O RECOMEÇO

Mais uma noite, fria , densa.. solitária, entre as colunas do meu castelo. E mais uma vez sigo para aquele mosteiro, ao qual exterminei todos os moradores, exceto um. E nem ao menos sei o porque.

Desde que ele partiu, volto lá todas as noites, e ainda posso ouvir os lamentos de seus antigos moradores, lamentos esses cravados em suas paredes tão sombrias, para os moradores dessa região ele se tornou amaldiçoado, por isso permaneço, lá nas noites de lua cheia.

Se eles soubessem a fúria que despertariam, jamais teriam mandado ele embora daqui, destrui a todos, e pelos deuses, não me arrependo por isso, saboreie cada gota de sangue daqueles idiotas e toda a sua fé, em algo que não tinham convicção.

Tornei-me ainda mais fera, ainda mais sanguinária, muito mais do que eles podiam imaginar, e destruí a todos, com a fúria da loba e o desejo da vampira, nem eu mesma posso me reconhecer, mas gosto do que me tornei, mostrei a todos, que ainda sou a mercadora da morte.

Estava aqui, no mosteiro, em completo silêncio, perdida em meus pensamentos, quando ouço o trotar de dois cavalos se aproximando, rapidamente escondo-me por entre as ruínas daquele lugar, e fico observando, quem seriam? Sangue fresco... Finalmente... Pensei. Mantive-me em um lugar seguro, onde não podiam me ver, e pude observá-los, eram dois, mantinham-se com suas capaz e capuzes, como era típicos dos monges daquelas localidades, esperei que adentrassem no monteiro, e se afastassem um do outro, estavam em completo silêncio, podia ouvir o coração deles, batendo descompassadamente. Assim que se separaram, decidi atacar o que havia ficado na sala. E em apenas um salto, já estava com ele sob meu poder, podia sentir o cheiro de seu sangue, e ver o pavor em seus olhos ao me ver. Quando vou mordê-lo escuto apenas uma voz:

- Não Emini. Não faça isso!

Imediatamente parei, nem sei bem ao certo, e olho para trás, era ele, Alexander, ainda estava vivo. Não queria que ele me visse assim, então desapareci diante os olhos dele, deixando aquele ser que amparava caído.

Imediatamente ele se aproximou de seu amigo e o amparou:

- Você está bem ? – disse ele aflito.

- Sim Alexander.... o que era aquilo? – disse o amigo ainda tremendo.

- Acalme-se, ela não te fará mal, eu sei disso. Vamos nos recolher, amanhã conversaremos.

E sendo assim se retiraram para os quartos do mosteiro.

Afastei-me dali, o máximo que pude, não pretendia que ele me visse como sou hoje. Então retornei para meus domínios, na companhia de meus lobos adorados.

A noite passou lentamente, podia senti-lo, seria mesmo verdade, que ele havia retornado para essas terras amaldiçoadas, e por que? Precisaria tomar cuidado de hoje em diante, para não me tornar a caça, daquele que um dia quase matei.

Tento adormecer e não consigo, dou ordem a todos, para que não deixem ninguém entrar em meu castelo, quero ficar sozinha, e assim as ordens são cumpridas.

Passo o dia todo trancafiada em meu quarto, perdida em meus pensamentos, querendo descobrir o porque ele voltou, talvez esteja querendo reabrir o mosteiro, só pode ser isso, tentava acalmar meu coração, precisava manter-me distante dele, o máximo o possível, sabia o risco que corria.

Era dia, e precisava descansar, porque a noite, precisava sair, me alimentar, saciar a sede novamente, precisava estar pronta, para qualquer eventualidade, e com Alexander ali, tudo seria mais difícil, ele sabe quem sou.

Três dias se passaram desde os últimos acontecimentos, e o mosteiro parecia estar vivo novamente, estavam se reerguendo finalmente, mantinha-me em minhas terras, até descobrir o que realmente estava acontecendo, não estava pronta para enfrentá-lo, não agora.

Naquela noite, ele veio até meu castelo, escutei o chamado dele, escutava seus pensamentos. “Sente meu cheiro a distãncia.. eu sei... Você me deseja Duqueza... Você me sonda....”

Ele sabia que podia senti-lo a distância, e mesmo sem querer desejava-o mais que tudo, depois que o marquei, dei-lhe certos poderes... mesmo sem querer. E ele continuava.

“Vejo você entre as escadas de seus aposentos, sinto seu vulto misturado com seu cheiro”

Nesse momento uma brisa suave, entra pelas janelas, inundando e perfumando seus aposentos onde ele se encontrava, ele podia sentir o perfume dela no ar. Então ele escuta passos rápidos, como se alguém estivesse apressado ou querendo escapar, talvez por causa de sua presença, e seu coração dispara. E então ainda escuto seus pensamentos.

“Posso sentir um calor, e ao mesmo tempo um arrepio em minha nuca... é você... eu sei ... Emini Drakon é seu nome, conhecida como a Duquesa do Castelo...

Então ele decide falar:

- É você minha doce Duquesa... apareça... não fujas de mim! Não vou lhe fazer mal... sabe disso, o único mal que podia ter feito, era tê-la matado quando se alimentou de mim.

Eu apenas o observada, a certa distância, em silêncio, não confiava nele.

- Porque se afasta, quando tento entrar em seus domínios. Depois que me mordeu, eu sei que meu sangue mudou você, não és mais a mesma!

- Vá embora! Não tem nada que fazer aqui! Deixa-me em paz! Não quero machucar você!

- Está contaminada com meu veneno, ele é doce... mata aos poucos, sabe disso! Tão doce quanto o absinto em sua adega. Trago-te o antídoto!

Sentia minhas presas aguçadas, desejava o sangue dele mais uma vez, devia matá-lo ali mesmo, por desafiar-me dentro de meus domínios.

Então decidi enfrentá-lo, para ver até que ponto ele não tinha medo de mim. E saio detrás das colunas bem atrás dele, e digo:

- Muito bem Milorde... muita coragem adentrar em meus domínios sem ser convidado, a essa hora da noite, e ainda mais sozinho, venho que não aprendeu a lição da última vez!

- Saudações minha doce Duquesa, Só desafiando-a para que apareça, sabia disso! Porque não me procurou no mosteiro?

- Não havia motivos pra isso, o senhor sabe disso!

- Não mesmo? – disse ele desafiador.

- Meu senhor... você é o último dos moradores do antigo mosteiro, não devia vir até aqui, sabe disso, não ficará bem para sua reputação!

- Minha reputação... rs.... cuido dela... sempre, não se preocupe com isso!

- Afinal o que deseja aqui? Porque voltou?

- Voltei para reativar o mosteiro, fiquei sabendo o que aconteceu depois de minha partida, não devia ter feito isso!

- Eles mereceram... sabe disso!

- Não ... não sei... quer me explicar!

- Não há o que explicar... és o único que sabes quem sou... que ainda está vivo!

Eles se analisavam mutuamente, pareciam estudar cada passo, cada movimento dado um pelo outro, naquele momento ela se arrependia de não tê-lo trucidado naquela noite, não confiava nele, e ele sabia seu maior segredo, precisava saber o que ele realmente pretendia ali. Realmente uma coisa ele tinha razão, ela está diferente, depois de tê-lo mordido, alguma coisa nela, está mudando, mas ela não saberia dizer o que, então foi direto ao assunto.

- O que deseja realmente aqui Milorde? Uma promessa de que não atacarei seus pobres monges... A tem... Desde que eles não cruzem meu caminho. Tens minha palavra!

Nesse momento, já não tinha mais forçar, para resistir ao desejo daquele sangue quente, desejava-o mais que tudo, e assim o fiz, avancei sobre Alexander, com a certeza de que dessa vez, drenaria cada gota do teu sangue, até não existir mais vida naquele ser.

Quando avancei sobre ele, senti uma lâmina fria, em meu coração. E mesmo sem querer, soltei-o e desapareci, feito névoa. A guerra estava apenas começando, agora eu sabia disso.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 24/09/2011
Reeditado em 01/06/2013
Código do texto: T3238348
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