Sem sentido

Já era tarde da noite e eu não conseguia dormir antes das 4 da manhã havia uma semana. Então, eu colocava uma coleira no Pinha, meu cachorrinho, e saímos pela madrugada para escutar os ruídos noturnos. No entanto, nesta noite em especial, qual não foi minha surpresa, já quase na metade da avenida, descobrir um carro descendo vagarosamente em minha direção. Luz apagada; motor desligado... Bem, talvez só tenha acabado a gasolina ou qualquer coisa desse tipo, pensei. Afinal, não era isso que acontecia aos carros? Então continuei minha caminhada tranquilamente e esperei até que o veículo descesse.

Aproximou-se lentamente e parou, alguém abaixou o vidro e uma mulher, uma linda mulher, perguntou-me:

- O que acha de entrar no carro e dar uma volta conosco, rapaz?

Então eu pude vislumbrar a silhueta de um homem atrás do volante. Eu disse:

- Olha, obrigado pela gentileza. Mas talvez não seja uma boa ideia.

Apertei firme a coleira do meu Chihuahua e continuei a andar.

- Psiu – fez a mulher -, você não tem escolha.

E, dizendo estas palavras convidativas, a linda mulher mostrou-me uma arma. Uma arma típica de filmes de ação hollywoodianos. Estilo FBI. Pensei por alguns segundos nas parcas possibilidades; calculei a distância de uma corrida até a esquina mais a frente, mas... Ninguém possuiria uma arma daquelas se não soubesse usá-la. Então, relutantemente, abri a porta e entrei no veículo. O homem ao volante acelerou por um longo caminho sem dizer palavra. Não ousei abrir a boca. A mulher, a linda mulher, permaneceu em seu estado estacionário-hipnótico olhando para frente o tempo todo. Vez ou outra o homem olhava pelo retrovisor e encontrava meus olhos que, a esta altura, lacrimejavam.

Ok, Fui sequestrado, pensei. Quer dizer, ESTOU MORTO.

Chegamos a uma trifurcação da qual uma das entradas se estendia por um longo caminho de cascalho. Até aquele ponto eu havia consegui manter o controle e raciocinar: Bem, estas pessoas não estão com cara de serem psicopatas assassinas ou qualquer coisa desse tipo. Não me disseram absolutamente nada. NADA. Que pretendem? Não há possibilidade de chegar a uma resposta plausível; não me ofereceram sequer qualquer diálogo...

Porém, quando vi aquela escuridão e toda aquela extensão de estrada de terra esburacada e árvores e tudo, fui obrigado a saber o porquê da minha morte iminente.

- Ouçam... Que diabos querem comigo?

Ninguém respondeu.

Andaram mais alguns quilômetros e por fim pararam bem no meio daquela escuridão. Ambos desceram do carro. A mulher foi ao porta-malas e pegou qualquer coisa. O homem veio até a janela em que eu estava e disse:

- Pegue o carro e volte para a cidade.

Minhas mãos tremiam.

Eles enveredaram numa trilha no meio de umas árvores e ervas-daninha.

Dirigi a toda velocidade de volta à cidade e fui direto a delegacia.

Eu disse, “aconteceu isso, isso e isso. E isso”. O delegado pediu para que os guardas se retirassem e então ficamos a sós (Eu segurava Pinha no colo). O delegado disse:

- Olhe diretamente para a luz deste aparelho. – e retirou uma espécie de lanterna quadrada de uma gaveta. Olhei sem relutar.

O fleche me cegou por alguns segundos, no entanto, voltei para casa e dormi o resto da noite tranquilamente.

JimMorrison
Enviado por JimMorrison em 29/03/2012
Código do texto: T3582132