramento! Deixou lá quase todo o orçamento...
O olhar passeou nas praias, e o sonho de ter contato com o azul do mar se materializou em suas meninas... Lindo!
O olhar já quase saciado pelos encantos e glamour das grandes metrópoles resolveu se fixar em outro ponto... Quis conhecer outro olhar, trocar sorrisos, abraços ternos... O olhar foi atrás de fazer amizade...
Mas diferente de todo o esplendor material que encontrou, o olhar se decepcionou com a frieza humana dos outros olhares...
Em todos os olhos que encontrava, o olhar cumprimentava, sorria acolhedor, querendo também ser acolhido, mas os outros olhares não olhavam e quando se detinham a fazer, não sorriam, apenas lançavam farpas de medo e desconfiança...
Decepcionado, não se lembrou mais dos detalhes materiais, do gigantismo local. O olhar quase que se fechou em tristeza. O espetáculo da cidade grande desceu as cortinas quando ele percebeu que tudo era apenas cenário, e que os personagens que dariam animação eram apenas bonecos sem vida, com olhares estáticos que se movimentavam apenas por cordões em manipulação...
O olhar entendeu que alguns olhares maléficos, sem brilho e sem cor podem fazer com que outros olhares se tornem prisioneiros do medo e que seus pesadelos acontecem quando ainda estão acordados...
O olhar voltou no tempo, no momento em que tomou o avião e se imaginou não descendo ali, mas lá, naquele lugar que deixou para trás. Viu-se chegando e as pessoas acenando e rindo à toa, sem ter motivo aparente para isso, apenas pelo prazer de acolher, de recepcionar... De dar as boas vindas...
O olhar se lembrou dos rios, das matas, percebendo que eles eram tão grandiosos quanto os prédios que tocavam nuvens... Lembrou também dos quiosques à beira rio, do vento, das músicas cantadas acompanhadas nas cordas do violão...
Lembrou da troca de olhares dos olhares interioranos...
O olhar percebeu que se continuasse ali, logo seu coração aquoso ficaria endurecido, então optou por deixá-lo como estava; macio.
Então o olhar retornou para cá consciente de que o encanto não está no brilho ofuscante do lugar, mas no calor, aconchego e reciprocidade do outro olhar...