MEU AMADO MISTÉRIO

Faculdade de Teologia, Inglaterra, ano de 2009, estava no quarto semestre e todos me achavam extremamente estranha, pois não gostava de me aproximar das pessoas, gostava da solidão que me acompanhava, vivia perdida entre livros na biblioteca, e adorava isso.

Certa noite estava mais uma vez perdida em meus pensamentos, quando ele chegou, um estranho, encantadoramente perigoso, sentou-se ao meu lado, mas não trazia com ele nenhum livro, o que achei estranho demais, tentei me concentrar em minha leitura novamente, mas naquele momento parecia-me impossível.

Parecia que ele penetrava em meus pensamentos, ocupava minha mente, despertando em mim, um certo rubor nas faces. Fiz menção de me levantar, e ele simplesmente segurou minha mão e disse:

- Porque faz isso? Esconde tanta beleza por entre esses livros? Do que tem medo?

Olhei-o espantada, o que teria de belo em mim? Então olhei-o, com certo ar de reprovação, quem era ele, para falar assim!

Então inesperadamente, ele tirou meus óculos, e soltou meu cabelo, que caiu até os ombros.

- Bem melhor assim! És encantadora!

- Quem é você? – indaguei.

- Alguém que você esperava minha querida!

Fiquei sem fala, só então notei que estávamos sozinhos naquela biblioteca, havia me esquecido da hora, mais uma vez.

Algo nele me encantava, seus olhos eram profundamente prateados, seu sorriso encantador, tinha medo do que estava sentindo naquele momento, ele não dizia nada, parecia se divertir com a situação. Nunca gostei da proximidade das pessoas, isso me deixava extremamente sem graça, pois certamente, não encontraria assunto interessante para ser discutido.

Tento voltar minha atenção para meus livros, quando de repente ouço um trovão e o clarão invade a biblioteca e as luzes se apagam, na penumbra, tento recolher meus objetos pessoais, esquecendo-me daquele ser que estava ao meu lado, quando ele me toca, assusto-me, e me afasto.

- Não tenha medo, minha preciosa... não farei mal a você! Juro-te, te acompanho até seus aposentos, se me permitir!

Sem dizer nada, continuei a caminhar, na direção de onde me lembrava ser a porta, na certeza de que ele desistiria de tal idéia, sentia seus passos a me acompanhar, em silêncio.

Ao chegarmos a saída, ele vira-me e beija-me, como jamais imaginei ser beijada um dia, um beijo terno, quente... que mesmo sem querer, fez meus instintos de fêmea aflorarem, entreguei-me a aquele beijo, e nem ao menos sei dizer o porque, sua mão fria, entre meus cabelos, causava-me uma sensação que não sabia identificar. Prazer.. medo... não sei.

Então quase que por instinto de sobrevivência, afastei-me daquele ser, o mais rápido que pude, saindo pelo corredor, em direção aos aposentos a mim destinados.

Naquela noite, não consegui dormir, meu corpo queimava como fogo, parecia que ouvia alguém me chamar, e uma necessidade imensa de encontrar o dono de tal chamado. Então sai, em busca do desconhecido. O silencio entre os aposentos era, rompido apenas, pelos trovões e raios, da tempestade que se aproximava ao longe, mas mesmo assim decidi seguir,como se houvesse perdido o controle, sobre meus pensamentos e desejos naquele momento, não me importava com a penumbra, ou com o frio.

Caminhei por corredores que realmente desconhecia, caminhos que jamais pensei em trilhar naquela faculdade, então me deparei com uma porta, era ricamente decorada, nunca havia visto algo assim, parei por um segundo, na indecisão de bater ou não, quando ela se abre a minha frente automaticamente entrei e ela se fechou assim que entrei naqueles aposentos.

O silêncio era supremo ali, estava tentando acostumar meus olhos com a penumbra do local, quando ouço aquela voz:

- Bem vinda minha adorada... Estava a sua espera!

- Quem é você? Como fez isso? O que quer de mim? Porque eu?

- Calma minha menina.... Uma coisa de cada vez, já disse... Não tenha medo de mim... Não te farei mal...

Nesse momento, ele se aproxima, seus olhos pareciam ainda mais prateados do que poderia me lembrar, só então notei, que no delírio de meus pensamentos, estava apenas de camisola, diante daquele ser, e instintivamente tentei encobrir meu corpo, ele pareceu notar.. e apenas riu... um sorriso lindo.

Então aproximou-se... me serviu uma taça de vinho, não costumava beber, nas mesmo assim aceitei, não queria ser mal educada. Algo nele me encantava, mas não sabia saber exatamente o que era.

Ele apenas observava-me, sem nada dizer, aquela situação já estava me deixando nervosa, o que estaria eu fazendo, nos aposentos de um desconhecido? Estaria louca? Já não sabia mais o que pensar, ele notando minha aflição, aproximou-se e disse baixinho.

- Não se lembra amada? Sou teu amor... sua vida...

Nesse momento, senti o coração gelar, aquela voz... tão doce... parecia conhece-la, mas não me lembrava de onde, e como poderia amá-lo, se passei a vida por entre livros?

Então ele tirou a taça de minhas mãos, depositando-as sobre a mesa, alisou meus cabelos.

- Vou fazê-la lembrar.... minha vida! Não tenha medo... não você! Amo-te!

Nesse momento, seus lábios se juntaram aos meus novamente, e me rendi, sem pensar no amanhã, nem nos risco que estaria correndo naquele momento.

Sentia o desejo de tua alma, mas quando toquei-o, notei que seu coração não batia, tentei me afastar, então ele segurou-me com mais força, naquele momento sabia, que o que eu havia feito, não teria mais volta, estava a mercê daquele ser, fosse ele quem fosse. Apesar do medo, meu corpo reagia a ele, como se precisasse disso para viver ou morrer.

Então.. ele desatou o laço de minha camisola, e ela lentamente caiu ao chão.

- És linda minha adorada!

Então, beijava-me lentamente os ombros, suas mãos percorriam milimetricamente meu corpo, e aquela sensação da pele fria dele sobre a minha me deixava, totalmente a mercê dos desejos dele, já havia perdido o controle de tudo naquele momento.

Desabotoei, lentamente sua camisa, desejava sentir aquele corpo próximo ao meu, ele era lindo... dominava-me de uma maneira que jamais nenhum outro conseguiu.

Então ele pegou-me em seus braços, e deitou-me em sua cama, meu corpo reagia quase que instintivamente a cada movimento dele, o toque de suas mãos, seus beijos, estava realmente perdida, apesar de ser virgem... me entreguei a desejo que me invadia, quando notei.... parecia que minhas mãos haviam criado vida própria, tocava-o como jamais imaginei tocar um homem um dia.

Naquela noite, ele me fez mulher... parecia que sempre pertenci a ele, e adormeci nos braços daquele desconhecido.

Quando despertei... estava em meus aposentos, em minha cama. Mas como? Teria apenas sido um sonho? Não podia ser... era real demais para ter sido apenas um sonho.

Olhei ao redor, tentando entender o que acontecia, então pensei... deve ter sido apenas um sonho mesmo, por um segundo me senti frustrada. Então fui me banhar, a água quente me ajudaria a despertar, e esquecer o que havia acontecido, talvez me sentisse melhor depois disso. Quando retorno ao quarto, vejo um bilhete sobre a escrivaninha com uma rosa vermelha.

“ A noite foi maravilhosa minha amada... sou real... não se esqueça disso!” E estava assinado simplesmente Lord V.

Senti o rosto corar, então foi real, mas como voltei aos meus aposentos?

Resolvi ir para a aula, já estava atrasada, mas os acontecimentos daquela noite, não saiam de meus pensamentos, então após o termino das aulas, tentei encontrar os aposentos nos quais supostamente teria passado a noite, ao lado de um desconhecido, mas nada... tentei me acalmar, como seria possível isso? Então, pensei.... mas foi tão real... peguei o bilhete, li novamente, então soube, foi real, um segredo que será mantido eternamente em mim.

Então a cada anoitecer, espero que ele retorne, porque sei que ele irá voltar, se apossar do que lhe pertence... mais uma vez!

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 31/05/2012
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T3698050
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