Aos céus.
A liberdade pedala rasgando. No corte de um ás de espadas, competição que atiça a corrida, choro que provoca a lágrima, nossa alma passeia por entre os obstáculos virando cartas e tornando curingas, toda transgressora, toda capaz de vencer e se dizer invencível.
A garota Malu é uma imprevisível carta zape impressa a catarse, pronta para sair da manga de si mesma, e inquieta para mostrar ao jogo de paciência que o mundo é sistema e ela é humana. Um ser infinitamente superior. O ás do ser humano livre é o A de atitude, apontado para o topo na formação guerreira de uma revoada.
Suas mechas loiras dançaram lindas labaredas de guitarra a cada volta no aro de sua bicicleta baixa, impossível de conter. Os motoristas dos carros passados se assustavam e punham a cabeça para fora acreditando estar no direito de xingar “motoqueiro filha-da-mãe”, e eram então calados pela imagem da garota bicicletando mais rápido do que se podia digerir, tamanha garra.
Enquanto percorria o interminável caminho do centro ao norte de sua vida, justificava a si mesma a loucura de rodar tal trajeto de bicicleta pela sua autêntica filosofia de iniciativa.
Seus sonhos não seriam trazidos às mãos dela sozinhos se ela apenas esperasse. A regra dada por si mesma era que fosse sensata, paciente, mas a exceção era também que pudesse ser o que fosse preciso dado o ambiente desafiador. Poderia ser Rômulo ou Remo, invasora ou invasiva do próprio reino, caso estivesse do lado de fora ou do lado de dentro dos muros de sua alma. Assim, Maria Luiza, ou Malu, realizou-se a VOAR. E voou.