RETORNO A CASA DE VIDRO

Uma semana havia se passado, desde a última noite passa ao seu lado meu Doce e amado Conde, e não havia tido noticias nenhuma, estava começando a ficar apreensiva, o que estaria acontecendo entre as paredes daquela casa. Então solicitei que meus servos, fossem até lá, descobrissem o que havia de errado, porque podia sentir que algo não ia bem, pois naquele momento não poderia me ausentar de meus domínios.

Ao retornarem me informaram que ela estava vazia, apenas sentia-se o cheiro da morte naquele local, e que não tinham noticias do Conde. Ordenei, que todos se retirassem para seus aposentos, tinha quase certeza que ele viria atrás de mim. Podia sentir sua ira, a fúria de tua alma, então decidi aguardá-lo no local onde nos encontramos a primeira vez.

Ordenei que preparassem meu cavalo, pois logo ao anoitecer partiria.... Pedi que mantivessem os portões fechados, e que ninguém, absolutamente ninguem adentrasse em meus domínios sem minha presença, para a própria segurança deles.

Quatro dias se passaram e apenas rumores eram ouvidos, sobre uma fera na floresta, fera esta, criada por mim.

Como me arrependo por isso, meu amor, foi mais forte que o meu desejo pelo sangue daquele anjo.

Preciso fazer algo, mas ainda não sei o que, voltarei para a casa de vidro, mais cedo ou mais tarde ele voltará, já que em meu castelo ele não apareceu.

Ao anoitecer já me encontrava na casa de vidro, esperava que ele retornasse, ser nenhum ficava tanto tempo longe de seu reduto, e tentarei atraí-lo de volta.

Já passava da meia noite, quanto senti o cheiro da morte, era ele, sabia disso, meus instintos estavam aguçados e podia sentir a sua aproximação, sua fúria, seu terror, um misto de sentimentos inexplicáveis, mesmo para mim.

De repente, ele entra, seus olhos estavam tão negros quanto a noite, podia sentir a escuridão de sua alma, mas porque? Se foi isso que ele desejou, então ele me agarrou pelos braços e disse:

- Olhe o que você me fez! Está feliz agora Condessa Drakon? Me tornei um monstro!

Tentei me desvencilhar, mas ele era forte demais e disse:

- Dei-lhe o que me pediu! Então não venha me cobrar nada!

- Não pedi isso, você sabe muito bem, Emini Drakon!

- Alexander!!

- Prá você Conde Alexander!

- Que seja... Conde Alexander, peço-te que me solte, não pretendo ferir você! Vamos conversar!

- Conversar?...- ele riu ... seu riso era assombroso, até para um ser como eu.

- Se acalme... sou tua amiga, sabe disso, confie em mim!

- Confiei! E o que você me fez? Transformou-me nisso que sou hoje!

- A transformação não está completa, você sabe disso! Eu posso te ajudar, estou aqui pra isso..

- Como ? Me aprisionando novamente? Não obrigado! Sei do que preciso também.. por isso te quero aqui! Teu sangue Emini Drakon... é tudo o que preciso agora!

Dizendo isso, ele afundou suas presas em minha jugular, sugando-me com a ferocidade de um Lobo, não me dando chance de defesa, a dor era quase que insuportável, sentia o ódio dele, era horrível essa sensação. Sentia-me morrer, lentamente, pelas mãos daquele que um dia tanto amei, talvez ele tenha razão, quem sabe assim tanto ele, quanto eu, encontremos nossa paz.

Quando ele me soltou deixa-me cair no chão, sentia-me fraca, mas não vencida. Então tenta me afastar dele, mas em vão.

Ele me pega, leva-me para seus aposentos, e deixa-me repousando em sua cama.Trancando a porta, para ter a certeza que não sairia de lá.

Estava confusa, minha mente doía, meu coração sangrava em silêncio, porque ele não me matou, estava fácil pra ele.

Deixei-me adormecer... mesmo sem querer, precisava descansar, tentar recuperar as minhas energias, sabia que não tínhamos terminado ainda.

Não sei por quanto tempo me mantive assim adormecida, sentia-o em mim, pude lembrar dos últimos acontecimentos, e senti-me perdida. De repente a porta se abre, era ele, estava lindo... seus olhos refletiam o luar, parecia ainda mais forte, a mutação estava completa, finalmente, meu amado havia se tornado senhor de si, finalmente, dominando seus instintos como ninguém, estava perfeito. Nos observávamos mutuamente, nem uma palavra, parecíamos feras acudas. Agora estava pronta para o confronto, me sentia mais forte, mas não queria machucá-lo, amava-o demais pra isso, esperava que ele se mantivesse distante e não me atacasse novamente, para nossa própria segurança. Então ele se aproxima lentamente, sem nada a dizer, não conseguia penetrar em seus pensamentos, como antes, parece que ele havia aprendido a me bloquear, finalmente... Mas podia sentir teu desejo, pelo meu sangue, mais uma vez, e fiquei alerta...

Por um segundo me vi refletida em seus olhos, finalmente éramos um só, uma só carne, um só sangue... então cravou suas presas novamente em mim, mas não com a fúria de antes, desvincilhei-me dele rapidamente, antes que alcançasse o frenesi típico de “feras” como nós, ele segurou-me pelo braço, e simplesmente disse:

- Dessa vez não... Duqueza... não fugirá de mim.....

- Não pretendo Milorde... sabe disso!

Meu coração batia descompassadamente, e ele parecia sentir isso, e vi um sorriso em seus lábios...

- Tens medo minha querida?

Não pude responder... parecia enfeitiçada por aquele olhar, que penetrava em meus pensamentos, em meus desejos e sentimentos, tão confusos naquele momento, podia senti-lo como jamais havia sentido antes.

- Teu sangue é tão doce e sagrado quanto o absinto minha amada, não fuja de mim.

- Não sou tua fonte de alimento, sabe muito bem disso! – disse furiosa.

- Eu sei.... quero bem mais que isso de você minha querida! Muito mais!

Nesse momento soube que não devia ter voltado a casa de vidro, não era seguro, ainda mais agora, que ele sabia de todos meus segredos depois de provar meu sangue.

Consegui me manter em uma distancia segura por alguém tempo, mas não por muito tempo. Ele calou-se e apenas observava-me, não sei o que esperava de mim naquele momento, temia pelo inesperado.

Calmamente, ele se aproximou, podia sentir teu hálito quente, tão próximo a mim, senti meu coração disparar mais uma vez, então o inesperado, um beijo quente, terno, como se meu amado e doce anjo, ainda estivesse ali, então me rendi, mais uma vez... esquecendo do medo e das conseqüências daquele ato.

Permiti me envolver por aquele momento, mais uma vez, sentia seu desejo, seu sangue pulsar, e agora eu sei... meu lugar é ao lado dessa fera, que me domina, me recria, amo-o e não vou mais fugir.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 07/03/2012
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T3540039
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