O SEGREDO DO CASCO DA TARTARUGA
O SEGREDO DO CASCO DA TARTARUGA
No início só havia o vazio, transbordando com infinitas
possibilidades das quais você é uma...Você é apenas uma possibilidade... O que está acontecendo agora? Por que estamos aqui? De onde nós viemos? Jamais saberemos...
O que está acontecendo agora, aconteceu há muito tempo. E o que vai acontecer, já aconteceu....
Existe uma realidade física que é absolutamente sólida, mas só começa a existir quando colide com outro pedaço de realidade física. Esse outro pedaço pode ser a gente, claro que somos parte deste momento, mas não precisa ser necessariamente ser.
O cérebro não sabe a diferença entre o que vê no ambiente, de suas lembranças. O mundo como observamos, o mundo que nos cerca...
Qual é o segredo da vida afinal?
Se tomarmos como guia a história, podemos presumir que muitas coisas em que acreditamos como verdades sobre o mundo podem ser falsas.
Estamos presos a certos preceitos e não nos damos conta disso. É um paradoxo. É também uma possibilidade...
Desta forma, podemos afirmar que todas as histórias partem de uma possibilidade do que seria o real conforme salienta a narrativa a seguir:
Era uma vez uma menina de ar misterioso, jeito frio e muitas vezes distante e melancólico , beleza misteriosa e olhos penetrantes que de tão bela e misteriosa, as outras crianças a comparavam a uma fada, uma bruxa ou qualquer uma outra personagem metafísica que os adultos pensam que não existe.
Na verdade, ela era uma menina real, uma menina como uma flor- Flôr- Violeta.
Logo que aprendeu a falar, aprendeu a ler e da leitura veio as descobertas.
Um dia, quando estava folhando um livro deparou-se com a palavra uma palavra diferente - “réptil”.
Então ela dirigiu-se a seu pai e lhe perguntou, espantada:
- Papai, o que é um réptil?
- procure no dicionário minha filha, lá você mesma irá descobrir.
Procurou no dicionário e surpreendeu-se com o significado: “animal que se arrasta”.
Pensava, até então, que réptil tinha a ver com rapidez e era justamente o contrário.
Seu pai riu do seu espanto e disse que as tartarugas também eram répteis.
Então, de repente, o pai lhe sorriu, mas falou-lhe, ainda, com um ar de mistério:
- Uma lenda chinesa afirma que Deus escreveu o segredo da vida no casco de uma tartaruga.
De olhos arregalados Flôr-Violeta argumentou:
- Mas, Papai como poderia ter Deus usado o casco da tartaruga como se fosse uma folha de papel?
O pai, encantado com o interesse da filha, acrescentou que aprender a ler nos livros era apenas o início da longa jornada do conhecimento.
Disse que, com o passar do tempo, a filha conseguiria ler no rosto de uma pessoa a história de sua vida.
Que bastaria observar os olhos de um amigo para ver se neles brilhava, ou não, a felicidade.
Que, um dia, ao tocar nas mãos de um homem do campo, seria capaz de conhecer seus sofrimentos.
A menina não se ateve às novas argumentações do pai.
Ela era mesmo uma menina muito curiosa.
Queria deveras conhecer o segredo da vida.
Por isso, começou a interessar-se pela vida das tartarugas.
Pesquisou, leu e aprendeu muito.
Com o passar do tempo, a menina passou a reconhecer as espécies e suas principais características.
Sabia onde era possível encontrá-las e que ameaças a maior parte delas sofria.
Quanto mais estudava, mais a menina se convencia de que realmente poderia descobrir a escrita de Deus naquelas criaturas.
Elas tinham carapaças misteriosas, com desenhos estranhíssimos, círculos coloridos, arestas longitudinais.
Algumas até pareciam mais uma pintura.
Um dia, a menina cresceu e tornou-se um especialista em tartarugas.
Sabia distinguir uma adolescente de uma adulta e conhecia muito a respeito da desova das espécies marinhas no litoral.
Com o passar do tempo, porém, ela descobriu uma coisa muito importante.
Deu-se conta de que, assim como ela procurava o segredo da vida no casco das tartarugas, havia outras pessoas que buscavam a mesma coisa em lugares diferentes.
No pulsar das estrelas.
No canto dos pássaros.
No silêncio dos olhares.
No cheiro dos ventos.
Tudo que o cercava, afinal, podia ser lido.
Então, ela lembrou-se das palavras de seu pai e uma lágrima desceu de seus olhos. Ela crescera...
Somos todos um mistério? Somos todos um enigma? Certamente somos.