O MENINO

Eu me projeto para onde está meu grande amigo e mestre Lyan.

Como de costume ele sorri, deixando claro em sua face, a passagem do conhecimento e o brilho de sua própria sabedoria.

Gosto muito de estar com ele, pois aprendo cada vez mais.

Assim que o encontro, pergunto:

___ O que faremos hoje?

Olhando para o deserto resplandecente, ele responde:

___ Iremos para um lugar especial. Daqui a pouco a noite chegará e nos cobrirá e antes que eles cheguem quero que contemple um quadro muito importante para seu mundo.

Imediatamente, após suas palavras, a curiosidade toma conta de mim.

Minha mente, atenta e arguta, aguarda ansiosa o próximo passo enquanto meu coração transborda de alegria.

Alguns minutos se passam nesta dimensão!

Espero o sinal.

O Sol vai se pondo e sussurrando: "Amanhã, eu volto....amanha eu..."

A brisa recebe-nos acariciando nossas faces e transmitindo a pureza de ser.

Então, o mestre diz:

___ Segure minha mão que vamos nos projetar para um tempo longínquo.

Sem precisar repetir, seguro a mão direita dele.

Fecho meus olhos.

Entramos num túnel radiante.

Muitas coisas passam por nós sem que se tenha tempo de ver ou observar.

Deixo-me levar.

De repente, sinto cheiro de poeira.

Ouço Lyan dizendo:

___ Abra seus olhos agora!

Meus olhos se abrem naturalmente como se viessem de um sonho.

E se deparam com um céu escuro e uma única estrela tão brilhante quanto o brilho de um perfeito diamante.

Ele aponta para o céu dizendo:

___ Eis o sinal. Vamos até lá.

Meus pés tocam uma terra amarela e suave.

Noto que uso sandálias.

Uso uma túnica antiga, surrada pelo tempo.

Meu corpo tem muita disposição para caminhar.

Entretanto, os passos parecem ser mágicos.

Porque, em um instante, tenho diante de mim, um quadro visto e conhecido em outro mundo.

Feliz, pergunto a Lyan:

___ Era isto que queria me mostrar, mestre?

Ele sorri enquanto seu olhar transmite-me profunda ternura.

Dando uns passos adiante, ele fala:

___ Venha mais perto.

Eu vou.

Cumprimento ao casal que se encontra em estado de graça.

A alegria em seus semblantes é pura e simples.

E aproximo-me do recém-nascido delicadamente enrolado por um pano de algodão.

É um menino!

O universo brilha inteiro em seu olhar.

O mestre fica satisfeito com o que vê.

Meus olhos não resistem, e, derramam sobre o lugar, gotículas que vem de minha alma, abençoada por este momento.

Não resisto e fecho-os.

Minha mente pára.

E, então, ouço este menino dizer-me:

“Fique em silêncio e saiba que EU SOU DEUS!”