Partida

O estranho mestre havia me conquistado. Com uma voz suave pediu para que eu mantivesse os olhos fechados. Obedeci. No principio nada de novo. Apenas o escuro natural. Aos poucos um grande olho vermelho ocupava o centro da minha testa, logo acima do nariz. No princípio estranho. Quem é o senhor? Minha última indagação. Depois não senti mais meu corpo e nenhum movimento, nem mesmo a respiração. Melhor, nenhum pensamento. Encontrava-me num completo vazio.

Um túnel em forma de espiral colorido se formou. Algo como um tornado em alta velocidade me sugou.

Subi em direção ao espaço. Fui parar num planeta de cor vermelha. Havia muita energia por ali. Parecia deserto. Repentinamente algumas crianças aproximaram-se e me levaram par um abrigo onde se comia pipoca. Confesso, euforia total!. Ali era só alegria. Interessante o líder não era um adulto e sim o menor deles. Depois da pipoca e do suco saímos para uma disputada partida de futebol. Tratavam-me como se me conhecessem há muito tempo. Algo como Tio. Não me importei quando fui escalado para goleiro.

Era muita alegria para ser verdade. O grande olho de vermelho passara para a cor azul. - um azul lindo e intenso E de onde eu estava via a terra e a lua. Chorei. Chorei talvez por estar em paz como nunca, ou por não entender nada do que acontecia. Geralmente temos medo do desconhecido.

A luz começou a diminuir e as crianças também. A última delas aproximou-se e me deu um forte abraço e desapareceu na escuridão.

Ouvi sem os ouvidos que meu mestre me chamava. O espiral era minha carruagem. Como num tobogã desci em alta velocidade. O que vi me chocou. Meu corpo misturado na terra ao lado de um lago totalmente inerte. O desespero quis entrar em cena, mas o estranho mestre me apertou em seus braços e partimos...