Relatos sobre espiões disfarçados de mendigo

Presoporfora.blogspot.com/2011/09/relatos-sobre.html

Já presenciei muitas coisas no decorrer de minha vida. “Morei” vinte anos na rua, agora sou fugitivo. Com relação a um morador de rua, acredito que deveriam atentar-se para aquela frase “as paredes têm ouvido”, embora na literalidade as paredes não a tenham é fato que moradores de rua o tenham, e mais, também temos olhos. Só que ninguém percebe esta obviedade, todos pensam que mendigos são loucos ou cachaceiros. Quem inventou esta tática, hoje em dia é uma lenda em nossa Agência. Primeiro pelo fato de ter inventado este conceito do mendigo-espião e segundo por tentar ressaltar em nossa Agência a aparência de louco ou alcoólatra aos agentes, pois faz realçar o desprezo nas pessoas para conosco, o que por sua vez dá margem para que criminosos de rotina e subversivos sintam-se a vontade em nossa presença. Cuidado com o que fala perto de um mendigo!

Você irá dizer que nunca ouviu uma história de que alguém tenha visto mendigo com celular? Nunca viu mendigo em pegadinha de TV que esteja pedindo esmola e de repente atende o celular? Eu sei que você já ouviu histórias deste tipo, sim. Sua cabeça agora deve estar dando nó. Infelizmente foram agentes, principalmente iniciantes, que deram mancadas e deixaram que os outros percebessem. Quando (no caso as pessoas que avistaram mendigos-espiões com celular) havia sido alguém que trabalhava, morava ou estudava por perto de onde o mendigo ficava, ou seja, uma pessoa que tinha sua rotina em torno da localização do “mendigo”, a Agência ao perceber que ela ficava retornando ao local para tentar observar, entender o porquê, por curiosidade o mendigo com celular, o que fazíamos é simples. Logo usávamos alguma agente, com aparência de cidadã comum, simulando acusação de roubo, acompanhada de algum policial, apontando para o mendigo que foi visto com celular. Muitos caem nessa, outros já dão mais trabalho que explicarei depois o que fazíamos.

Quando vemos alguém cometendo algum crime ou com conversa de teor subversivo, em prontidão ligamos para uma delegacia. Como eu já disse, todos se sentem em liberdade de tudo fazer em nossa presença. Ligamos para a polícia, dando o furo de informação, para ajudar na imagem e reputação da mesma. No entanto, no Brasil, com todo o esforço, essa missão nunca é de fato eficaz o bastante. A polícia nunca consegue estar com sua reputação em dia. Se tivesse boa imagem haveria possibilidade maior de controlar os cidadãos.

O que alguns pensam ser telefones em mãos de mendigos, são na verdade telemarines. Pode verificar, quase todo mendigo tem um, se não tiver é por que não é espião, este é mendigo de verdade. Os telemarines são aparelhos de comunicação diretos com submarinos que sem encontram em toda costa, em todo o litoral brasileiro. Tais submarinos estão divididos por áreas que, em forma de códigos chamamos de Capitanias Hereditárias.

Sobre a missão? É essa mesma. A de ajuda na imagem da polícia e das forças armadas e, a principal: desarticular planos de subversivos comunistas e anarquistas que podem fazer a cabeça da população, que resultaria numa tragédia para uma linhagem de nobres. Linhagem onde a Raça Superior A decide sobre o mundo e onde a Raça Superior B delega poderes em países e continentes em obediência a Raça Superior A. Contudo não se enganem, pois não são os presidentes dos países. Os presidentes são apenas fantoches que tem que dar a cara a tapa no lugar de que realmente manda. Não importa que os presidentes dos países tenham Bacharelado, Mestrado, Doutorado ou até mesmo que sejam analfabetos. Quem decide sobre a estrutura básica que move o mundo não são os presidentes, nem os blocos econômicos, mas sim esta linhagem. Linhagem esta que começou dominando o mundo sutilmente há mais de 6 milênios, desde a primeira onda colonizadora.. A Raça Superior A governa sem ser mandado ou coagido por ninguém e com todas as suas riquezas incontáveis e a Raça Superior B também governam com suas inúmeras e inacabáveis riquezas, porém tendo que acatar as decisões da Raça Superior A. Fazem isto sem problema algum.

Aqui no Brasil, como mendigos-espiões, desarticulamos todas as principais movimentações revolucionárias nas décadas de 60, 70 e ainda 80. Eu vivi isto de forma muito intensa. Não quero dizer que os mendigos-espiões na atuavam antes das décadas citadas, mas digo sobre esse período por que foi o tempo em que vivi no fulgor de minha profissão. Eu mesmo fui o responsável pelas informações que tiveram como fim a morte de Marighela e, não só esse, mas também muitos outros importantes militantes subversivos da ordem, dentre os quais após Marighela a morte de Carlos Lamarca.. Marighela não me enganava com aquela peruca ridícula. Já presenciei, e por anos, centenas de seus encontros no meio da rua. Nunca se atentou para minha presença. A não ser alguns Freis Dominicanos que com ele andava que, em vão, por pensarem que eu passasse fome, se dispunham a me alimentar e tirara da rua.

Talvez queiram saber onde dormimos. Normalmente, dormimos em hotéis exclusivos da Agência que se alguém for perguntar se há vagas sempre lhes dirão que não. Ou também em falsos albergues nas cidades. Você vê mendigos de noite na rua? Claro, como qualquer instituição de porte militar, existe plantões. Nem queira saber como fazemos para recrutar. Uma dica: começa nos colégios. Outra dica: crianças desaparecidas.

Quando por descuido, ou por furto ou assalto de pivetes perdíamos nossos telemarines, recorríamos a captações de som muito comuns em cidades: as lixeiras de poste! Chegamos perto delas e comunicamos e comunicamos em código a perda dos telemarines. O que acontece com os aparelhos que foram roubados ou perdidos? Logo que nos comunicamos com as bases através das lixeiras de postes, o submarino da CH (Capitania Hereditária) mais perto, ativa um mecanismo que faz com que exploda o objeto, isto é, o telemarine perdido ou roubado em pouco tempo. Algumas coisas indesejáveis já aconteceram nestas pequenas explosões, mas é preciso que seja exterminado, senão pode acarretar na descoberta da agência. As lixeiras captam muito bem nossas vozes. Cidadãos, tenham muito cuidado com o que venham a dizer perto das lixeiras de poste. E se um dia acabar por flagrarem um mendigo falando ou cutucando uma lixeira de poste, que é algo que se vê muito, após ter lido esta carta finjam que pensam que eles são loucos, pois até mesmo ao fazer uma expressão facial de como quem sabe de algo, pode estar sendo vigiado e correrá perigo. Os mendigos-espiões quando precisam usar lixeiras para comunicação costumam fingir estar procurando latinhas de refrigerantes.

Aos que apenas desconfiam de haver algo de estranho, mas que não sabem quem somos de fato, apenas simulamos algo para tapear, como a simulação de acusação de roubo, entre outras, na qual eu já havia falado. Quando percebemos que alguém sabe mesmo, ou está prestes a descobrir quem somos, o enfiamos em alguns de nossos manicômios em ilhas das forças armadas brasileiras. Ilhas estas que chamamos cada uma de “Ilha Behavior”, acompanhadas de seus números, que fazemos para saber onde fica a região de acordo com os números. No Brasil devemos ter umas 15. A “Ilha Behavior1” foi a primeira e que existiu como única até a 1ª década do séc. XVIII. A demanda aumentou após a Guerra dos mascates em 1710, por isso a Agência foi criando outras “Ilhas Behaviors”. Mesmo assim até o final do Séc. XVIII 4 Ilhas não foram o bastante. Revoltas e mais revoltas continuaram a surgir. Os que entram, entram com sanidade nos manicômios e se saem, saem loucos. A maioria dos psiquiatras, psicólogos e neurologistas nada ou pouco entendem sobre o caminho em direção a sanidade, todavia todos eles conhecem perfeitamente os caminhos para a loucura. O centro psiquiátrico mais conceituado é o “Lar Skinner” e após a “Casa Kenneth MacCorquodale”. Dois principais centros psiquiátricos secretos que direcionam os subversivos e inocentes que nos descobrem, para as “Ilhas Behaviors”. Muitas pesquisas das universidades públicas são encomendadas por esses centros psiquiátricos.

Tenho meus motivos para revelar tudo isso. Quando a população ler este relato provavelmente eu já tenha sido assassinado ou esteja em alguma "Ilha Behavior". Não sou ingrato, mas é que descobri que eu não assegurava a liberdade, como eles diziam quando eu trabalhava para essa agência, porém percebi que eu privava a liberdade humana. Para mim era assim que o mundo funcionava, era necessária esta ordem, essa pirâmide, pois eu pensava que se não fosse assim, o mundo viraria um caos.

Se um dia vocês perceberem a ausência de mendigos nas ruas, de baixo de marquises, bêbados e loucos, ou é porque o país não mais precisa de nosso trabalho, pois não há risco de perca de poder das Raças Superiores A e B sobre esses países ou simplesmente por que já perdemos todo poder como em Cuba, Coréia do Norte. Algo que raramente acontece.