O RETORNO DO CAVALEIRO VAMPIRO - PARTE I

Para lhes contar essa história, é preciso que retornemos alguns séculos atrás, quando ainda era filha do mais poderoso de todas as terras.

Como sua única filha, estava sendo treinada para assumir todas as obrigações exigidas pelos nossos domínios, mas não era feliz, mesmo sabendo que um dia seria a soberana, algo me faltava, mas não sabia exatamente identificar o que era. Participava atentamente de tudo que meu pai solicitava, apena para agradá-lo, sentia-me como se presa em uma gaiola de ouro, talvez esse seja o preço da imortalidade e do poder de minha raça. Não sei...

Éramos senhores de nosso mundo, humanos nos reverenciavam como deuses, apesar de não saberem quem realmente éramos, pois fazíamos questão de ocultar isso, e assim mesmo nosso castelo vivia sempre repleto de seres da noite e humanos, sendo esses alguns servos leais.

Em uma das recepções oferecidas por meu pai, uma em especial me interessou, não sei ao certo porque, mas minha curiosidade falava mais alto, hoje a noite, receberíamos os Cavaleiros Templários, honrados guerreiros , fiéis a suas leis, e agora a nossa espécie, diziam que eram idolatrados pelos humanos, então fiquei curiosa, mas como sempre teria de ficar apenas observando, não devia me aproximar, como meu pai sempre fazia, então mantive-me apenas em meu lugar, como um objeto de decoração, que meu pai orgulhava-se de exibir. Não gostava nada disso, ao cair da madrugada, dei um jeito de deixar o salão sem que meu pai me notasse, estava ocupado demais sendo venerado, então não daria por minha falta.

Ordenei a minha serva pessoal que preparasse minha montaria, queria ir pra longe dali, tentar encontrar minha paz. Quando estava pronta pra sair, notei alguns guardiões também já estavam prontos para me acompanhar, fique irada e disse:

- Hoje não desejo companhia. Não preciso de escolta!

- Mas minha senhora! Temos ordens de teu pai, para não deixar que a senhora deixe o castelo sem escolta!

- Dane-se. Também sou a soberana desse Castelo, e ordeno que fiquem! E quanto a meu pai, falo com ele depois, não se preocupem!

Dizendo isso, sai em disparada, o mais rápido que pude, meu cavalo e eu parecíamos um só, com o vento sobre nós adorava essa sensação de liberdade, ficar livre das muralhas do castelo, ficar livre com meus pensamentos, era tudo o que mais precisava.

Rumei para meu lugar preferido, minha caverna, ela era perfeita, estava escondida sob a queda d’agua , encontrei-a ainda quando menina, e fiz dela meu refugio, onde eu poderia ser eu mesma, sem títulos, sem honrarias da sociedade.

A lua estava linda, ainda mais linda do que poderia imaginar essa noite, era soberana sob o céu e sua energia era maravilhosa. Minha primeira providência foi me livrar de todos os adornos que revelariam quem eu era, queria ser apenas eu e não a filha do soberano dessas terras, então assim me fiz.

A brisa fira da noite me acalmava, trazia-me a paz que tanto desejava. De repente ouço a aproximação de alguém, então simplesmente fico alerta, esperando que o intruso se aproxime e encontre seu fim.

Era um Cavaleiro, o mesmo que havia visto no salão, mas o que ele estaria fazendo aqui ? Poucos conheciam esse lugar. Então apena observava-o em silêncio, ele realmente era lindo, teus olhos refletiam a luz da lua,e seu coração era sereno como a brisa da noite. Ao descer do cavalo aproximou-se e disse:

- Milade, espero que minha presença não a incomode!

- De maneira nenhuma, mas como chegou aqui?

- Segui a senhora, vi quando deixou o salão e se retirou do Castelo, queria ter a certeza que estaria segura, sem sua guarda pessoal, perdoa-me.

Nesse momento iritei-me, e mesmo sem querer disse:

- Não preciso de proteção! – disse mostrando a ele quem realmente era, deixando a mostra meus caninos afiados. – Sei como me defender... caso precise.

- Perdão... minha senhora... não quis ofendê-la. Sei que és poderosa, sua fama nessas terras, não deixa duvidas disso.

- Fama? – ri nervosamente. – Sou apenas a filha do soberano, respeitada e temida por todos como meu pai é e nada mais!

- És mais que isso minha senhora, és respeitada pelo seu senso de justiça e julgamento, ao contrário de teu Pai, que usa a força pra manter o poder!

- Certamente.. ele o é assim !

Nesse momento, tentei me acalmar, não queria ser a fera, embora sempre fosse muito impulsiva, mas essa noite queria apenas a paz e mais nada. Nos observávamos mutuamente, silenciosamente, então ele sentou em uma pedra, ao observar a luz da lua refletida sobre as águas, parecia tão distante, mas não conseguia ler teus pensamentos, era estranho, então disse:

- Qual seu nome Cavaleiro?

- Edward... Milade... a seu dispor!

- Lindo nome.... venha comigo... quero te mostrar uma coisa!

Dizendo isso, me dirigi as pedras, que davam entrada para a caverna proibida, como a chamava, ele apenas seguia-me silenciosamente,, mas podia sentir teu coração pulando, nervoso, como se fosse um animal, seguindo para o abatedouro, sabendo que seu fim estaria próximo.... e não gostava dessa sensação.

Quando entramos finalmente na caverna, pude notar seu olhar maravilhado, com tal descoberta, eu ainda tinha essa mesma sensação em mim cada vez que adentrava na caverna, ela parecia mágica, algo nela encantava, não saberia como explicar.

- O que acha? – fui logo perguntando.

- Perfeito minha senhora, um refúgio realmente perfeito, jamais imaginaria uma caverna por detrás da queda d’água.

- Que esse seja nosso segredo ! Poucos sabem da existência daqui e desejo que continue assim, tudo bem ?

- Claro minha senhora, como desejar!

- Mais uma coisa Milorde.... aqui não sou sua senhora,, sejamos apenas amigos... por favor!

- Como desejar....

E assim, nos tornamos amigos, e voltei a sorrir como a tempos não fazia, sentia-me livre, longe das muralhas do castelo, dos servos, das obrigações, poderia ser apenas eu e nada mais.

O tempo passou, e o soberano dessas terras decidiu dar morada aos Cavaleiros Templários, já que tinham lhe sido úteis durante muitos anos, então entre idas e vindas, eu me encontrava com meu adorável amigo Cavaleiro, e nossa amizade crescia. Já não conseguia disfarçar minha alegria na presença dele, mesmo nas reuniões maçantes que meu pai organizava não reclamava mais, apenas para estar próxima dele, sentir o cheiro dele já me deixava satisfeita, vez ou outra nossos olhares se cruzavam e sentia minha pele queimar como fogo.

Encontrávamos-nos sempre em meu reduto particular ao cair da noite, ele não se importava em saber quem eu era, e eu era feliz assim.

Mas a algum tempo os Cavaleiros Templários haviam partido para mais uma missão, a ausência de Edward me deixava nervosa, sentia-me presa, sem rumo, acostumei-me com a presença de meu amigo cavaleiro, queria que voltasse logo.

Era dia, todos estavam descansando, então aproveitei para sair, sem que notassem minha falta, voltaria ao anoitecer e tudo ficaria como está.

Dessa vez, não peguei minha montaria, não seria necessário, não iria para longe.

Deixei para trás, mais uma vez, os muros do castelo, estava livre, ao menos por algumas horas, então deixei meus pensamentos livres e caminhei para o centro da floresta.

Chegando ao rio banhei-me, suas águas me acalmavam, já que não havia ninguém por perto, tudo estava calmo e por um segundo, vi Edward tão próximo, seu sorriso teus olhos. Sentia falta dele, estava perdida em meus pensamentos quando ouço passos e uma voz, infelizmente próximos demais.

- Ora...Ora... Se não é a filha do grande soberano dessas terras! E sem escolta...

Levantei-me rapidamente, peguei meu punhal e disse:

- Exatamente Lycan! Mas não preciso de proteção! Sei me defender sozinha! Então.... Siga teu caminho..

Ele apenas riu e continuou a falar:

- Quanto será que vale a filha do soberano?

- Garanto que muito mais que você! – disse mostrando que estava pronta para enfrentá-lo.

Nesse momento ele deu-me um golpe atirando-me ao chão, e pegou meu punhal.

- Tola... Sei que o poder de sua espécie, só é mais forte a noite... Então... Vamos brincar querida!

Nesse momento, ele ergueu-me como se não fosse nada, e prendeu-me a uma árvore, com meu próprio punhal, sentia meu sangue esvaiar-se lentamente, enquanto ele ria, tentei livrar-me, mas havia ido fundo demais.

- Não vou matá-la... Ainda... Tenho planos prá você... Não se preocupe.

E retirou o punhal.

- Seu pai... pagará uma boa quantia, para ter sua única filha de volta! Irá comigo agora!

- Não !... Pagará com a morte, o que está fazendo... Sabe disso.... Eu mesma matarei você!

- Cale-se... Não está em condições de discutir isso agora!

Avancei sobre ele, e consegui atingi-lo com sua própria espada, fazendo ele se afastar... Nesse momento ele tomou sua forma de lobo e avançou sobre mim, derrubando-me, seu hálito era mórbido, dava-me náuseas, não conseguia me desvencilhar daquela fera, seus dentes afiados, estavam próximos demais de minha carne, apenas me defenderia daquela fera, quando ouço uma voz.

- Solte-a!

Era Edward... Mas como? Deveria estar longe. Mas estava feliz por ele estar ali. A fera imediatamente soltou-me e avançou sobre o Cavaleiro, temi por ele naquele momento, mas estava sem forças para reagir, sentia-me impotente, mas Edward, com um golpe perfeito decapitou aquele animal. Quando tudo terminou , então ele veio até mim.

- Milady. Tudo bem ? ... Pelos Deuses está ferida... Voltemos ao castelo imediatamente... precisa de cuidados!

- Tá tudo bem.... calma!

Eu sabia que logo estaria bem, graças a força do meu sangue, mas ele não... e estava assustado, então eu disse:

- Não ! Ninguém lá sabe de minha ausência, estão todos repousando, vamos para a caverna, lá estaremos seguros, existem mais deles por aqui e assim que sentirem o cheiro do sangue eles virão.

- Mas...

- Confie em mim...

Levantei-me com a ajuda de Edward e subimos em seu cavalo, que saiu em disparada rumo a nossa caverna, sentia minhas forças faltarem, mas estava feliz nos braços dele, me sentia protegida. Quando chegamos a caverna, ele ainda estava assustado, mas meus ferimentos bem melhores, então ele correu pegar água e quando voltou, mais nada existia, ele apenas observava, então eu disse:

- Falei que ia ficar tudo bem.. Não o esperava tão cedo... mas agradeço aos deuses por terem te trazido vivo.... e que loucura foi aquela? Enfrentar um lycan ?

- Cumprimos nossa missão, antes do prazo determinado, e decidimos retornar o mais rápido possivel, e senti um aperto no coração, e algo me chamava, então me separei dos meus, que a essas horas já chegaram aos domínios de teu pai. Não me contive Milade, quando vi aquela fera te atacando... não pensei em mais nada... Queria apenas salvá-la e mais nada...

Então ele se aproximou, tocou meu rosto delicadamente, sua carne era quente, e a minha tão fria e pálida, por um segundo tentei me afastar, mas me rendi aquele beijo, não sei bem ao certo porque, mas precisava disso.

Senti que realmente não éramos mais apenas amigos, tínhamos algo mais que isso, e mesmo sem querer isso me deixava aflita, eu era uma vampira e ele um cavaleiro, a vida em si nos separava, então disse:

- Não! Posso machucar você... e não desejo isso...

- Minha amada... não irá me machucar.... confio em você. Não tenha medo....

Sentia o cheiro do teu sangue, suas veias pulsando como se me convidassem para um banquete, seu coração acelerado... tinha medo de atacá-lo naquele momento, como eu tinha, pedia aos deuses que me mantivessem consciente, para que não fizesse nenhum mal a esse humano que tanto amava. Tentei me afastar instintivamente, mas ele segurou-me pela mão e disse:

- Venha.... não tenha medo... sei que não me fará mal, temos o que sentimos... Amo-te minha adorada vampira... E creio que é recíproco.... Então nada temo!

Nossos olhos se encontraram, então me vi refletida dentro dos seus, sua mão afastava meu cabelo, e lentamente, ele tornou a beijar-me, como se fosse o seu ultimo suspiro de vida, como se precisasse disso para viver, e eu sabia, ah como eu sabia, que precisava dele assim tão próximo, tão meu, então me rendi,a seus encantos.

Sua mão lentamente, deslizava pelo meu ombro, desatando lentamente a blusa que estava vestida, então ele tocou, onde havia o ferimento, e viu que nada mais existia, sei que ele não entendia, apenas sorriu, minhas mão lentamente, pareciam ter vontade própria, desatei sua camisa, deixando seu peito a amostra, era tão forte, sua pele bronzeada pelo sol, um “Deus” entre os humanos, ao tocar-lhe pude sentir teu coração batendo descompassado, parecia tão meu naquele instante, então docemente nos entregamos a aquele desejo que nos envolvia, a necessidade de possuir o ser em sua frente, suas mãos envolviam-me docemente, enquanto teus lábios descobriam lentamente cada parte do meu corpo, minhas unhas roçavam em suas costas, como se desenhassem lentamente sobre elas, senti o seu gemido, o seu desejo e isso me deixava ainda mais desejosa, queria-o apenas para mim, e acabei me entregando a esse desejo que me envolvia por inteira.

Delicadamente, deitou-me sobre sua capa, e como se esperasse meu consentimento, olhou-me bem no fundo dos meus olhos, antes de penetrar-me por completa e me fazer mulher, pela primeira vez, senti coisas que jamais pude imaginar, por um segundo, pensei que possuiria seu sangue, ali... mas me controlei, porque sabia que meu coração pertencia a ele e o dele a mim.

Não sei por quanto tempo, ficamos assim, entrelaçados, perdidos em nós mesmos, sei apenas que quando despertei, ele ainda dormia ao meu lado,olhei-o estava lindo, calmo, sereno, por um segundo tive medo, de tê-lo atacado, sem querer, mas isso não aconteceu. Então precisava tirar o cheiro daquele humano de mim, porque não seria seguro para ele, se descobrissem, mergulhei naquelas águas, pedindo aos deuses que jamais esquecesse esse sonho lindo. Descobri que amava esse Cavaleiro,e meu dever seria protegê-lo depois de tudo o que aconteceu. Então, deixei-o lá.. Adormecido, e retornei ao castelo, não antes de ter a certeza de que estava seguro, é claro.

Sentia-o vivo, em minhas entranhas, meus pensamentos estavam com ele, a todo segundo, mas teria de me controlar, porque meu pai jamais o perdoaria por isso, e não desejava a morte dele, tentei evitá-lo por alguns dias, mesmo sentindo que ele me desejava como eu o desejava, nossos olhares não negariam o que tivemos, eu sei disso. Evitava sair de meus aposentos, e quando requisitada para as reuniões, evitava aproximar-me daquele que tanto amava, seria melhor assim. Sei que ele jamais vai entender tal decisão, mas faço pelo bem dele e nada mais.

Certa noite, uma de minhas cervas leais, veio a meus aposentos, com uma revelação assustadora, meu pai sabia sobre nós...

Entrei em pânico, sabia que o mandaria matar o quanto antes, precisava salvá-lo de tal fim, então fiz o que jamais uma vampira deveria fazer, procurei a feiticeira, ela era poderosa, e somente ela poderia me ajudar.

Chegando a sua residência, ela já me aguardava, então expus o problema e ela a solução, embora não a perfeita, seria melhor a fazer. Naquela mesma noite, fui de encontro ao meu Cavaleiro, porque sabia, que mesmo sem a minha presença, todas as noites ele ia ao nosso reduto, na esperança de me encontrar. Chegando lá, vi-o sob a pedra, estava lindo, minha vontade era correr para seus braços, e dizer quanto o amava, mas me contive, então ele disse:

- O que houve? Porque me evita? Preciso de você...

Simplesmente calei-o com um beijo, e disse:

- Perdoa-me!

E imediatamente, o mordi, senti o gosto de teu sangue, tão quente, tão puro, mas não o matei, apenas dei-lhe parte de meu poder, a imortalidade dos meus, e o entreguei a feiticeira, que saberia exatamente o que fazer.

Depois dessa noite fatídica, tentei esquecer, retornei aos meus, assumi meu lugar, ao lado de meu pai, como soberana daquelas terras, enquanto ele, estava sendo tratado pela feiticeira, com a garantia que ele jamais se lembraria de tudo o que passamos, foi levado para terras distantes, onde recomeçaria uma nova vida, longe de tudo... longe de mim.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 27/05/2012
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T3690947
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