O VERDADEIRO AMOR - PARTE I
O PRIMEIRO ENCONTRO
Manhã fria, a solidão avançava pelas paredes do castelo. Havia mandado todos embora dali, queria ficar sozinha, pensar o que fazer, tentar me reencontrar mais uma vez.
A séculos vivia assim, entre castelos criados e destruídos ao meu bel prazer, apenas para manter-me em segurança.
A dor avançava pelo meu corpo, a dias não me alimentava, pela primeira vez em toda minha existência desejava a morte, a tão sonhada morte.
Parece estranho, um ser como eu dizer isso, mas é a mais pura verdade. Para os anjos a imortalidade é uma benção, para seres como eu uma maldição.
As coisas andavam complicadas, na verdade tinha consciência que ainda era uma fugitiva, fugitiva de meu passado tão tenso, fui recriada por um lycan, me tornei o que sou, e paguei o preço por tal insolência. Não nego, sou a soberana em meus domínios, amada e admirada por muitos, mas muitos também me odeiam, então...
Hoje desejava apenas ficar só e nada mais, dispensei todos os serviçais, queria pensar, decidir que providencias tomar, porque mesmo sem querer muitos dependiam de mim.
O silencio em meu castelo, era apenas cortado pelas rajadas de vento, que ecoavam ao longe, na floresta negra.
De repente, vejo a porta se abrir, um ser encantador, mas incrivelmente perigoso entra em meu castelo, jamais havia visto um ser como ele, era um Panther, um verdadeiro guerreiro das trevas, tentei disfarçar e o cumprimentei cordialmente.
- Saudado seja amigo e bem vindo ao Castelo Negro! Espero que tenha vindo em paz!
- Saudada seja nobre senhora! - Sim venho em paz!– respondeu ele cordialmente.
Sentia a fúria naquele ser, sabia que deveria tomar cuidado com ele, meus instintos estavam em alerta. Minha vontade era irá-lo a tal ponto, que sua fúria se virasse a mim, juro não reagiria , pediria apenas um breve fim a minha existência.
Mas não consegui agir como desejava, nem ao menos sei porque.
Algo nele me encantou de tal forma, que não saberia descrever a emoção que senti, quando cruzei com aquele olhar, como se por um segundo ele entrasse em minha alma, e ocupasse tudo.
Tive medo de tal sentimento, então tentei me conter e trata-lo apenas com a cordialidade da realeza, como realmente deveria ser.
Ele fez-me companhia, durante todo o dia, conversamos e rimos como a muito tempo não fazia, ele mesmo sem saber conseguiu acalmar minha alma sombria.
Admirava a altivez, daquele nobre guerreiro, sabia se comportar como um lord, apesar de toda sua fúria, passei a admira-lo, ele de certa forma, trouxe-me a paz que tanto precisava naquele dia, esqueci-me de meus problemas.
Logo iria anoitecer, precisava me retirar da presença de meu ilustre amigo, porque não queria que ele me visse realmente como eu era, minha alma sombria, sobre a luz do luar, era notável a mudança em mim, e não desejava isso, não aquela noite.
Aquele dia, foi extremamente especial, mas tinha medo do que sentia naquele momento, desejei encontrar novamente aquele ser tão especial, e bem no fundo sabia que devia evitá-lo ao máximo, para minha própria sanidade e segurança dele.
Então decidi camuflar o castelo, para que nenhum ser pudesse encontrá-lo durante o dia ou a noite, uma semana se passou e ele não saia do meu pensamento, sua presença teimava em se manter viva em minha memória, tentava esquecer, mas em vão.
Sabia que ele estava no meu rastro, perguntava a todos sobre mim e meu castelo, mas ninguém sabia o destino a ser tomado para reencontrá-lo, mantive-o assim por algum tempo, desejava que ele esquecesse e seguisse teu caminho, mas não foi isso que aconteceu.
Por mais estranho que pareça, escutava seus urros, nas noites frias, como se me chamasse, lutei enquanto pude contra isso, não pretendia encontrá-lo embora no fundo soubesse que nossos destinos tinham sido traçados.
Reabri o castelo, em uma certa tarde, e mesmo sem querer, a cada visitante que entrava, desejava que fosse ele, meu adorado guerreiro das trevas, meu segredo. Estava com minha irmã, no salão principal, quando ele chega, mas não estava com suas vestimentas de guerreiro, então por um segundo, me senti decepcionada, teria meus instintos me enganado?
Decidi então apenas esperar, quem sabe aquele cavaleiro misterioso retornaria, notei que esse novo forasteiro, fez uma amizade especial com minha irmã, e parte de mim ficou feliz por isso, a outra sentia-se preterida, como se fosse apenas coadjuvante de um enredo quase sem sentido.
Mais tarde, fui ter a certeza que esse forasteiro, era meu adorado guerreiro, não sabia o que sentir naquele momento, parte de mim sentiu-se aliviada por ele voltar, mas... ele estava fazendo companhia a minha doce e amada irmã, e isso doía-me.
Estaria eu apaixonada por esse forasteiro? É claro que não! Vampiras não tem coração, devia me lembrar disso...