Uma peça de museu

O menino de oito anos olhava ansioso para a professora a sua frente. Ele tinha levantado o braço, e estava de pé, já há algum tempo, esperando, a hora de falar, até que leu o consentimento no olhar da professora.

- Professora, eu me sinto muito importante, ontem fiz uma verdadeira descoberta arqueológica lá em casa.

A professora respondeu: - E o que foi que você achou?

- Uma verdadeira peça de museu. O fóssil de uma lagartixa, que deve ser descendente dos grandes dinossauros.

- Compreendo... Traga amanhã para vermos juntos.

- Não vai dar, pois esta peça é única, e pode se desfazer durante o trajeto. Prefiro deixar lá em casa mesmo. O museu já está sendo preparado para receber meu achado. Vai ter de tudo um pouco. Peças de brinquedos quebrados, bonecas sem pernas ou sem braços que foram da minha avó, e tantas outras coisas que estão guardadas a sete chaves no terraço da minha casa.

Tentando trazer a turma para o momento presente, a professora falou em voz bem alta, para acabar de vez com o tumulto: - Abram os cadernos e comecem a escrever , a partir de agora vou dar um teste surpresa, valendo nota começaremos por um ditado: 1) dinossauro, e) tiranossauro, 3) urso polar ártico. E continuou ditando, quando chegou na centésima palavra, estava exausta e sem ideias para por em pratica. Levantou os olhos do caderno onde estavam anotadas as palavras e viu que para a classe inteira, ela não os convencia e ficou ali sentindo-se como uma lagartixa seca, uma peça de museu.