UM APOLINÁRIO FRUSTRADO E SUAS DÍVIDAS DAS PRIMAVERIS

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Cansado de porra-louquices amorosas, doidivanas e do cotidiano cada vez mais ébrio, busco mudar o “colorido” estado civil indefinido a um relacionamento sério.

1-“Eu sou apenas um poeta

carioca e suburbano,

cego do olho esquerdo,

não curte futebol

e o Programa do Jô!

Mas ando contrariado

às Altas Horas ver tevê,

ou ler crônicas do Jabor!”

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Meus herois morreram de tuberculose. Embora, por bem, à graça de Deus melhorei, excetuando a invalidez de um dos pulmões, decapitação da perna esquerda e de uma das orelhas, estou bem!

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Ela usava um alfinete no furo de umas das orelhas e retirou para ficar mais à vontade. Começou a se espetar com o utensílio entre braços e mãos. Normal para quem ainda se perde na imensidão das liberdades às vistas de um dia ao outro, no sorrateiro instante, donde emerge nos documentos maioridade -18! Pressenti uma tragédia prestes a acontecer! Colérico, agi como o general da situação: "Pára pára pára!” Medrei naquele momento - era uma morena-flor-menina, usurpadora dos meus sentidos mais casuais; protagonista e coadjuvante de bizarras situações (tão "vaziazinha", tadinha!) Pressagiei naqueles movimentos, estourar como uma vã bexiga de gás, após derradeiro toque pontiagudo. Consegui salvá-la e felizes fomos para sempre até o fim desta segunda-feira sem regras. Ela assentiu com a transparência castanha de seu olhar, quando meu sorriso lançado à sua excêntrica jovialidade, dizia sem menos; sem mais: "Por toda nossa vida, amor, até jamais!"

“Potência de Eros, Afrodite.

Fenda aberta ao hipnotismo narcísico

- revelações eternas daqueles antigos!

Cítaras, declamações

e dançantes sorrisos.”

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Um homem corria, urrando à baba, lambuzando sua blusa de uma fome semanal, descomunal! Outro tuberculso, convulsivamente, escarrava sangue no asfalto e a lepra não segurou minha orelha direita! O primeiro sem olhar, ao visualizar o entorno, o alucinado horizonte urbano, encorajava-o matar sua forme. Tomou em às mãos minha orelha, recheou no catarro ensanguentado de tísica e devorou numa só dentada.

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Jamais projete expectativas em mim! Pois se nem me dei a este trabalho e você não mereceria tamanha frustação. Para sua proteção!

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Consiência político-social pode ser projeções inconscientes e/ou ímpetos de acender Hollywoods, os quais são bem maiores que pensar a nova conjuntura política francesa. Aliás, qualquer merda é melhor a masturbar "politicismos".

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Não existe aquela história de que o mundo dá voltas? Então, é verídico! Girou hoje na minha frente o dia inteiro e estou tonto até agora. O mais chato de ter essa consciência concomitante de participar da rotação e translação do planeta, é alguém já pensando em arrumar médicos para a gente. Tata-se do retorno da labirintite!

Não é muito cômodo andar com vertigens por aí, mas a complexidade do labirinto vertiginoso é uma nova forma de enxergar o mundo. Aí penso se o real existe, tal como se mostra para mim ou a realidade é uma projeção subjetiva e todos somos enganados ao pensar em lugares comuns, em experiências comuns, em coisas comuns? Deixando Descartes de lado, essas vertigens e tonturas faz-me questionar: "Será mesmo que sou?"

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Se falo de alguém ou em alguém, penso no outro a partir do eu. O eu pensado por mim, implicitamente, e no outro pensado superficialmente. Neste caso, pensado pode não ser refletido. Daí uma das explicações da impossibilidade de apreensão ontológica do eu, do você, do ser.

Tudo bem! Eu sempre me disponho a fingir escutar quem queira me convencer. Tão logo, distintas imagens e sons me passeiam, enquanto enceno atenção ao interlocutor às vezes dissertando um argumento triunfal. No apanágio deste meu sorriso semicerrado, examino uma esperada asserção final.

“Diante do agora,

feliz dia de ontem!

Tropeçando,

levantando,..

Trafegando no horizonte!”

1- PARÓDIA DA MÚSICA “EU SOU APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO” DE BELCHIOR.