Lembranças de morrer
Não me lembro daqueles dias nebulosos. Pois as sensações eram bem confusas naquela época, sim, elas eram desconexas e desprovidas de contorno. Os meus pensamentos divergiam tanto. Às vezes parece que eles nunca sequer existiram.
É, eu sei, isso pode ser/parecer deverás relevante, eu já sei, todavia, gostaria de ter feito tudo diferente, não, isso não quer dizer que o meu pensamento pudesse mudar aquelas lembranças dolorosas. Algo dentro de mim me esclarece continuamente que nada poderia mudar os fatos de meu passado. Nem um milagre mudaria tais lembranças. Lembranças de morrer antes de vir a nascer. Lembranças de outras vidas.
Talvez, apenas os significados delas fossem modificados; escrever um pouco a cerca das minhas funestas recordações, de um tempo obscurecido em minha mente me acalma os nervos. Deve haver alguma razão para rememorar tais coisas. Porém, eu desconheço totalmente essa razão. Enquanto isso, o meu relógio biológico continua emitindo ruídos abafados para o meu inconsciente deturpado.
Algumas lembranças ficaram, outras foram se apagando da memória. As infelizes se tornaram parte de minha persona, descaradamente. Cada pedaço desta minha existência sente a dor por aqueles dias tão encharcados de tristeza e aflição, cada retalho ou fragmento recordado é parte daquela minha estranha obsessão pela morte. Eu posso até afirmar que naquele período de minha vida só a percepção da morte me alegrava. Hoje em dia não consigo sentir alivio ou alegria ao pensar na morte.
Que grande falta de sorte!
(Veja: http://alucinantes-lacinantes.blogspot.com/2011/09/lembrancas-de-morrer.html)