A VIAGEM

Minha âncora, frouxa, deixou-me ir além do que a maré me permite
Embriagado com a prata lunar dançando nas marolas fugidas
Fui parar a onde meus sonhos não se encontram mais
Em uma ilha, isolada do mundo funesto que corrompe o rim
Lá, ainda dormente da ilusão perdida, me perdi completamente
Rocei meus pés na areia nacarada pela deusa da noite
Arrastei meu eu e minhas luxurias ao antro da noite delirante
Cada passo, um compasso a me acompanhar, numa dança tênue
Já não morava em mim, era outro, que mal conhecia
Foi quando, de trás das sombras, uma silueta languida surgiu
De primeiro, imagem embaçada pela surpresa do momento
Depois, quase uma visagem, cristalizou meus olhar, acelerou meu peito
Deusa, mulher, serpente, princesa, ou apenas a loucura encarnada
Chegou bem perto, com seu perfume de jasmim noturno
Debruçou sua cabeça sobre meus ombros, quase caio
Lábios de um viço indescritível resvalaram em minhas orelhas
A expectativa me paralisava, era algo que estava previsto no imprevisto
Da boca doce da virgem açucarada, uma voz quase canção entrou
Em forma de doces versos, decretou meu destino inevitável
“és meu, agora, de corpo e alma, guerreiro delinqüente, para pairar comigo, sobre o vida que um dia foste tua, e dela, em meu beijo mais profundo, partirá para outra vida, outras conquistas”
Deitei meu olhos, dormi um sono profundo, me fui.


 
Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 26/06/2012
Código do texto: T3746695
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