Apenas um na multidão
Todo dia, sentado em um monte de nada.
Sentava e olhava, nada falava. Não pertencia ao presente, e vivia em um mundo paralelo. Contava os dias, mas não sabia as horas. Era triste, pois não conhecia a felicidade. Era pacato e não se movia.
Esperava por alguém, apesar de nunca ter visto ninguém. Se deu conta de que era apenas um pequeno grão de areia no deserto. Inábil, desamparado. Perguntou ao vento aonde estavam todos, pois se sentia muito sozinho; mas sabia que entre os outros, também se sentiria só. Então sentou... e ali ficou. Até que um dia o Sol viu que não valia de nada iluminar aquele deserto, e queimou tudo. Queimou tanto que o grãozinho não aguentou.
Esfarelou, e ninguém notou.