O Prato do Dia

" Sendo gostosa crua, imagine cozida."- a frase ficou na cabeça das novas amigas.

Decidida, passou a noite inteira procurando - e achou o que procurava, pelo menos os endereços de algumas,melhor ainda foi ter encontrado os endereços eletrônicos. Alguns números de telefones, também.

Muito cansada, porém, seguiu na noite, em claro fazendo o tempero. Fatiou a carne - que era pouca -, mas cuidou de fazer muito arroz e bastante verduras." Algumas cervejas para quem bebe -, prudente, vou comprar um vinho, bebida de mulher.

Da cozinha dava pra ouvir os gemidos dele. Não se sentia incomodada. Era como maviosa melodia aos seus ouvidos. Pediu a bebida pelo delivery, enquanto cantarolava uma canção.

- A bebida, senhora.

- Nossa, que rapidez.

- Ando de moto. Costuro no trânsito. Retrovisor no caminho, eu chuto.

- Não tem medo de se acidentar?

- Três costelas quebradas, platina no coxa e um tampão de metal no crânio.

" Filho de um égua- ja quebraram o meu retrovisor no chute. Caso o encontre no trânsito, passo por cima dele. Marquei a sua moto vermelha com o bau nos fundos, estilizado, no formato de garrafa de bebida".

Pensou assim, a cerveja veio gelada. O vinho trincando. Com vontade de beber, abriu uma cerveja e sorveu num gole so.

Olhando para a janela observou madrugada, viu as ruas desertas. Uma carro ou outro passava após longo espaço de tempo. Introspeção a caminho, " a vida não presta, a vida a dois".

-Vagabundo...va-ga-buundoo....

Falou com os seus botões. Arrependeu-se de não ter dado para o entregador de bebida. Naquela noite daria para qualquer um que surgisse na sua frente." Vingança, vingança, vingança."

Uma preocupação: " será que vão vir...?"

"Achou que sim, fiz um convite cheio de sutileza, à moda dele. Elas adoravam beber e comer na sua casa, acho, quando eu estava ausente".

Amanhece - 8,9,10 h da manhã.

Como o diabo sempre ajuda a quem trama o mal, elas foram chegando uma a uma. Duas vieram de carro, uma de táxi e outra, atrasou-se porque veio de ônibus.

- Ei, esperem, o que está acontecendo aqui? Quem são vocês?

- Queridinha, caso soubesse a resposta... eu marquei com o meu...

Disse a que tinha ar de putinha. Saia de um palmo de comprimento. Batom vermelho. Seios exposto por um decote ousado.

- Ei, não me digam que vocês...

Então, ficou tudo esclarecido. Estavam ali para um acerto de contas, pois todas eram amantes do mesmo homem.

- E você quem é, que nos recepciona, a empregada dele?

Indagou Heleninha, pouco mais de vinte anos. Fazia faculdade, bancada pelo mesmo homem em questão.

- Bem, senhoras, vamos tomar uma cervejinha, tenho vinho, também. Depois, tudo será esclarecido. Peço calma, nada de pressa.

E, assim foi. Beberam tanto que tiveram que pedir o motoqueiro do delivery mais uma vez- davam risadas por nada. Mas desta vez veio um senhor baixinho, gordinho e careca.

" Eu daria até pra essa coisa ai." - Ela Observou, olhando o senhor da cabeça aos pés, e pensou: Vingança, vingança, vingança".

Chamou o velho para o banheiro, com a desculpa de lhe mostrar um vazamento. E, ali se exibiu - deixou um dos seios escapulir pelo decote da blusa. Depois se curvou na frente dele deixando ver as coxas grossas, a bunda farta.. Era uma balzaquiana bonita, gostosa. O velho ficou tão ansioso que brochou - não acreditava que poderia algum dia na vida ter um monumento daquele ao seu inteiro dispor para sexo. Ela saiu decepcionada do banheiro, arrumando-se.

" Desgraça, nem para um boquete esse aí presta. Brocha."

- Bem, meninas. Ja bebemos. Vamos comer algo. Mais alguma coisa?

Perguntou ao entregador, que estava meio sem graça no meio de tantas mulheres gostosas - e, ele ali, impotente.

-Não...não, desculpe. Vou indo, tenho mais entregas.

O cheiro estava muito gostoso - vinha da cozinha. deixando todas as amantes de água na boca.Um tempero de chief de restaurante fino.

Ela serviu à mesa.

- Huuummmm...que delícia. Hummm,no ponto...que deliciaaaaa..huumm.

- É, quero comer, mas quero respostas o por quê de estarmos aqui. recebi um email do Armando convidando-me para um almoço.

- Eu mandei os emails, meninas.

- Hum? - reagiu uma delas, quase se engasgando com a carne tenra derretendo na sua boca. Tarde demais ja havia engolido, escorregou feito quiabo.

- O meu nome é Glória. Eu sou a esposa do Armando, eu descobri tudo. Todas as suas amantes.

O suspense foi geral. Todas se entre olharam. Havia agora uma suspeita no ar - estariam envenenadas?

Glória soltou uma risada escandalosa. Quase perdia o fôlego. Um único pedaço da carne tenra, e tão saborosa havia sobrado na bandeja. Ironia.

- Vejam.

Disse, com deboche.

Depois a pôs na boca. Mastigava com suavidade e dizendo: "Huuuuummmm. que delícia. Que gostoso...

lambia os dedos, olhava para todas, uma a uma.

- Oh, céus, essa louca nos envenenou, vamos todas morrer, inclusive ela, uma louca suícida...?

Disse a universitária, chorando, com desespero.

- Calma, meninas. Como puderam perceber, o meu marido era metido a garanhão - com certeza não vai poder ser mais. Muitas eram as mentiras. Dizia que tinha plantão, horas extras e tal, quando se revezava de cama em cama, com todas vocês. E, eu no caso, a otária traída.

- Oh, meu Deus, me fazia tantas juras de amor.

Disse Analice - uma secretaria executiva.

- Pelo jeito ele era bom de pica, não era meninas?

- Hummmm.. uma delícia. Disse a mais safadinha.

Então, disse Glória:

- Ele ta la no quarto se contorcendo de dor. Sendo pica gostosa crua, imagine cozida. Adoram a rola dele, eplo jeito, não é?

- Hum, ele é muito bom de metida - disse a ninfetinha,com malícia.

-Não vai ser mais. Comemos regada a vinho e cervejas a pica do Armando.

fim

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 22/08/2012
Reeditado em 13/05/2014
Código do texto: T3844029
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