JUIZO FINAL
Está chegando o dia que civilização maia previu
O fim da vida terrena neste velho mundo
Por isso acordei disposto
Há viver minha vida toda
Em oitenta e seis mil e quatrocentos segundos
Abri a janela e vi um sol me dizer bom dia
Pensei se é mesmo o fim
Era o fim que eu queria
Se o mundo já acabou em água
Porque desta vez o mundo não acaba de alegria
Veio-me ao peito a ausência de amor
E a duvida pairava em mim como um neurônio perdido
Fazer amor é preciso, mas como fazer indeciso
Escolher a companheira ideal
Para idealizar a transa do juízo final
Pensei na Maria
Maria que o poeta dizia
Que sabia amar como outra qualquer do planeta
Mas me chegou Rosalina à mente
Menina que tinha mais que Ana e Carolina tinham
Mas como esquecer clara
Que amei como jamais amara
Que beijei como jamais beijara
Mas não me amou e nem foi tão clara
Ao dizer te amo declarou que o amor
Era um fio de faca que nos corta o peito
E sem ter direito logo nos separa
Optei por Lucimeire que por amnésia eu não me lembrara
Foi um amor suado de corpos molhados
Para um fim de mundo isso era tudo eu sonhei
E alcancei o mundo que adão largara
Depois do amor sonhado
E de viver a vida sempre tão regrado
Fui fazer loucuras
Para sentir na alma o que é ser notado
Fui usar meu tempo com meus filhos
Pois há muito tempo dediquei a vida só pra minha vida
Sempre fui incapaz de doar meu tempo
Para passar momentos com as minhas crias
Brincar de carrinho, soltar pipa
Brincar de se esconder, contar historias
Montar castelos de carta de baralho
Brincar de índio e jogos da memória
No espelho vi pela primeira vez
Um homem de gelo se derreter em lagrimas
Chegava à noite e com ela eu descobria
Que a vida inteira estar com meus filhos
O tempo todo era só o que eu queria
Mas o tempo do mundo havia se acabado
Se realizasse a dita profecia
Não teria noite, não teria dia
Não teria sonho, nem mais fantasia
Fim de todos os poetas, fim das poesias
Mas o sol solitariamente iluminaria
Cada ser sumindo mesmo em pleno dia
E o que dizer da terra, uma bola vazia
É deus corrigindo o erro antes cedo que tardia
Então se foi o sol, foi-se o dia
Só não foi o mundo que tantos queriam
E um dia após o fim do mundo veio o recomeço
Guarda o choro, guarda o lenço
Para o próximo fim por detrás do texto
Adeus triste fim do mundo que me trouxe a vida
Hoje é domingo
Porque não falar das flores
Que no fim do mundo eu ignorei
Olhei no meu jardim
E me deparei com um lindo jasmim
Então peguei meus filhos
E fomos todos juntos para ver o fim
Longe das loucuras que a vida emana
Só o fim que avistemos
Foi o fim do fim de semana
O mundo continua respirando por aparelho
Mas entre guerra e paz o amor resiste e a vida jamais reclama
(Mauricio Ife)
Contato:maumau_cezar@hotmail.com
Segundo o Calendario Maia o mundo irá acabar em 21/12/2012, então resolvi deixar meu testamento poetizado no meu re-cantinho.